Como acontece anualmente, é chegado o momento de compartilhar a lista dos livros e quadrinhos que mais me encantaram ao longo do ano. Desta vez, optei por uma seleção exclusiva das obras que foram objeto de resenhas no meu blog ao longo de 2023. Devo mencionar que houve muitas leituras interessantes que, por diversos motivos, não foram resenhadas. Estas não figuram na lista, pois prefiro basear minhas recomendações em análises detalhadas publicadas. No entanto, a lista que se segue inclui tanto obras excepcionais quanto aquelas que, na minha opinião, podem não ter sido tão gratificantes. A ordem não está por preferência, mas por data de publicação. Espero que encontrem sugestões valiosas e que desfrutem das leituras!

AS MELHORES LEITURAS DE 2023

A MALDIÇÃO DO MAR: Há dois séculos, três irmãs foram condenadas à morte por, supostamente, cometer bruxaria. Pedras foram amarradas em seus tornozelos, e elas morreram afogadas nas águas profundas que margeiam a cidade. Agora, por um breve período de tempo – a cada dia primeiro de junho até o solstício de verão –, diz a lenda que as irmãs retornam, roubando os corpos de três meninas para que, por meio deles, possam buscar sua vingança, seduzindo e afogando meninos até a morte. Como muitos habitantes locais, Penny Talbot conhece a lenda de cor. Mas, neste ano, quando a cidade se prepara para o anual retorno das irmãs, um rapaz desconhecido, Bo Carter, chega à cidade buscando suas próprias respostas. E Penny o acolhe. A MALDIÇÃO DO MAR surpreende com uma história simples sobre preconceito, ciúme, amor e vingança, mas com todos esses ingredientes bem divididos, embora totalmente conectados, em doses que emocionam e que permitem conquistar o leitor. A mensagem que fica é a de que, por maior que seja o desejo de vingança, o ódio, um amor verdadeiro, puro, pode mudar uma pessoa. Depois de terminar a leitura da última página, pelo menos para mim, Bo, Penny e mais uma personagem surpresa, entraram para a memória dos personagens inesquecíveis de todos os livros que já li. Espero que você sinta o mesmo.
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A CASA DO MAR CERÚLEO: Linus Baker leva uma vida sossegada e solitária. Aos quarenta anos, ele vive em uma casa minúscula com uma gata malandra e seus velhos discos. No trabalho, ele é responsável por supervisionar orfanatos do governo. Porém, tudo muda quando Linus é convocado para cumprir uma tarefa notável e altamente confidencial: visitar o Orfanato de Marsyas, onde moram seis crianças extraordinárias: uma gnoma, uma sprite, uma serpe, uma bolha verde não identificável, um canisomem e o Anticristo. Sua missão é determinar se essas criaturas são ou não capazes de trazer o fim dos tempos. O responsável pelas crianças é o enigmático Arthur Parnassus, disposto a fazer qualquer coisa para manter seus órfãos em segurança e à medida que Linus e Arthur se aproximam, segredos há muito guardados vêm à tona. Então, resta a Linus tomar uma decisão irrevogável: destruir um lar ou assistir ao mundo sucumbir. A CASA DO MAR CERÚLEO é um romance extremamente sensível. Linus é um personagem incrível, que começa a história preso em uma cela onde mal consegue se mover, e termina descobrindo o que é o verdadeiro amor, em um local cheio de sol, de aceitação, de liberdade, de espaço para ser quem ele quiser ser, com quem quiser ser e pelo tempo que desejar. Há uma evolução de personagem muito bem construída e emocionante, tudo sem pressa, com muita delicadeza e respeito. Começamos a leitura com antipatia por Linus, e terminamos com vontade de beijar o personagem. Quando finalizamos a última página, fica aquele calor no coração, dá vontade de apertar o livro bem perto do peito e suspirar. Não deixe de ler. Mesmo!
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NIMONA: Até conhecer Nimona, Ballister fazia planos que jamais davam certo. Felizmente, a garota tem muitas sugestões para reverter esse quadro. Infelizmente, a maioria envolve explosões, sangue e mortes. Agora, Coração-Negro não só tem que enfrentar seu arqui-inimigo e ex-amigo, o célebre e heroico Sir Ambrosius Ouropelvis, mas também impedir que a fiel comparsa destrua todo o reino ao tentar ajudá-lo. NIMONA é um quadrinho que oferece uma história emocionante, personagens cativantes e reflexões profundas sobre moralidade e amizade. Noelle Stevenson cria um universo único e envolvente, com uma mistura habilidosa de humor e emoção. É uma leitura altamente recomendada para fãs de quadrinhos que desejam uma narrativa empolgante e personagens memoráveis. Infelizmente, a HQ não é mais publicada pela editora e para comprar, apenas no mercado alternativo a preço de ouro.
