Você se lembra de ZUMBILÂNDIA? Aquela comédia de terror, lançada em 2009, que imaginava o apocalipse zumbi com bastante humor e bizarrice. A produção envelheceu muito bem, aglomerando uma legião de fãs que souberam valorizar o filme no decorrer desse tempo. Uma década depois, chega a até nós uma continuação, que traz mais uma vez todo o elenco original, será que a espera valeu a pena? Vamos descobrir!

Nossos quatro protagonistas estão de volta e, depois de tanto tempo na estrada, eles decidem que querem construir um lar. O local escolhido é nada mais nada menos que a Casa Branca, antiga sede do governo americano, que agora não passa de um poço cheio de zumbis nojentos. A grande residência é facilmente conquistada, mas nem todos parecem felizes com a nova vida. Little Rock, a mais jovem do grupo, está inquieta e quer encontrar um namorado, logo as irmãs fogem novamente para a estrada, porém elas vão ter que lidar com uma nova ameaça, já que os zumbis estão evoluindo e uma nova especie mais resistente promete fazer a batalha subir de nível.

Depois de tanto tempo, impossível não se questionar se uma continuação era algo necessário; e de fato era, mas o trabalho feito aqui fica longe de qualquer qualidade possível. Primeiro que o filme prefere assumir o manto de ser uma longa homenagem ao primeiro longa, nada aqui soa como uma novidade, são intermináveis repetições de tudo o que já deu certo. As narrações, as piadas, as regras e as tiradas cômicas, autênticas cópias do filme original. Fazer homenagem é bom, mas tudo o que é demais, enjoa. Se for pra relembrar, melhor assistir de novo o primeiro filme, pois até nas homenagens, eles parecem cansados, com zero motivação.

As autênticas novidades na trama estão numa nova personagem que nossos protagonistas acham morando num freezer dentro de um shopping. A moça é a nova chacota da produção, tudo por causa do roteiro que transforma a personagem clichê da loira linda burra sem cérebro. Ela faz piada com tudo, tem voz irritante, totalmente incompetente e inútil. Esse artificio já foi usado várias vezes e aqui ele soa como algo velho, saído diretamente das porcarias que eram produzidas lá no começo dos anos 2000. E mesmo assim dava para ser usado de maneira criativa, o filme até flerta com a ideia da moça ser ou poder ser uma especie de zumbi, já que no filme basicamente os zumbis não tem cérebro e são burros, mas nada disso é trabalhado na trama e só morre como uma ótima ideia não usada.

Nesta continuação, existe um lugar onde é proibido armas e todos vivem na base da paz e do amor. Mas como pregar o pacifismo em pleno apocalipse zumbi? Quando a gente pensa que o filme vai, ele morre. Logo aqui nesse grupo hippie, o filme tinha a chance de fazer um engraçado paralelo com nossos protagonistas que ganham a vida matando zumbis, mas isso também é outra ideia que morre pelo caminho. Esse grupo hippie aparece no filme rapidamente e se você piscar os olhos, não vai ver. Não tem um personagem de importância dentro desse grupo e todos no final são tratados como formigas, que só servem para ser aglomeradas quando precisam de uma cena cheia de figurantes.

Todo o elenco original está de volta e todos são ótimos, o tempo passou e todos já foram pelo menos uma vez indicados ao Oscar, e dentre eles, uma levou o prêmio para casa. Emma Stone é a felizarda que foi premiada pelo seu papel no musical LA LA LAND. E no decorrer desses dez anos, a atriz se revelou uma potência no cinema dramático e aqui ela parece cansada e desconfortável, dá pra ver pelos olhos da atriz que ela sabe que a trama é horrível, mas talvez para cumprir contrato e fazer a felicidade dos fãs, ela aceitou a empreitada, mas infelizmente a trama não oferece muito, já que sua personagem só tem uma pequena importância no começo e depois a mesma só vai de lá pra cá seguindo o resto dos personagens. Aliás isso acontece com todos os quatro atores originais, a relação entre ambos era um combustível do primeiro filme, junto com os desenvolvimentos próprios, e agora o filme prefere perder tempo batendo na tecla da loira burra ao invés de fazer esses tão queridos personagens evoluírem.

ZUMBILÂNDIA – ATIRE DUAS VEZES é o melhor exemplo de oportunidade jogada fora. O orçamento aumentou em comparação ao primeiro, mas a qualidade regrediu. Esteticamente o filme tem um pequeno brilho, já que os efeitos visuais envolvendo os zumbis são competentes, mas o mesmo não pode se dizer da direção que se mostra pouco inspirada, e num filme de quase duas horas, a mesma só entrega duas cenas realmente boas, uma envolvendo Elvis Presley e a outra acontece no grande embate final.

Uma interminável e forçada homenagem que finge ser uma comédia zumbi. Se fosse pra fazer dessa forma, era melhor nem ter feito.


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Ruben FLEISCHER
DISTRIBUIÇÃO: Sony
DURAÇÃO: 1 hora e 39 minutos
ELENCO: Emma STONE, Jesse EISENBERG, Woody HARRELSON e Abigail BRESLIN