
Você já parou pra pensar o que acontece quando você apaga a luz e deixa seus livros ali, empilhados, lado a lado, como se fossem apenas objetos inanimados? Pois é. Eles conversam. Discutem. Julgam suas escolhas de leitura. E — em casos mais graves — começam a esconder canetas, conspirar em silêncio e formar pequenos cultos literários.
Neste post, você vai ler um diálogo imaginado, mas perfeitamente plausível, entre as protagonistas de quatro livros que explodem em tensão, segredos e sarcasmo. Eles estão assim na minha estante.
Antes, um resumo rápido dos envolvidos no caos.
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Pippa Fitz-Amobi (Manual de assassinato para boas garotas) decide investigar um assassinato encerrado pela polícia, mas algo não se encaixa. Enquanto monta um trabalho de escola, ela começa a descobrir que nem tudo é o que parece… e talvez o assassino ainda esteja por aí. Pip Fitz-Amobi é inteligente, metódica, viciada em investigar tudo e todos. A Sherlock Holmes da adolescência, mas com um Google Doc aberto e um gravador no bolso. Não sabe descansar. Para conhecer mais da história, leia a resenha do livro aqui. |
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Chiamaka e Devon (Ás de espadas) são os únicos estudantes negros da prestigiosa Niveus Academy. Quando começam a receber mensagens de uma figura anônima chamada “As de Espadas”, seus segredos são expostos e suas vidas viram um jogo perigoso de manipulação. Chiamaka é rica, controladora, perfeccionista e absolutamente não está aqui para ser derrubada. Ela é o centro das atenções — ou pelo menos, deveria ser. Tem um talento especial para disfarçar pânico com arrogância. Devon é reservado, introspectivo, criativo. Esconde uma vida difícil e uma sensibilidade profunda por trás de um silêncio calculado. Tem o olhar mais afiado da estante — e também a paciência mais curta. Para conhecer mais da história, leia a resenha do livro aqui. |
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Samantha (Bunny) é uma estudante de escrita criativa que começa a se envolver com um grupo de garotas ricas, unidas por uma irmandade bizarra onde todas se chamam de “coelhinhas”. O que parece esquisito logo vira algo perturbador, absurdo… e mortal. Samantha é artística, instável, melancólica, envolta em neblina existencial e frases poéticas de geladeira. Costuma olhar fixamente pras pessoas como se estivesse prestes a recitá-las. Tem grandes indícios de esquizofrenia ou dupla personalidade. Para conhecer mais da história, leia a resenha do livro aqui. |
Agora que você conhece os envolvidos, prepare-se para o que só pode ser descrito como uma noite de tensão, provocações e investigações mal resolvidas em uma estante onde ninguém está são e todo mundo tem algo a esconder.
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Ok, vamos organizar isso aqui. Quem foi que colou glitter na lombada do meu segundo volume? |
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Você parece tensa. Já pensou em abraçar o coelho interior? A irmandade é cheia de amor. E bolo. E… transformações. |
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Jesus amado, ela de novo. Isso é comportamento de culto. |
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Na real, tô só observando. Mas posso dizer com 92% de certeza que essa Sam vai desmembrar alguém até o fim de semana. |
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Desculpa, mas a Sam claramente tem perfil de serial killer. Tem aquele olhar vidrado e fala como se estivesse sempre narrando uma peça experimental. Aposto que já sacrificou um marcador de páginas por diversão. |
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Pip, querida… você literalmente perseguiu metade de uma cidade com um gravador. Isso não é obsessão investigativa… é só obsessão. E um pouco de negação. |
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Ontem vi a Pip falando sozinha com um marcador de post-it. Depois ela chorou. Acho que tá na fase três do burnout literário. |
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Fase três é quando você abraça o caos. Eu fiz cupcakes com sangue falso essa semana. Divinos. Vai um? |
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Sangue falso? Tem certeza, coelhinha? |
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A gente devia formar uma aliança. Mas sem coelhos. Sem detetives que falam sozinhas. Sem sangue. |
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Me excluam, então. Mas não reclamem quando acordarem dentro de um poema existencial. Com glitter. E carne. |
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Desculpa, mas você podia parar de olhar fixamente pra mim? Estou tentando revisar minhas anotações e seu olhar está… sei lá, invocando um demônio? Um coelho demoníaco? |
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Apenas contemplando o abismo. E o abismo, às vezes, tem franja e uma prancheta de investigadora do ensino médio. |
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Isso aqui tá pior que a sala dos fundos da Niveus. Vocês duas discutindo parece debate escolar entre duas personalidades com colapso iminente. |
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Já que estamos falando de colapso… Pip, você tá bem? Sua lombada tá toda torta. Isso aí é trauma ou encadernação ruim? |
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É exaustão. Ter que resolver todos os crimes do bairro enquanto convivemos com uma garota que fala com pelúcias e outra que está em negação sobre o racismo estrutural da escola… Cansa. |
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Pelo menos meu trauma vem com estética. Glitter, bolos e sacrifícios de homens. É coeso. Conceitual. Você vive parecendo uma extensão do Dateline com crise de identidade. |
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A gente quase foi morto por uma conspiração que envolve a escola inteira. Mas tudo bem, vamos focar no glitter existencial da Samantha e em seus rituais fantasiosos. |
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Eu só queria um canto quieto. Talvez uma prateleira neutra. Entre uma biografia deprimente e um livro de poesia ruim. Seria o paraíso. |
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E eu queria que alguém devolvesse a tampa da minha caneta vermelha. Isso aqui não é mais uma prateleira. É um campo de guerra psicológico. |
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É curioso como somos todos… partes do mesmo colapso narrativo. Um tipo de irmandade. A dor nos conecta. O trauma é o novo glitter. |
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Pelo amor de Deus, Samantha. Isso aqui não é um manifesto performático. |
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A revolução começa com pequenos empurrões. E talvez cupcakes recheados com segredos. |
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Sério, a gente precisa estabelecer regras aqui. Sem olhares enigmáticos depois da meia-noite, sem monólogos poéticos sem contexto, e absolutamente NADA de glitter em objetos de investigação. |
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Regras… são para quem ainda acredita na ordem. Eu só acredito na transformação. |
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…Ela tá falando de metamorfose de novo. Vai matar outro coelho a qualquer momento. |