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MAS ELE DIZ QUE ME AMA: Uma mulher conta os detalhes de um relacionamento abusivo. Semelhante a sua moral e auto-estima, a autora apresenta a própria história em tiras. As tiras de uma história em quadrinhos. Ela não pode dizer quem é, mas se esconde atrás de um pseudônimo para contar, neste diário desenhado, que o padrão do relacionamento com o homem que ela escolheu para viver passou a se resumir em tapas e beijos. Ao compartilhar deste diário íntimo com outras leitoras, ela tem a esperança de que a sua história possa ajudar quem sofre de abuso e acha que não há saída. Permeado por uma narrativa sufocante de desesperadora por reconhecer a fragilidade da autora e a crueldade do agressor, MAS ELE DIZ QUE ME AMA é uma obra de grande relevância social, abordando de maneira honesta e impactante o tema do abuso e da dependência emocional. Ao levantar questões importantes e retratar as consequências devastadoras desse tipo de relacionamento, o quadrinho oferece um apelo à reflexão e à ação, encorajando a sociedade a combater o abuso e a oferecer suporte às vítimas.
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OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO: Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes, seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido… pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas. Eu considero OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO um dos meus livros preferidos da vida. Chorei horrores ao final das memórias de Evelyn, principalmente com a conclusão de seu verdadeiro amor. Seria um livro perfeito, uma construção de personagem única, na minha concepção, mas que ganha uma pequena mancha, um desvio, com a ligação criada entre Evelyn e Monique. A sensação que tive é de que a autora não se preocupou tanto em como conectar as duas personagens. Ela poderia ter feito de maneira mais orgânica, diluir a história de Monique dentro da história de Evelyn, gradativamente, para criar uma conexão mais profunda. Ao invés disso, a ligação é criada de maneira abrupta, através de apenas um acontecimento, que verdadeiramente não tem o impacto que poderia ter, porque quase passa despercebido e precisa ser relembrado ao leitor por Evelyn.
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MANUAL DE ASSASSINATO PARA BOAS GAROTAS: Todos em Little Kilton conhecem essa história. Andie Bell, a garota mais bonita e popular da escola, foi assassinada pelo namorado, Sal Singh, que se suicidou após o crime. Na época, não se falava em outra coisa. Cinco anos depois, Pip ainda vê as marcas que a tragédia deixou na cidade, desde as matérias tendenciosas da imprensa local até o ostracismo da família das vítimas. Mas Pip tem a impressão de que há peças faltando nesse quebra-cabeça. Ela conhecia Sal desde a infância, e ele sempre foi gentil. Por que teria se tornado um assassino? E será que Andie era mesmo tão angelical quanto a imagem construída após a sua morte? Prestes a se formar no Ensino Médio, Pip decide analisar o crime em seu projeto de conclusão de curso e questionar alguns pontos da versão oficial. Porém, quando a pesquisa revela segredos aterrorizantes, ela percebe que se aproximar da verdade pode custar sua vida. Nessa investigação obsessiva e repleta de reviravoltas, Pip começa a se questionar se ainda é uma boa garota, no fim das contas. Porque, com a ajuda de Ravi, irmão mais novo de Sal, ela está disposta a tudo para fazer seu dever de casa, proteger quem ama e reescrever a história de sua cidade. MANUAL DE ASSASSINATO PARA BOAS GAROTAS, BOA GAROTA SEGREDO MORTAL e BOA GAROTA NUNCA MAIS me trouxeram o prazer de acompanhar investigações criminais que eu não tinha desde a época em que lia os livros de Agatha Christie. A narrativa é muito fluída, algo sempre acontece em cada capítulo, a trama é movimentada, e o desenvolvimento dos personagens é inserido no meio sem perda de ritmo e de maneira muito orgânica. Entretanto, ao contrário dos livros da dama do crime, onde era necessária muita atenção e uma boa dose de adivinhação para descobrir os criminosos, nesta trilogia a solução dos crimes está ao alcance de qualquer leitor, basta um pouco de atenção nos detalhes e nas pistas que a personagem principal faz questão de listar a cada capítulo.
