O ARCO IRIS E O PRETO é um livro que se não tivesse me ganhado pelo conteúdo, teria com certeza me roubado uns bons momentos admirando a edição. Com desenhos lindos, que dão um charme todo especial aos poemas e outros textos, essa obra vem como uma enxurrada de verdades nuas que pousam sobre a pele com a delicadeza de um tapa, mas disfarçado quase que numa melodia.

Ele é um escrito brasileiro, que segue a linha de outros livros como o LIVRO DE RESSIGNIFICADOS, TEXTOS CRUÉIS DEMAIS PARA SEREM LIDOS RAPIDAMETO (resenha aqui) e OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA. Os textos são cirúrgicos e as palavras carregam em si uma força que permite ao leitor se sentir tocado e se reconhecer. É uma coletânea dividida em três partes sobre o ser mulher, sobre o saber se curar, sobre voz, lugar de fala, mas também sobre o amor, crescer e os medos que vêm junto. Enfim, sobre as diversas peças que compõem o quebra-cabeça infinito que chamamos de amor-próprio.

Nada é tão poderoso contra e a favor de você do que você mesmo.

O ARCO ÍRIS E O PRETO traz aquela maturidade para lidar com as situações, que é bem o retrato da desconstrução do conceito velado do sentir. Em outras palavras, ele prende no papel o que, por vezes, nos sufoca enquanto tentamos passar pelo turbilhão de sentimentos que nos afoga durante o processo desse “sentir”. Ele é um livro bastante curtinho, pouco mais de 70 páginas, com textos maiores e outros menores, que não passam de três páginas. Mas eu não recomendo ler todo de uma vez (ainda que ele tenha uma pegada bem fluida e fácil de ler). Ele é daqueles que precisa de uma pausa para respirar e digerir o que foi dito entre um texto e o outro.

É perfeitamente possível se ter em um ambiente um coração feliz e um coração doente. E, ainda que os contrastes sejam diferentes, a dor consegue passar despercebida.

Particularmente, o livro caiu como uma luva em tempo, conceito e espaço e é uma das leituras que guardarei com carinho. É daqueles que você recebe ao acaso, numa indicação sutil em meio a uma roda de conversa com amigos, e num dia qualquer se pergunta “por que não?”, e acaba se surpreendendo e sentindo um pouco bobo por não ter pegado para ler antes.


AUTORA: Anahí GABRIELLA
EDITORA: Pendragon
PUBLICAÇÃO: 2020
PÁGINAS: 80


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