Quem aí também sente saudades daqueles filmes infantis que eram mais assustadores que um terror? CONVENÇÃO DAS BRUXAS é, sem dúvida, um dos mais famosos, quando esse tipo de debate é iniciado. Baseado num livro do mesmo autor do clássico A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE, lançado em 1990, o filme marcou época. Trinta anos depois, temos um remake, dessa vez mais fiel ao livro e com um elenco de famosos, será que ficou bom? Vamos descobrir!

A trama segue um menino que perdeu seus pais num acidente de carro, agora ele mora com a avó e ambos fogem da casa onde moram, depois de uma bruxa tentar enfeitiçar o garoto. Eles seguem para um hotel de luxo, na esperança de ficarem em segurança, já que as bruxas geralmente só atacam crianças pobres. Lá, a relativa paz é quebrada com a chegada de um grupo de mulheres elegantes e esquisitas, que vão para uma reunião em grupo. Porém, depois de um dia normal de brincadeiras, o menino acaba se vendo preso no auditório, onde essa reunião das mulheres esquisitas irá acontecer. E de longe, o menino vê que as mulheres são bruxas horrendas com um plano maligno em mente, transformar todas as crianças do mundo em ratos. Resta para o garoto impedir que isso aconteça, mas fica difícil depois de ele mesmo ser capturado pelas bruxas e transformado num rato. Um ratinho contra um exército de bruxas, será que dá certo?

A produção é comandada por Robert Zemeckis, o mesmo de clássicos como FORREST GUMP e a trilogia DE VOLTA PARA O FUTURO. Então já da pra esperar um filme super lúdico, humorado, divertido e ágil. E de fato o filme tem tudo isso, junto com uma narração que pode parecer exagerada, mas que no final acaba se provando relevante. O filme de 2020 se difere da versão de 1990 em algumas sequências, como a fuga do menino do auditório e também no seu desfecho final. Mas, fora isso, ambas as produções são extremamente parecidas e partilham diversas cenas icônicas. Quem leu o livro diz que essa nova versão é mais fiel ao material original, disso eu não posso opinar, mas o que eu posso dizer, com certeza, é que o final da nova versão é corajoso e muito mais interessante que da versão de 1990. Deu um gás extremamente necessário para o filme, fazendo ele se destacar muito mais.

Porém nem tudo são flores. O filme, que nos Estados Unidos é um original HBO MAX, o serviço de streaming da Warner, chegou nos outros países nas mídias tradicionais. É de praxe que filmes para streaming ou para a TV tenham orçamentos menores e isso acaba se tornando uma pedra no sapato do novo CONVENÇÃO DAS BRUXAS. Os efeitos visuais são muito esquisitos e sem uma profundidade bacana, algo que a gente espera de um filme de estúdio pequeno. Não chegam a ser ruins, mas como o filme tem diversas cenas mirabolantes e grandiosas, os efeitos não conseguem seguir essa grandeza e acabam passando vergonha, principalmente nas cenas onde a bruxa líder está esticando seus braços.

O filme assume outra escolha infeliz, que dessa vez envolve a maquiagem. Uma das cenas mais icônicas da trama é uma onde as bruxas vão para a reunião, fecham as portas e, agora com privacidade, podem mostrar quem são de verdade. Bruxas horríveis cheias de rugas, manchas na pele, pintas e cicatrizes. Uma imagem realmente horrível e assustadora para crianças, mas essa nova versão aposta apenas em pequenas cicatrizes, bolhas e espinhas para a pele das bruxas. Elas permanecem carecas e dessa vez até tem menos dedos, algo que até gerou polêmica por meio que satirizar uma condição real que pessoas deficientes precisam lidar todos os dias. Mais uma escolha infeliz do que uma maldosa.

O filme é estrelado por Anne Hathaway, um desempenho super divertido, excêntrico e exagerado, mas no bom sentido. A personagem pede uma atriz espalhafatosa e a atriz entrega tudo isso e muito mais, ela consegue segurar o filme e não faz feio. A avó do menino é vivida pela maravilhosa Octavia Spancer, de HISTÓRIAS CRUZADAS, e novamente ela manda muito bem numa personagem companheira e que parte pra cima. O roteiro até dá uma pequena profundidade para a sua personagem e a atriz vai lá e expande tudo como sempre faz com perfeição. O protagonista é vivido pelo ator mirim Jahzir Bruno e também mostra muito carisma e energia em cena, ele aparece pouco como menino, mas em seguida, seu trabalho dando voz a um ratinho também merece destaque.

Geralmente os remakes nunca dão certo, mas esse aqui acaba se destacando por reviver uma história tão divertida e única. É simples e não inventa a roda, mas é icônico e marcou época, merece, sim, mais uma chance de ser apresentado a um novo público, dessa vez mais fiel. O original também vale uma conferida, hein!, um filmaço delicioso dos anos 90 estrelado por Angélica Huston, lendária atriz que com certeza você irá lembrar dos filmes clássicos da FAMÍLIA ADAMS.


DIREÇÃO: Robert ZEMECKIS
DISTRIBUIÇÃO: Warner
DURAÇÃO: 1 hora e 46 minutos
ELENCO: Anne HATHAWAY, Octavia SPENCER, Jahzir BRUNO