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MESTRE DOS DJINNS: A cidade do Cairo mudou radicalmente quando o místico e inventor sudanês al-Jahiz abriu um buraco no Káf, o reino mágico de onde libertou os djinns – os gênios. Quer tenha sido por curiosidade, brincadeira ou maldade, não se sabe o que o fez trazer os djinns para o mundo humano: antes que pudesse esclarecer, al-Jahiz desapareceu, levando consigo seus equipamentos. Há quem diga que ele viajou por diferentes universos, espalhando caos pelo caminho, mas qualquer hipótese não passa de mera especulação. A realidade que a agente Fatma conhece foi transformada pela magia e pelo sobrenatural. Quarenta anos depois do feito de al-Jahiz, os djinns e suas monumentais criações fizeram do Egito uma das maiores potências do planeta e, do Cairo, seu coração. Fatma está no auge da carreira e seu trabalho é reconhecido como um dos melhores do Ministério da Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Portanto, é a agente mais preparada para investigar um crime atípico, cometido por um homem mascarado que afirma ser o próprio Al-Jahiz. Ele alega ter a capacidade de controlar os djinns e o poder de mudar a realidade mais uma vez. Em sua jornada para desvendar os mistérios e garantir a segurança do Egito e do mundo, Fatma contará com a ajuda da nova parceira de Ministério, Hadia, jovem agente que tem grande admiração pela chefe, e Siti, uma núbia devota de Sekhmet que, mesmo envolvida em um relacionamento com Fatma, ainda parece esconder segredos. MESTRE DOS DJINNS me surpreendeu e se tornou uma das minhas fantasias preferidas, a ponto de me fazer lamentar não poder ler as outras obras do autor e acompanhar mais aventuras de Fatma. O autor criou um universo steampunk alternativo, com Cairo como o lugar central, repleto de maravilhas e mistérios. Através de três personagens carismáticas e uma trama envolvente que combina intriga, magia e comentário social perspicaz, a obra tem todos os ingredientes para permanecer na memória dos leitores muito depois da última página ser virada. Pelo menos, para mim, com certeza ficará.
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O MONSTRO DEBAIXO DA MINHA CAMA: A HQ acompanha a trágica infância de Lucy, uma garota solitária que, dia após dia, precisa suportar os abusos do próprio pai e a omissão da mãe. Pouco a pouco, o comportamento dela começa a mudar, exibindo sinais preocupantes de crueldade. Mas o que se esconde por trás desse desvio de conduta é um conflito interno com a inocência causado pelo trauma, que distorce a realidade e faz com que a garota se perca em um mundo de fantasia, no qual seus brinquedos têm vida e todos os homens, incluindo seus colegas de escola, são monstros de histórias em quadrinhos. Lançada originalmente em 2020, apenas em versão digital, a HQ rapidamente chamou a atenção do público e foi indicada a duas categorias do 33º Troféu HQMix e, pouco depois, congratulada com o 2º Prêmio Geek, promovido pela Amazon e pela editora Pipoca & Nanquim, que agora a lança em uma versão impressa. O MONSTRO DEBAIXO DA MINHA CAMA é uma leitura profundamente impactante e triste. Ainda mais que é uma representação real de muitos lares, alguns ainda piores do que o retratado na HQ. É imprescindível que o leitor tenha consciência disso e se compadeça a ponto de tentar fazer parte da solução de problemas semelhantes. Se você suspeitar que uma criança possa estar sofrendo abusos em casa, é crucial agir com cuidado, sensibilidade e responsabilidade para garantir a segurança da criança. Antes de tomar qualquer medida, observe atentamente a criança e documente qualquer comportamento, declaração ou sinal físico que possa indicar abuso. Esta documentação pode ser útil para as autoridades posteriormente.
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AS PIORES LEITURAS DE 2023

TUDO É RIO: A novela narra a história do casal Dalva e Venâncio, que tem a vida transformada após uma perda trágica, resultado do ciúme doentio do marido, e de Lucy, a prostituta mais depravada e cobiçada da cidade, que entra no caminho deles, formando um triângulo amoroso. O problema que reside em TUDO É RIO não é o tema abordado, mas como ele é abordado. É possível alguém perdoar quem pensa amar, mesmo que o objeto de afeição seja o assassino do filho? Uma mulher é vista como puta pela sociedade em geral só porque tem relações com vários? As pessoas são machistas em sua maioria? Sim, sim, sim. Nossa realidade tem vários exemplos disso. É revoltante, mas é real. É uma pergunta válida que gera debate. Mas é uma pergunta que deve ser questionada e respondida pelos personagens, debatida pelos leitores. Não pode ser respondida pelo narrador onisciente e onipresente, mas é o que acontece no livro. Após o perdão de Dalva para os crimes de Venâncio, o narrador rejubila e termina a narrativa com a frase: “Deus estava de volta”. Com quatro palavras, as últimas quatro palavras do livro, o narrador se apropria da religião e transfere suas crenças para afirmar que Dalva fez o certo. A resposta é dada, o narrador aponta o dedo para o leitor que discorda e faz o impensável, pergunta disfarçadamente como é possível discordar de algo que Deus corrobora?
