Em TRISTE HISTÓRIA DO FIM DO MUNDO, vamos conhecer uma sociedade pós-apocalíptica. O mundo começou a acabar repentinamente, o céu foi tomado por uma coloração rosa e a população mundial foi dizimada por uma morte estranha e sem precedentes. Num momento todos estavam lá, no outro já haviam morrido e seus corpos desaparecido horas depois, deixando apenas suas roupas vazias.

Entretanto, uma família sobreviveu e nem eles entendem o porquê. Surya e seus 12 filhos lutam diariamente para se manterem vivos num planeta dizimado. As estações não são mais as mesmas, os animais desapareceram, a vegetação está sucumbindo diariamente e tudo o que resta são a água e os produtos industrializados que, estranhamente, não estragam.

Iniciei a leitura achando que se trataria de uma coisa, mas acabou que foi outra bem diferente. Não que isso tenha sido ruim, pelo contrário, fui pega de surpresa e me vi tendo que reformular todas as teorias que já havia criado com base nos primeiros capítulos. Infelizmente as teorias não passaram disso.

Foi uma experiência curiosa poder realizar essa leitura em meio a uma pandemia mundial. O autor trata a morte com muita naturalidade, quebra o tabu acerca disso, reforça que é a única certeza que temos na vida e que está tudo bem. Embora alguns de seus personagens tenham medo do fim, eles também o aceitam e passam para o leitor a mensagem de que é normal sentir medo do desconhecido.

O livro é composto por treze capítulos e acompanhamos a vida de cada personagem ao longo deles. Conhecemos o passado e o presente, sabemos dos medos, das motivações e como cada um está lidando com o fato de fazer parte dos últimos sobreviventes. Cada personagem possui uma personalidade única e isso é um ponto que me fez gostar muito da leitura. O autor fez questão de diversificar essa família, de modo que se torna fácil se identificar com alguém.

Alguns personagens poderiam ter sido mais aprofundados, senti que a participação desses foi rasa e esquecível. Em contrapartida, tiveram outros tão bem construídos que me senti próxima a eles. Talvez a nossa realidade tenha ajudado nesse quesito, mas senti uma conexão estranha com essa família. Por diversas vezes, eu me vi sobrevivendo a essa realidade, interagindo com os sobreviventes, lembrando de como a vida era antes do mundo começar a acabar e sentindo uma saudade imensa de pessoas que jamais voltarão.

Os capítulos finais foram intensos e acredito que tenha sido proposital quando o autor nos joga numa montanha russa de emoções. Somos conduzidos para um final inevitável, nós o aceitamos e, de repente, nos deparamos com um capítulo que abala todo o psicológico. No fim, para compensar o desgaste e as lágrimas deixadas anteriormente, temos um desfecho calmo com algumas teorias não concretizadas.

Fiquei revoltada com o final, esperava algo mais explicativo, mais real, algo que dissesse “é assim que vai acabar e ponto final, sem discussões por aqui”. Mas, afinal, se o livro inteiro foi reflexivo, por que o desfecho seria diferente?

Embora as poucas páginas, digo com tranquilidade que foi uma leitura intensa. As diversas teorias que criei no início caíram por terra, mas cada uma delas foi válida. As reflexões acerca da morte foram profundas e acredito que as levarei comigo para sempre. É uma leitura que recomendo a todos que possuam um mínimo de estabilidade mental (porque o bagulho é doido) e que, principalmente, tenham mente aberta. O desfecho pode não ser o esperado, mas acredito que a experiência valha a pena.


AUTOR: Victor Hugo FELIX
EDITORA: Penalux
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 234


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