Segundo o livro 1909/15 da paróquia de São João Batista de Jeremoabo, Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, nasceu no dia 17 de janeiro de 1910, no município hoje conhecido como Paulo Afonso, na Bahia. Mas, a partir da década de 1990, Maria Bonita passaria a ser lembrada todo dia 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher.
Ainda jovem, Maria se casou com o sapateiro Zé de Neném, mas ele era infiel, e Maria queria uma outra vida para ela. Quando Lampião ganhou fama, ela ansiava por encontrá-lo, o que realmente aconteceu, e eles começaram a namorar. Um ano após, aos 18 anos, ela foi embora com ele na garupa de um cavalo, e isso quebrou a tradição do cangaço e iniciou a fase em que os cangaceiros podiam levar suas mulheres junto.
A presença de mulheres tornou os bandos menos violentos, as ações passaram a ser mais seletivas e centradas na coleta de dinheiro. Nenhuma mulher podia entrar no bando sem já estar casada com um cangaceiro. Não era permitida traição, e se houvesse, a mulher era executada. Se o marido morresse, algumas viúvas foram mortas para não se tornarem um fardo para o grupo ou presas pela polícia. MARIA BONITA: SEXO, VIOLÊNCIA E MULHERES NO CANGAÇO é um compilado sobre como era a vida dos bandos, com destaque para dois casais: Maria Bonita e Lampião; Dadá e Corisco.
Os jornais de 1930, época maior das crueldades e ações espetaculares de Lampião, deram pouca importância para a esposa do cangaceiro. Maria Bonita começou a ganhar ares de mito depois de sua morte. Ao contrário de Dadá, esposa do cangaceiro Corisco, que morreria em 1994 e deixaria sua vida registrada em livros, filmes e entrevistas, a história de Maria Bonita é contada apenas pela palavra falada e passada.
Lampião abandonou os estudos aos 12 anos de idade para ser vaqueiro. Tornou-se conhecido por ser “amansador de cavalos e burros bravios” e pela familiaridade com os caminhos da região. Embora de pouco estudo, era exímio estrategista. Segundo ele próprio, entrou no cangaço em 1917 para vingar o pai, José, Ferreira, assassinado na cidade de Água Branca, Alagoas. O crime tinha sido encomendado pelas famílias Nogueira e Saturnino, do município pernambucano de Vila Bela, sua terra natal. Mas há contradições nessa versão, uma vez que seu pai faleceu em 1921 em decorrência de atividade criminosa. Ele estava escondido em uma fazenda, quando a esposa, dona Maria, faleceu vítima de infarto. Logo em seguida, José foi cercado pela polícia e fuzilado a queima-roupa.
As mulheres da época eram tratadas com violência, vítimas de estupro e mortes bárbaras. Entretanto, Maria era tratada com carinho e respeito por Lampião. Dadá, a esposa de Corisco, e Maria Bonita, não se davam.Dadá dizia que Maria era uma mulher muito chata. Considerava-a abusada, ranzinza, orgulhosa, metida a besta e barulhenta. Maria estava sempre ornada com algumas das melhores jóias que já tinham circulado pelo sertão. Ao contrário de Maria, Dadá não morreu quando o bando foi capturado, mas presa. Após cumprir sua pena, ela ficou conhecida por algumas músicas que gravou, além dos livros e filmes.
A obra relata de forma direta e sem qualquer censura, o que essas pessoas passavam, como elas deviam pensar, e os atos que praticavam. Principalmente como era a vida das mulheres e como a valentia destas mudou o cangaço. Algumas partes são terríveis, reviram o estômago. Como o fato de que elas ficavam grávidas com frequência, porque não usavam métodos contraceptivos e precisavam ficar disponíveis para seus homens. Assim que os filhos nasciam, eles eram dados a fazendeiros ou casais em cidades por onde os bandos passavam.
Em vida, Maria nunca foi conhecida como Maria Bonita, mas apenas como Maria de Déa, uma jovem de 28 anos que teve a cabeça decepada em 28 de julho de 1938 e que morreu sem saber que seria tão famosa como é hoje. Quando Maria Gomes de Oliveira morreu, nasceu Maria Bonita.
MARIA BONITA: SEXO, VIOLÊNCIA E MULHERES NO CANGAÇO é uma obra importante para se compreender, sem qualquer romantismo, a selvageria do ser humano quando em um ambiente tão cruel quanto ele próprio. Não há limites, apenas o instinto animal de sobrevivência e liderança. A edição traz algumas fotos da época, o que a torna ainda mais interessante.
AVALIAÇÃO:
AUTORA: Adriana NEGREIROS
EDITORA: Objetiva
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 296
COMPRAR: Amazon
Realmente um livro importante pra conhecermos mais da nossa própria história e dessa figura tão emblemática que é Maria Bonita.
Apesar da escassez de material a autora consegui escrever livro interessante real e sem a romanização do casal Lampião e Maria Bonita.
Eu acredito que tudo que é material, seja em cinema, literatura, que traga um pouco sobre a vida de “grandes mitos” que marcaram nossa história, seja muito válido!
O cangaço sempre despertou aquela curiosidade em muitos de nós e é sempre gostoso ler sobre o assunto, por mais coisas que já tenham sido lançadas.
Parece sempre tudo novo!
Maria se tornou uma mártir na luta por direitos e estava lendo estes dias de que as mulheres do cangaço tinham que entregar seus filhos, para que não “atrapalhassem” nas batalhas. Fiquei tentando entender o sentimento de uma mãe a fazer isso.
Com certeza, se tiver oportunidade, quero muito conferir este livro!
Beijo
Um bom livro para quem gosta de estudar e entender essa época, o cangaço e as mulheres envolta nisso. Talvez até para quem não goste seja importante, mas não é algo que eu leria.
Não tenho e nunca tive interesse em saber mais dessa época e nem das pessoas envolvidas, então não é algo que eu leria.
A edição realmente está bonita e achei legal as fotos da época dando ainda mais realidade para o leitor.
Olá! Gosto bastante desse tipo de leitura quer nos mostra um pouco mais do que aconteceu na nossa história e esse livro parece ser ainda mais interessante, por trazer uma história intensa, sem esconder relatos mais fortes, sem dúvida quero conferir. As fotos realmente deixam o livro ainda mais atraente.
O livro traz uma história bem interessante e que marcou nossa história. Poder conhecer mais da vida dessas mulheres que de certa forma, enfrentaram muitas dificuldades e preconceitos, apesar de estarem com qiem amavam, é uma lição de vida!!
Eu gosto muito de livros que retratam essa época do nordeste, e apesar de morar no mesmo não conheço toda a historia de lambião e maria bonita e esse livro e uma oportunidade de conhecer mais ainda a historia dos mesmos e principalmente de maria bonita que sua historia e pouco falada.
Oi, Carl!!
Acho bem interessante o lançamento desse livro que fala um pouco de mulheres no cangaço, e da mais famosa mulher no cangaço que foi Maria Bonita. Como gosto bastante da história do Brasil e principalmente do nordeste fiquei muito interessada em adquiri esse livro incrível.
Bjos
O que eu mais gostei desse livro foi ele trazer um ponto muito forte na cultura nordestina que a questão do Cangaço e da Maria Bonita principalmente do papel das mulheres no Cangaço e usar todas as história para fazer uma analogia muito complexa do que tá acontecendo na nossa sociedade contemporânea que mesmo com todo esse tempo as mulheres ainda tenham uma grande dificuldade em sua ascensão social