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COMO SE FÔSSEMOS VILÕES: Oliver Marks acabou de cumprir uma pena de dez anos na prisão por um assassinato que pode ou não ter cometido. No dia de sua soltura, ele é procurado pelo homem que foi responsável por prendê-lo. O detetive Colborne está para se aposentar, mas, antes disso, quer saber o que realmente aconteceu há uma década atrás. Sete jovens atores estudam Shakespeare em uma faculdade de artes de excelência, Oliver e seus amigos interpretam os mesmos papéis tanto no palco quanto na vida real: herói, vilão, tirano, sedutora, donzela, figurantes, mas, quando a escolha de elenco muda e os personagens secundários roubam o lugar das estrelas, as peças de teatro começam a mergulhar perigosamente na realidade, e um dos amigos é encontrado morto. O restante então enfrenta o maior desafio teatral de suas vidas: convencer a polícia (e uns aos outros) de que são inocentes. Infelizmente, COMO SE FÔSSEMOS VILÕES foi uma leitura ruim, dispensável, que deixou a indignação de uma história que poderia ter sido muito melhor, caso a autora tivesse se preocupado mais com a qualidade e a coerência da história ao invés de reproduzir trechos e diálogos da obra de outro autor.
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NUNCA VI A CHUVA: Lucas tem dezoito anos e a vida aparentemente perfeita. Foi adotado por uma família rica, mora em Portugal, tem amigos e uma namorada que ama. Lá no fundo, no entanto, as coisas não são tão maravilhosas assim. Ao descobrir que a namorada o está traindo com seu melhor amigo e que seus pais terão um filho biológico, o jovem toma a drástica decisão de tirar a própria vida. Prestes a pular do topo de um edifício e acabar com tudo ali mesmo, uma mensagem em seu celular faz com que Lucas mude de ideia na hora. Trata-se de um link para um canal de vídeos de Rafael, uma pessoa que é a sua cara e ele simplesmente não fazia ideia de que existia, Rafael é a cópia de Lucas, exceto pelo fato de ter deficiência visual e vir de uma família humilde. Depressivo e ainda desmotivado a viver, Lucas decide fugir para o interior do Rio de Janeiro atrás de Rafael e de respostas. Seriam eles irmãos gêmeos mesmo? Quem são os pais biológicos e por que os separaram? Eu penso que o leitor inexperiente, jovem, irá apreciar a leitura de NUNCA VI A CHUVA, ainda mais nos dias de hoje. As coisas acontecem em um ritmo que o leitor não terá muito tempo para pensar, algo que a maioria está acostumada a fazer assistindo vídeos de dez segundos em uma timeline infinita. A essência da história, que é a transformação de um garoto mimado e sem perspectiva em alguém que reconhece o amor da família que o acolheu, bem como do irmão recém descoberto, superando a depressão, é prazeroso de se acompanhar. Mas o leitor experiente, mais velho, mais maduro, penso que irá identificar todas as falhas que a obra tem e irá sentir falta de contexto e de profundidade em assuntos pesados e sérios que precisam de um cuidado maior na apresentação.
