Acho que para a maioria das pessoas, a parte mais difícil do ENEM, é a redação. Não basta saber escrever, conhecer ortografia e gramática, para conseguir uma nota alta, mas com certeza é uma grande parcela de sucesso. Fora das provas, nós, leitores, também gostamos de ler livros bem escritos. E para aqueles que se aventuram na escrita, também é essencial escrever corretamente, ainda mais se tiver planos de tentar um contrato com editoras.

Pensando nisso, vou começar uma série de posts sobre ortografia, acho que muitos de vocês poderão abstrair algo que ajude a entender e a escrever melhor na nossa língua, que é cheia de regras, muitas aparentemente sem sentido, ou complexas demais sem necessidade. Mas existem, e temos que seguir se quisermos passar no ENEM, em concursos públicos, em publicarmos livros, e muitas outras vertentes. Eu com certeza vou aprender bastante, porque enquanto faço os posts, aprendo muitas coisas que não sabia ou que já havia esquecido.

Neste primeiro post, o tema se concentra em algumas dúvidas que encontramos em todas as redes sociais. Algumas palavras criam uma enorme dúvida na hora de serem escritas. Vou listar as mais comuns.

MAU OU MAL?

É fácil saber qual usar. Basta se lembrar de uma regra: confira se o antônimo é aplicável na mesma frase. O antônimo de MAU é BOM e o de MAL é BEM. Com isso em mente, na frase “ele é um MAU pai” não teria como usar a palavra MAL, porque substituindo pelo antônimo, ficaria “ele é um BEM pai“. Outro exemplo, na frase “ele está trabalhando MAL” não teria como usar MAU, uma vez que usando o antônimo “ele está trabalhando BOM” não faria sentido.

MAIS OU MAS?

Esta também é fácil, só você lembrar que MAIS é usado para somar, para adicionar, e também pode se basear na regra de se o antônimo, MENOS, é aplicável na mesma frase. Por exemplo, “hoje está chovendo MAIS do que ontem“, onde o antônimo pode ser usado sem perda de sentido. Muitos confundem MAIS com MAS, então a troca pelo antônimo é bastante segura de se usar para saber quando usar MAIS ou não.
Já o MAS é usado no lugar de PORÉM, CONTUDO, TODAVIA, ENTRETANTO. Por exemplo, “ele estudou para a prova, MAS (todavia, contudo, porém) na hora se esqueceu da matéria“, e nessa frase, usar MAIS pela regra do antônimo, não faria qualquer sentido.

HÁ OU A?

Sempre que se referir ao tempo passado, e se for possível substituir por FAZ, usa-se o . Por exemplo, “HÁ muito tempo, eu li O Senhor dos Anéis“, onde o poderia ser trocado por “FAZ muito tempo que eu li O senhor dos Anés“.
Já o A é usado para o tempo futuro ou para a ideia de distância, como na frase “eu vou viajar daqui A dois meses (futuro)” e “estamos A dois quilômetros da cidade“.

PORQUE, POR QUE, PORQUÊ E POR QUÊ?

Pode parecer confuso, mas não é, só se lembrar de uma regra para cada situação. O PORQUE é usado para explicações e, na dúvida, confira se pode ser substituído por POIS sem perder o sentido da frase. Olha a frase “eu dormi PORQUE (pois) estava cansado” ou “eu corri PORQUE (pois) estava com pressa“.
O PORQUÊ é sempre precedido pelo artigo O, por isso fica fácil lembrar de quando usar. “Ela revelou O PORQUÊ de chegar atrasada” ou “não sei O PORQUÊ dela ser tão grossa“.
Usamos o POR QUÊ com acento e separado, sempre antes de um sinal de pontuação no final de uma frase, como “ele chegou atrasado e não disse POR QUÊ.” ou “já disse que não sei POR QUÊ!“.
E por fim, o POR QUE sem acento e separado, usa-se no início das frases interrogativas ou no meio de frases afirmativas, desde não precedido pelo artigo, como nos exemplo “por que motivo ela não veio?” ou “sabemos a razão por que ela não veio“.

A CERCA DE, ACERCA DE OU HÁ CERCA DE?

Está é bem fácil, só lembrar do seguinte: A CERCA se refere a distância; ACERCA se refere a assunto; HÁ CERCA se refere a existência. Nos exemplos fica bem claro: “estamos a cerca de 10 metros do final da rua“, “conversamos acerca do filme” e “não nos encontramos há cerca de 5 meses“.

COSTA OU COSTAS?

Outra bem fácil: COSTA é o litoral de um país, enquanto COSTAS é uma parte do corpo humano.

TRÁS OU TRAZ?

Só você lembrar que TRAZ é relacionado a movimento e TRÁS a local. “Ele traz uma bagagem enorme” ou “ele jogou para trás a mala“.

ONDE OU AONDE?

Se for se referir a lugar, use ONDE. Agora se referir a movimento, use AONDE. Isso pode causar confusão, então verifique se ONDE pode ser substituído por EM QUE LUGAR, e se AONDE pode ser substituído por A QUE LUGAR, como nos exemplos “ONDE (em que lugar) está meu carro?” ou “AONDE (a que lugar) você quer chegar?“.

SE NÃO OU SENÃO?

Este é um daqueles casos que para acertar, você precisa verificar se é possível substituir por um monte de outras palavras. Então, para facilitar, lembre-se do seguinte: se puder substituir SE NÃO por CASO NÃO sem perder o sentido da frase, use SE NÃO separado. Todos os outros casos, use SENÃO junto, como por exemplo “SE NÃO chover (caso não chova), iremos à escola” ou “não assinará o papel, SE NÃO (caso não haja) houver consenso“.
Mas para matar sua curiosidade, SENÃO se usa quando você puder substituir por DO CONTRÁRIO, MAS SIM, EXCETO, SALVO, A NÃO SER, DEFEITO, FALHA. Exemplos: “Todos os alunos, SENÃO (exceto) Fabiana, foram aprovados“. Por isso é mais fácil você lembrar apenas da regra do SE NÃO.

Na minha opinião, a dificuldade de nossa língua não está nas regras, mas nas exceções. Em algumas, você precisará decorar, sem conseguir aplicar qualquer lógica. Ainda mais quando chegamos nas palavras derivadas de outras línguas. Mas continuamos esse assunto em outro post. Até lá!