Estamos na era dos remakes, nenhuma saga está totalmente morta até que se diga o contrário. Ou até que um estúdio decida sugar ela até a mesma dizer chega. HOMENS DE PRETO é a bola da vez, depois de três bem-sucedidos filmes, o longa recebeu um novo elenco e expandiu seu repertório, agora sendo internacional. E no final, o espectador recebe um dos filmes mais insossos do ano, vamos descobrir o porquê disso?

Descrever a trama desse filme é meio difícil, mas vamos tentar. Molly é uma mulher extremamente curiosa e inteligente. Ela passou vinte anos de sua vida à procura dos Homens de Preto, que ela viu pessoalmente quando era criança, eles apagaram a memória dos seus pais, mas a dela não. Mesmo sendo taxada como louca, ela ainda continua à procura por essa estranha organização, e depois de muito esforço, ela finalmente localiza a sede deles e ainda por cima é recrutada, principalmente depois de demostrar tamanho talento em achar essa tão secreta organização, que tem a função de policiar os alienígenas que vivem em segredo no planeta Terra. Do outro lado do oceano temos o Agente H, que é o maior e melhor agente da MIB, e sua função atual é desvendar os mistérios envolvendo a morte de um alien que também era seu amigo. Logo ele se junta à recruta Molly, e juntos eles partem à caça de pistas.

A primeira coisa que você deve saber é que não é necessário ter assistido aos filmes anteriores para conferir esse novo capitulo. O esquema é o mesmo de JURASSIC WORLD, novos personagens no mundo que conhecemos dos filmes clássicos da saga. A ideia inicial é interessante e daria, sim, um projeto legal, explorar as várias sedes da MIB espalhadas pelo mundo. Porém isso é realmente só uma ideia que não está no filme, o conceito de internacional para eles é passarem rapidamente por menos de meia dúzia de países, obviamente quase todos na Europa, até porque toda a vida na Terra está concentrada lá né. Ásia? Oceania? América do Sul? Não sabemos o que é isso. E realmente o “internacional” só está no título porque a trama é nada mais, nada menos, do que um básico filme de caça a pistas. Com dois personagens bem diferentes, que não se dão bem no início, logo se tornam amigos e no encerramento vem com uma reviravolta clássica envolvendo alguém que parecia bonzinho. Onde você já viu isso? Em uns cinquenta filmes diferentes né.

Os roteiristas são aqueles profissionais 8/80, ou sai algo incrível, ou sai uma droga. Em 2008, eles foram responsáveis por roteirizar o já clássico HOMEM DE FERRO, filme que foi o início do grandioso universo da Marvel nos cinemas. Porém, eles também assinaram o roteiro do pavoroso TRANSFORMERS 5, filme que encerrou de vez essa saga macabra cheia de exageros, o futuro dela agora é um monte de remakes, mas isso é assunto para outro texto. Voltando, o maior problema de MIB INTERNACIONAL é ele ser essa grande sopa de chuchu, com uma trama batida, mal escrita e mal estruturada, finalizando assim um filme esquecível, medíocre e imemorável.

A edição também merece destaque por ser tão ruim ao ponto de conseguir iniciar o filme com uma das piores cenas possíveis. Três arcos são apresentados de cara para o espectador, que já fica confuso logo nos primeiros minutos. E por um considerável momento, parecem três filmes diferentes, mas logos eles se juntam, fazendo o espectador se arrepender e querer de volta aos arcos separados. Deles, o melhor é o envolvendo a Molly e seu desejo por ser uma agente da MIB. A personagem é vivida pela maravilhosa Tessa Thompson, que por si só, já é um poço de carisma. O roteiro não ajuda a mesma a construir uma personagem interessante, mas ela faz o possível. E mesmo sendo a melhor no elenco, a personagem é diminuída pelo roteiro, só para favorecer o personagem do agente H, vivido pelo ator Chris Hemsworth, o tão querido Thor. Carisma ele também tem, porém seu personagem é irritante num ponto que chega a dar ódio no espectador. Impulsivo, pouco produtivo, biscoiteiro e fala numa corrente sem fim. O roteiro para as falas do personagem deve ter sido maior que um dos livros de Game of Thrones.

Tecnicamente, o filme impressiona pouco, a fotográfia é correta e os cenários são bem limpos, não são poluídos com excesso de coisas. Os efeitos visuais também são okay e a criatura mais bonita em cena é a Pawny, um mini guerreiro que fica amigo de Molly, e essa amizade é uma das poucas coisas legais da produção. Interessante notar também que o filme não deseja se sustentar na nostalgia dos fãs, já que quase nada dos filmes anteriores é citado ou sequer homenageado. Ainda não decidi se isso é bom ou ruim.

O mais triste disso tudo é que os produtores decidiram ir para o caminho mais fácil na empreitada que seria reerguer essa saga nos cinemas. Temos exemplos de filmes novos, de sagas clássicas que deram certo, como MAD MAX – ESTRADA DA FÚRIA ou até mesmo JURASSIC WORLD, que apesar de tudo, é um bom filme. O que temos em MIB INTERNACIONAL é uma tentativa fracassada de expandir esse universo usando um roteiro sem um pingo de originalidade e qualidade. Repito, daria para fazer um filme muito bacana envolvendo as sedes espalhadas pelo mundo, unidas para resolver um problema, até porque o planeta todo não está localizado nos Estados Unidos ou na Europa. Um filme sem sal e imemorável, fuja enquanto puder.


AVALIAÇAO:


DIREÇAO: F. Gary GRAY
DISTRIBUIÇAO: Sony
DURAÇAO: 1 hora e 55 minutos
ELENCO: Tessa THOMPSON, Chris HEMSWORTH, Liam NEESON