
Pénélope Bagieu nasceu em Paris, em 1982. Estudou cinema de animação na Ensad e fez uma passagem pela Central Saint Martins de Londres. De volta a Paris, cria em 2007, o “Ma vie est tout à fait fascinante”, que numa tradução direta, significa “Minha vida é realmente fascinante”, um blog ilustrado no qual expõe sua vida cotidiana com um humor e uma graça que acertam no alvo, e você pode acessar clicando aqui. Com a publicação do blog em forma de livro, seu sucesso se expande para as livrarias, e Pénélope passa a fazer diversas ilustrações editoriais, trabalha para grandes campanhas publicitárias, desenha as aventuras de Joséphine e assina até uma coleção de lingerie. Em todos os trabalhos, Bagieu tem sempre uma maneira muito pessoal de dialogar com sua época sem se deixar enganar por ela. Uma morte horrível é sua primeira narrativa longa.
O primeiro volume de OUSADAS foi resenhado dois anos atrás, em 2018, e você pode ler o nosso texto aqui. Agora, Pénélope retorna com mais quinze retratos de mulheres que enfrentaram todos os obstáculos para viver a vida que escolheram para si, tudo com o espetacular traços e cores já característicos da autora. E como fizemos na primeira resenha, vou escrever uma pequena introdução de algumas dessas personagens que marcaram o mundo de alguma forma, assim você ganha uma prévia e interesse para comprar a HQ 😉
Vamos começar por Mary Temple Grandin e sua peculiar capacidade de interpretar os animais. Nascida em 1947, a pequena Mary enfrentava sérias dificuldades de ser entendida pelos adultos. Por causa de seu comportamento, ela foi submetida a vários exames e diagnosticada com Autismo de Alta Funcionalidade, ou seja, autistas com maior “funcionalidade” ou “capacidade” em relação a outras pessoas com o Espectro Autista. O capítulo de Mary mostra todas as dificuldades pelas quais ela passou desde a infância até a fase adulta, principalmente com relação ao preconceito e bullying de pessoas que não conseguiam compreender sua situação. E mostra como Mary revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros. Bacharel em Psicologia, com mestrado em Zootecnia e Ph.D. em Zootecnia, ela ministra cursos em universidades a respeito do comportamento de rebanhos e projetos de instalação, além de prestar consultoria para a indústria pecuária. Uma parte impressionante, é quando ela criou a “máquina do abraço”, uma engenhoca que pressiona o corpo humano como se a pessoa estivesse sendo abraçada, e isso a acalmava, assim como outras pessoas com autismo. Nos quadrinhos da vida de Mary, conhecemos muitos outros detalhes que demonstram a excepcional inteligência e compaixão que ela empregava em sua profissão e na sua vida.
Sonita Alizadeh nasceu no Afeganistão, em 1996, dentro de uma família numerosa, na qual as mulheres são consideradas um fardo financeiro. Em um país controlado pelos Talibãs, Sonita cresce no meio do medo, e aos 9 anos recebe a notícia de que sua mãe escolheu um marido para ela. Ainda que a idade mínima legal para o casamento seja de 16 anos de idade, muitas afegãs são casadas por seus pais quando bem mais jovens. Os quadrinhos do capítulo de Sonita, contam a vida dela até a fase adulta, e a leitura não é fácil, devido aos absurdos que ela precisou enfrentar e sofrer. Não vou contar aqui como aconteceu, você precisa ler para se espantar, mas hoje, Sonita é uma rapper e ativista que se tem manifestado contra os casamentos forçados de seu país. O sucesso veio, quando ela lançou o vídeo “Noivas para venda”, onde ela canta sobre filhas que estão sendo vendidas em casamentos pelas próprias famílias.
Nellie Bly viveu entre 1864 e 1922, e foi uma jornalista, escritora, inventora, administradora e voluntária em obras de caridade. A vida de Nellie na infância, foi marcada pelo falecimento do pai e pela violência do padrasto, além de precisar enfrentar o machismo da época para conseguir se destacar como pessoa e profissional. Como jornalista, Nellie focava seus textos na situação das mulheres que trabalhavam em fábricas, contra a vontade dos editores. Aos 21 anos, ela se mudou para o México e fez vários artigos sobre a prisão de jornalistas locais, o governo mexicano e a ditadura que reinava na época. Mas seus feitos mais conhecidos, são sobre o período em que ela se passou por louca para investigar denúncias de brutalidade e negligência no hospital psiquiátrico para mulheres em Nova York; e quando, em 1888, ela convenção seu editor a custear uma viagem de circunavegação do globo em 72 dias, simulando a viagem ficcional do personagem Phileas Fogg, do livro de Júlio Verne.
Mae Jemison nasceu em 1956 e um de seus muitos sonhos, era ter um telescópio, mas sua família não tinha condições financeiras para comprar um. Consumidora de quadrinhos e ficção-científica, ela ficava indignada por não existirem personagens interessantes que fossem negros ou mulheres. Os quadrinhos do capítulo de Mae, mostram como sua infância e adolescência foram marcadas pelo medo de quase tudo. Você também terá que ler para descobrir como Mae se tornou a primeira mulher afro-americana a ser admitida no programa de treinamento de astronautas da NASA e, em 1992, foi a primeira mulher afro-americana a viajar para o espaço. Ela também fundou uma empresa que desenvolveu um sistema de telecomunicações por satélite para melhorar os cuidados médicos nos países em desenvolvimento.
Em OUSADAS 2, você também conhecerá Cheryl Bridges, uma excepcional atleta; Thérèse Clerc, uma utopista; Betty Davis, cantora e compositora; Phoolan Devi, a rainha dos bandidos; Katia Krafft, uma vulcanóloga; Hedy Lamarr, uma atriz e inventora; e mais algumas mulheres, em um total de quinze, que quebraram, e ainda quebram, preconceitos. Perfis divertidos, tristes, empoderados, sensíveis, de mulheres que criaram o próprio destino.
