Cidades não reaparecem do fundo de lagos todos os dias. Quando a seca do Cerrado revelou Alto do Oeste, cidade que ficou submersa no início do milênio, Kênia Lopes soube que precisava fotografar as ruínas, como se em busca da resposta para uma questão jamais respondida: o que faziam os moradores enquanto aquele pequeno apocalipse se aproximava?
Esta exposição reúne os relatos e rostos que Kênia captou em uma investigação que mudou dramaticamente o foco de seu trabalho, justamente por ter sido um projeto tão pessoal: Kênia crescera em Alto do Oeste. Conhecia todas as pessoas que retratou.
Uma professora de História obstinada em preservar memórias. A jornada artística de um grafiteiro. Um padre náufrago. Um argentino tentando entender um idioma cheio de ruídos e feridas. Uma jovem escrevendo o fim do mundo enquanto ele acontecia. Em cada história, a tragédia do povo alto-oestino apresenta-se como um espelho que reflete as tragédias que se infiltram em nosso cotidiano, nos buracos abertos pelo abandono e pela violência.
As fotografias de Kênia, como se fossem pinturas encontradas em uma caverna, parecem exigir a participação do nosso olhar para buscar respostas. Se a verdade desaparece no instante em que é registrada, como podemos determinar o que realmente aconteceu? As galerias a seguir nos provocam com um lembrete: se uma cidade inteira pode afundar, talvez a memória seja o único lugar onde podemos permanecer.
Aline Valek é escritora e ilustradora. Mineira-brasiliense, vive em São Paulo, mas é do Cerrado. Formada em Comunicação Social, escreve para a Internet há mais de uma década e publica de forma independente desde a adolescência. Além de newsletter, zines e livros, também conta histórias em seu podcast Bobagens Imperdíveis.
CIDADES AFUNDAM EM DIAS NORMAIS está disponível na Amazon.
Puxa, fiquei lendo a resenha dessa obra e tentando imaginar a beleza e a história contida dentro dessa história.
A gente vive vendo em jornais e na tv, cidade ou objetos localizados ali, muitas vezes, por anos e anos. Fala-se tanto de Atlântida né?
E a vida? As pessoas que viviam ali? Deixaram suas casas para trás, mas também sua história, suas fases.
Deve ser um apanhado de fotos e histórias belíssimas!!!
Beijo
É muito bela mesmo, quase poética!
Aqui a imaginar se fosse real. Que coisa extraordinária e diferente
Carl!
A mitologia de Atlântida sempre mexe com a curiosidade.
O livro criou uma ficção que faz refletir se realmente ela existiu e se existiu, o que houve?
cheirinhos
Rudy