A maior vilã das animações da Disney é a Malévola, icônica desde a animação clássica da Bela Adormecida, lançada nos anos 50, porém foi imortalizada no imaginário popular graças à interpretação sem igual de Angelina Jolie. O primeiro filme da bruxa saiu em 2014 e foi um sucesso estrondoso, mesmo com vários problemas, caiu no gosto do espectador; agora, a dona Disney nos apresenta MALÉVOLA – DONA DO MAL. Tá aprovada a continuação? Vamos descobrir!

Vivendo com Malévola no reino dos Moors, Aurora é a rainha dessa Terra e está toda enrolada graças às suas muitas responsabilidades. Tudo muda quando o príncipe Phillip retorna e pede a mão de Aurora em casamento. Ela aceita, e para Malévola, resta respeitar a decisão de sua pupila e se preparar para uma missão desagradável, ir com Aurora conhecer os pais de Phillip. O jantar começa e graças ao tom arrogante da rainha, malévola se irrita e destrói tudo. Porém, antes de ir, ela é baleada e cai no mar. Ela só não vai ao encontro da morte, pois é salva por uma criatura estranha, porém muito semelhante a ela. Levando esses eventos como um estopim, todos se preparam para uma possível guerra, agora que ela foi atacada, o que será que Malévola irá fazer?

Hoje não vai dar pra fazer cerimonia, vamos direto ao ponto, o roteiro destrói o filme e aniquila a personagem principal. Muito se tem comentado de que essa continuação é desnecessária, mas a ideia de um Malévola 2 é bem mais interessante do que um remake live action de uma animação clássica que todos amam. Dava, sim, para continuar a saga da Malévola com novas tramas e desdobramentos, mas nada disso acontece aqui. A nossa querida bruxa agora vive um momento de relativa paz, já que Aurora cuida de tudo, mas Malévola acredita que essa paz terá um fim e isso de fato se concretiza quando todos vão ao reino dos pais do novo maridinho da Aurora. A interação no jantar entre a mãe do príncipe e Malévola não poderia ser mais desagradável, com a rainha se fazendo de vítima e transformando toda a situação em algo desconfortavel. Farpas vai, farpas vem, Malévola se estressa, aperta o botão do dane-se e a guerra começa, atacam a bruxa, o rei desmaia, a rainha acusa Malévola se ter amaldiçoado o rei e Aurora muda de lado ficando com o príncipe e sua família. Detalhe que isso tudo acontece em pouquíssimos minutos, numa cena extremamente rápida, não chega a ser ruim, mas só olhar o nível do elenco e a energia entre eles para ver que a direção e os roteiristas não souberam aproveitar os tesouros que eles tinham.

As desgraças acontecem e Malévola é salva por outra “fada” igual a ela. O mesmo a leva para um reduto, onde existem vários iguais a ele, e lá eles vivem escondidos, já que são caçados pelos humanos. Agora tendo Malévola com eles, todos acreditam numa possível vitória contra os humanos, já que Malévola é a única que possui poderes dentre todos de sua raça. Esse novo desdobramento na trama surge do nada e sem nenhuma sutileza, um recurso preguiçoso para salvar nossa protagonista que estava em apuros. Esses novos personagens não são desenvolvidos com cuidado e o espectador não liga para o que acontece com nenhum deles. É interessante notar também que o filme força muito uma mudança de carácter em Malévola, depois dela descobrir que não está mais sozinha, mas essa mudança é fraca e não se firma. A personagem começa e termina sendo a mesma coisa, eles não conseguem nem fazer a protagonista e dona do filme avançar em seu próprio terreno.

Sabe o que é mais revoltante? A Malévola foi mal aproveitada em tal ponto, que a mesma aparece em pouquíssimas cenas. O filme é dela, mas a produção acha mais interessante perder o tempo com cenas intermináveis da Rainha má pagando de estrategista de guerra, sendo que a mesma é mais burra que uma porta. Falando na rainha, as motivações dela são hilárias, o riso sai sozinho, a coitada fica falando pra qualquer um seu plano e seus objetivos, parece até um papagaio que fica toda hora repetindo a mesma frase. O relacionamento de Aurora com o principezinho é o auge da chacota, já que os personagens não apresentam química, não parecem se amar e apresentam um fogo surreal para se casar, tanto que no filme existe uma cena onde quase acontece um genocídio e em seguida eles já querem se casar, que mico.

Se o roteiro é horrível e a direção ainda pior, o mesmo não pode se dizer da parte técnica, a única que se destaca com louvor nesse grande show de horrores. O destaque supremo vai para os figurinos que estão divinos e apresentam conceitos sensacionais e inovadores. Os looks da Malévola são um monumento, auge da beleza, elegância e poder. Os cenários também são belíssimos e os efeitos visuais apaixonantes. Em especial o destaque vai para a deslumbrante cena final, onde acontece uma batalha, os efeitos das bombas em vermelho são sensacionais.

A nossa protagonista é vivida pela icônica Angelina Jolie, que não é uma mulher, ela é um monumento. Traz poder para qualquer cena em que esteja presente, graças a sua beleza sem igual, olhar marcante e uma aura própria de grandeza. A atriz sozinha já é maravilhosa, mas o roteiro não parece muito a fim de ajudar a personagem, já que o filme é dela e mesmo assim a coitada fica em segundo plano. A novidade do elenco está na atriz Michelle Pfeiffer que vive uma rainha canastrona. Pelo roteiro, o espectador tinha a ideia de que seria um grande embate entre essas duas atrizes maravilhosas, mas as coitadas só estão juntas na mesma cena em duas oportunidades: a primeira é no jantar, onde tudo da errado; e depois dessa cena curtinha, o espectador fica com um gostinho de quero mais que nunca vai ser saciado. Uma belíssima oportunidade jogada no lixo, dois grandes talentos subestimados. A gente queria ver elas dando patada, xingamento, puxão de cabelo e magia na cara de ambas, duas atrizes incríveis caramba, porque não aproveitaram essa oportunidade única?

MALÉVOLA – DONA DO MAL já se destaca sendo um dos filmes mais decepcionantes do ano. Com uma trama horrível, o espectador sente a vergonha alheia de longe, com algumas cenas tão podres que nem dá vontade de olhar para tela. O ritmo é muito defasado, é muito tempo perdido onde nada acontece e quando acontece é chacota. Tecnicamente é bonito e o elenco é competente, mas como faz para defender, já que todo o resto é uma porcaria? Um filme sem poder, sem grandeza, Angelina Jolie não merecia isso. O ícone segue intácto e conservado no primeiro filme, que ainda continua sendo um ótimo entretenimento, superior em absolutamente tudo em comparação com a continuação.


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Joachim RONNING
DISTRIBUIÇÃO: Disney
DURAÇÃO: 1 hora e 58 minutos
ELENCO: Angelina JOLIE, Michelle PFEIFFER, Elle FANNING e Chiwetel EJIOFOR