Quando vi GANTZ pela primeira vez em uma banca, reconheço que comprei apenas por causa da capa e da qualidade dos desenhos, que misturam traços à mão com computação gráfica, esta última presente, principalmente, nas paisagens e construções. E quando comecei a ler, fiquei na dúvida se não havia gasto meu dinheiro em algo que não iria ler. Isso porque o personagem principal, que é logo apresentado no primeiro volume, se chama Kei Kurono e é um garoto egoísta, inseguro, medroso, tímido, sem qualquer traço de personalidade que cative o leitor. Ele está no metrô e encontra, acidentalmente, Masaru Katou, um amigo que não via há anos. Ao invés de cumprimentá-lo, prefere fingir que não o viu. Isso até um bêbado cair nos trilhos do metrô e Katou pular atrás para ajudá-lo a sair. Nesse momento, Kurono decide ajudar. Conseguem tirar o homem, mas eles mesmos não conseguem sair e o trem passa por cima dos dois.

Não, o mangá não termina aí 😉

Eles vão parar em uma sala de um apartamento vazio em algum prédio da cidade. Nessa sala existe apenas uma grande esfera negra e mais algumas pessoas, que, aparentemente, estão tão confusas quanto eles e que também morreram. De repente a esfera começa a tocar a música de um programa de auditório, ativa uma imagem na sua superfície e abre as laterais, como se fossem gavetas, mostrando um arsenal de armas e maletas com uniformes e o nome de cada um que está na sala. Eles precisam escolher uma arma, vestir o uniforme e matar o aliem que Gantz, a esfera, está indicando. O prazo para isso é uma hora. O local onde terão que procurar a(s) criatura(s) é de 1 km em algum ponto da cidade. Se saírem dessa região, a cabeça deles explode. E enquanto realizam a caçada, eles ficam invisíveis, ou seja, ninguém que não seja um deles, ou os aliens, consegue vê-los.

Se não obedecerem, morrem.

As armas variam de pistolas, rifles, sabres, cujas lâminas podem crescer até vários metros, até controladores de gravidade, que esmagam qualquer coisa que atingem.

Os trajes concedem uma enorme força a quem os veste, que também podem correr mais e pular mais alto. Mesmo sendo poderoso, um traje tem sua limitação. Se usado além desse limite, os orifícios que existem em alguns pontos racham e um líquido escorre. A partir daí, ele passa a ser uma roupa normal.

Durante a caçada, se alguém for ferido, independente da seriedade, podendo até perder pernas ou braços, ao final será transportado para a sala totalmente curado. Só não volta quem morre durante a caçada. E quem morre, fica no banco de dados do Gantz.

Os aliens têm grau diferente de perigo. Normalmente, Gantz mostra a foto do mais fraco da missão. E cada um tem uma pontuação diferente, relativa à forma e ao tempo que leva para ser morto. Quando os caçadores voltam para a sala, cada um recebe uma certa nota por seu desempenho e por quem ele matou. Se alguém atingir 100 pontos, pode escolher entre três opções:

– Ficar livre, mas sem qualquer memória de Gantz;
– Receber uma arma mais poderosa;
– Trazer alguém que já morreu em uma missão de volta do banco de dados do Gantz.

Quando uma missão termina, todos podem voltar para suas vidas cotidianas, inclusive com o traje junto, o que rende bons momentos de Kurono no colégio. Quando precisam voltar para o Gantz, eles ouvem o som parecido com um apito. Então, são transportados para a sala e tudo recomeça.

Com o avanço das missões, os aliens vão ficando mais poderosos e aparecem novos inimigos, como os vampiros: pessoas modificadas que possuem grande agilidade e força e que precisam de sangue para manterem essas condições. A coisa piora quando Gantz começa a mudar seu comportamento, os caçadores deixam de ficar invisíveis durante as missões, o tempo limite varia ou deixa de existir, entre outros detalhes. Até que conhecemos quem criou o Gantz, e aparecem os verdadeiros inimigos e seus planos para o planeta Terra.

Voltando ao Kurono, toda a impressão que tive dele no início foi sendo modificada conforme o personagem crescia e amadurecia. A matança é tanta e tão cruel, que ele se transforma e passa a querer salvar todos, principalmente a garota por quem se apaixona e que não faz ideia da vida que ele leva. A partir daí, ele passa a liderar as equipes, mas não por vontade própria, e sim pelo respeito que conquista através de seus atos heroicos. E quanto os vampiros descobrem que o ponto fraco dele é justamente sua namorada, vão atrás dela.

O mangá começou a ser publicado no Japão em 2000 e foi até 2013. No Brasil, a Panini publicou todos os 37 números, sendo que o último chegou às bancas em janeiro de 2014. Todo mangá tem seu anime, mas o de Gantz reúne apenas os primeiros volumes e que não acompanha a qualidade e nem a dinâmica do mangá. Não recomendo!

Também existem dois filmes com atores de verdade: GANTZ e GANTZ PERFECT ANSWER. Os dois foram lançados em 2011: o primeiro em janeiro, e o segundo em abril. Como o mangá ainda não havia terminado, o final é diferente, mais sombrio. Prefiro o do mangá.

Os filmes não abordam tudo o que acontece na sua versão impressa, mas a qualidade da produção é muito boa. Os efeitos são muito bem feitos, as roupas e armas são iguais às do mangá, os aliens também e as lutas são de tirar o fôlego. Até o efeito dos trajes quando se usa sua força, com músculos surgindo, são iguais.Todos os dois filmes são imperdíveis, não só para os fãs, mas também para quem gosta de ação. Além deles, foram feitos mais dois em formato de animação, todos muito bons de assistir.

Os filmes podem ser encontrados nos torrents, mas o mangá, infelizmente, não é mais vendido no Brasil. E os que são, possuem preços de colecionador, bem altos.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: Hiroya Oku
DESENHOS: Hiroya Oku
TRADUÇÃO: Drik Sada
EDITORA: Panini
PUBLICAÇÃO: 2007
PÁGINAS: 221