E como hoje, dia 8, é o Dia Internacional da Mulher, nada melhor do que abrir uma promoção para presentear uma das incríveis, espetaculares, lindas leitoras do GRAMATURA ALTA com um exemplar de OUSADAS 2. Para participar, você só precisa ser uma mulher (sinto muito, garotos, vocês estão fora desta) e seguir as regras abaixo. Boa sorte e um excelente, perfeito, dia para todas vocês!
REGRAS
UM: Preencher o formulário de participação, sendo que existem entradas obrigatórias, que valem um ponto cada uma, entradas opcionais, que valem cinco pontos cada uma, e uma entrada diária opcional que vale cinco pontos a cada dia que voce fizer. Quantos mais pontos voce somar, mais chances tem de ser sorteado;
DOIS: Deixar um comentário neste post;
TRÊS: O ganhador precisa ter endereço no Brasil para receber o prêmio;
QUATRO: Após 08/04/2019, será feito o sorteio pelo formulário de participação;
CINCO: O prêmio será enviado em até 30 dias úteis, após divulgado o resultado. O blog nao se responsabiliza por extravios, danos ou roubos do prêmio enviado;
SEIS: O ganhador(a) terá 48 horas para responder ao e-mail de solicitação do endereço. Caso não responda nesse prazo, será desclassificado(a) e um novo nome será sorteado;
SETE: O blog GRAMATURA ALTA se reserva o direito de dirimir questões não previstas nestas regras.
RESULTADO
Elizangela Silva (@liz.lali08)
AUTORA: PénélopeBAGIEU
ILUSTRADOR: PénélopeBAGIEU
TRADUÇÃO: Renata SILVEIRA
EDITORA: Nemo
PUBLICAÇÃO: 2020
PÁGINAS: 168
COMPRAR: Amazon
Muito bom ler uma resenha dessas no dia de hoje. Uma data cheia de significados!
Não tinha ouvido falar do primeiro livro, foi uma surpresa. Gostei desse modo, várias histórias, várias narrativas em forma de quadrinhos.
Pessoas fortes com vidas muito especiais e diferentes, bom ter conhecimento de mulheres que por motivos diversos lutam diariamente por um mundo mais sensível.
Lindo!
Li uma Morte Horrível da Penélope e adorei seu humor, sua acidez e seus traços.
Ousadas 1 e 2 nos traz mulheres fortes, que mesmo com uma vida de muito sofrimento, lutaram e lutam por todas nós. E são assim uma fonte de inspiração.
Que resenha e que livro lindos para publicar neste 8 de março! que todes nós aprendamos com essas mulheres sobre como lutar por direitos iguais para homens e mulheres!
Quero muito, preciso conhecer mais estas mulheres.
Me recordo muito da resenha do primeiro livro e mesmo hoje em dia, somos as mulheres que somos, por conta das lutas constantes que essas e tantas outras mulheres tiveram por nós.
Há muito o que ser feito ainda, infelizmente. Mas estamos no caminho. Para também, dia a dia, luta a luta, fazer a nossa história!
Claro que quero né?
Beijo
Carl!
São personagens tão diferentes e tão inclusivos ao mesmo tempo, que tornam a leitura tão interessante, ainda mais sendo HQ que torna tudo tão lúdico e real para a leitura.
A questão da autista me chamou muito atenção bem como da Sonita Alizadeh.
Deve ser uma leitura sensacional.
cheirinhos
Rudy
Olá! Mais um baita livro que traz uma leitura para lá de inspiradora hein! Eu já tinha me encantado com o primeiro, agora nesse segundo temos mais histórias que farão qualquer pessoa (seja ela mulher ou não) ficar orgulhosa.
Lindo trabalho!
É preciso conhecer todas as realidades.
Essa HQ deve ser celebrada! Ainda temos tantas mulheres que não acreditam no seu potencial e com essas 4 histórias podemos ver que não foi fácil, mas cada uma delas acreditou nos seus sonhos/objetivos e lutou para alcançá-los, acredito que as outras 11 histórias são igualmente inspiradoras.
Beijos!
Além de trazer histórias para lá de inspiradoras, a edição do livro parece ser linda, um livro que certamente deveria ser lido por todos, ainda mais em tempos de quarentena neh!
Lembro de ter lido o primeiro livro dessa serie e fiquei apaixonada com a historia de uma rainha africana. Estou louca para conhecer as novas historias a serem contadas
Eu adorei a sua resenha, eu sou louca por esse segundo volume porque tenho paixão pelo primeiro! É uma obra que faz refletir a necessidade de empoderamento. Amo demais, inclusive, o traço da Bagieu!
Olá!
Um livro bem interessante e a forma da autora contar a vida dessas mulheres e suas batalhas no mundo para ter o seu lugar conquistado. Estou bem curiosa por ler e conhecer!
Meu blog:
Tempos Literários
Oi, Carl
Obrigada pela homenagem e a oportunidade de participar desse sorteio maravilhoso!
Não li nada da autora, fui visitar o blog dela que é massa.
Tenho certeza que vou adorar essa HQ com um misto de sentimentos ao poder ler a história das 15 mulheres que lutaram e ainda lutam para ter o seu lugar.
Estou super curiosa para ler sobre a vida de Mary Temple Grandin por ser autista e criar a máquina do abraço (muitos autistas devem estar sofrendo nessa quarentena ) e Sonita Alizadeh que pode mudar seu destino.
Beijos
Que resenha maravilhosa!! Me lembrei do livro Persépolis <3