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O CORAÇÃO DE NANQUIM: Quando a frenética e desgrenhada Edie Ledwell aparece no escritório implorando por ajuda, a detetive particular Robin Ellacott não sabe muito bem como lidar com a situação. Cocriadora de um popular desenho animado ― O coração de nanquim ―, Edie está sendo perseguida virtualmente por uma misteriosa figura que atende pelo pseudônimo Anomia e, em desespero, pede que a detetive descubra a verdadeira identidade de seu stalker. Robin encerra o encontro informando que sua agência não está habilitada a resolver casos desse tipo. Após indicar alguns concorrentes à mulher, Robin não pensa mais no assunto… Isso até, dias depois, ela ler a notícia chocante de que Edie foi assassinada a facadas no cemitério de Highgate, o cenário onde se passa a animação. A partir daí, Robin e seu sócio, Cormoran Strike, sentem-se instigados e aceitam sair em busca da identidade de Anomia. Porém, confrontados com uma rede complexa de usuários virtuais anônimos, interesses contraditórios e conflitos familiares que precisam navegar, Strike e Ellacott se veem envolvidos em um caso que leva seus poderes de dedução ao limite e que os ameaça de formas novas e horripilantes. Depois da leitura de O CORAÇÃO DE NANQUIM, de todos os problemas que ele carrega e da clara mensagem deixada pela autora que corrobora seu posicionamento na vida real, fica impossível continuar a série, mesmo amando os dois personagens principais. Penso que é pertinente separar a obra do autor, como fiz durante a recente leitura dos livros de Harry Potter, mas quando a autora insere na sua obra seus pensamentos preconceituosos e deturpados como forma de resposta a seus críticos, não é mais possível continuar a leitura. Deixa de ser ficção, para ser um discurso que reforça estereótipos e desinformação, afetando minorias e grupos que precisam de ajuda e não de mais ataques. Não pretendo mais ler nenhum livro da série e recomendo o mesmo para quem tiver o mínimo de compaixão e sensibilidade.
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COPO VAZIO: O romance conta a história de Mirela, uma mulher inteligente e bem-sucedida, que acaba submergida em afetos perturbadores quando se apaixona por Pedro. Mirela tem emprego, apartamento, família e amigos, porém parece ser bastante solitária. Quando conhece Pedro, ela se preenche de energia e entusiasmo, e fica obcecada não só por ele, mas por essa versão de si mesma. O que fazer quando ele desaparece de repente, sem explicações? COPO VAZIO é um livro de poucas páginas e poucos acontecimentos. São três atos, o encontro, o abandono e a superação, ou quase superação. A história começa dez anos após o rompimento, com Mirela em um supermercado acompanhada de sua filha de nove anos de idade. Por acaso, ela vê Pedro em um dos corredores, também fazendo compras, eles se cumprimentam e seguem adiante. A partir desse ponto, o narrador nos apresenta tudo o que aconteceu no passado, e apenas voltamos ao mesmo período do início, nas últimas páginas. O sofrimento de Mirela é apresentado com detalhes, mas senti falta de soluções. Embora ela seja uma mulher estudada, de considerável sucesso profissional, não é apresentada nenhuma busca por ajuda psicológica. Os amigos que completam sua vida, bem como os familiares, são resumidos a diálogos em que passam o conselho de que ela desista da busca. Não há nada mais extenso ou profundo para pessoas que passam pelo mesmo problema, nem sequer uma breve conversa. Mesmo com o pulo temporal de dez anos, quando em um primeiro momento somos levados a pensar que ela superou Pedro, na última página somos levados a acreditar que o sentimento permanece com a mesma intensidade.
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A MÁGICA MORTAL: O livro representa a estreia do autor no universo infantojuvenil. Para quem está familiarizado com as polêmicas e o estilo do autor, surge uma natural inquietação sobre as mensagens, diretas ou subtis, que ele pode transmitir na obra. A trama segue o jovem Pedro, que, após a chocante morte de seu melhor amigo nas mãos de um mágico aterrorizante, está determinado a identificar o culpado. Ele une forças com seus colegas de escola – Pipa, Analu e Miloca – formando o Esquadrão Zero, com o objetivo de solucionar o mistério. Não tarda para que o criminoso continue sua série de ataques, usando sempre truques de mágica famosos como modus operandi. Nesta corrida contra o relógio, os quatro detetives mirins se lançam em uma aventura pela cidade, onde cruzarão caminhos com ilusionistas peculiares, livros repletos de eletricidade e um majestoso castelo. A MÁGICA MORTAL, apesar de poucas páginas e letras grandes, consegue apresentar um desenvolvimento notoriamente lento. A narrativa, que prometia uma viagem misteriosa, frequentemente se distrai com o desejo de Pedro se tornar um mágico e gasta páginas e mais páginas com situações que não levam a lugar algum e não contribuem para o desenvolvimento da trama. Os personagens, embora apresentem potencial inicial, permanecem estáticos, incapazes de evoluir ou surpreender o leitor. Com o passar das páginas, o objetivo inicial da história se dilui, e o leitor é frequentemente deixado com a sensação de estar caminhando em círculos, esperando uma reviravolta ou resolução que nunca chega.
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