As adaptações cinematográficas de obras literárias nem sempre recebem o reconhecimento merecido, mesmo quando tanto o livro quanto o filme são de alta qualidade. Diversos fatores podem contribuir para essa situação, como timing inadequado de lançamento, marketing insuficiente ou até mesmo a sombra do sucesso do livro original.
Filmes como “A Estrada” (baseado na obra de Cormac McCarthy), “Amor em Tempos de Cólera” (do romance de Gabriel García Márquez) e “O Jardineiro Fiel” (inspirado no livro de John le Carré) são exemplos de adaptações primorosas que, apesar de suas qualidades cinematográficas e fidelidade às obras originais, não alcançaram o mesmo nível de popularidade que seus equivalentes literários, privando muitos espectadores de experiências cinematográficas enriquecedoras. Assim, eu selecionei cinco excelentes filmes, baseados em excelentes livros, que estão disponíveis para assistir na Netflix. Aproveitem!
NADA DE NOVO NO FRONT, de Erich M. Remarque
O mais importante romance pacifista do século XX Aos dezoito anos de idade, Erich Maria Remarque (1898-1970) conheceu as trincheiras alemãs da Primeira Guerra Mundial. Foi ferido em três ocasiões. Saiu do conflito profundamente marcado e perplexo com a crueldade da guerra. Durante a década de 20, enfrentava a insônia carregada de fantasmas tomando notas sobre os horrores que viu e viveu no front. Os rascunhos formavam o núcleo de um romance. Publicado em livro no ano de 1929, Nada de novo no front firmou uma posição radicalmente pacifista em um mundo que ainda via a guerra como uma alternativa política e determinou o perfil antibelicista que habita a literatura ocidental até hoje. O protagonista é Paul, jovem alemão de família humilde que, como tantos da sua geração, deu ouvidos aos pais e professores, abandonou a escola e partiu para uma guerra que – conforme descobriria – não era a sua. Não bastasse a legitimização que faz do ser humano pacifista, Nada de novo no front é um livro assustadoramente comovedor. Resiste ao tempo graças à simplicidade do seu estilo aliada à franqueza com que trata dos sentimentos humanos.
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JOGO PERIGOSO, de Stephen King
Jessie e Gerald estão passando por uma crise no casamento e, na tentativa de salvar a relação, resolvem viajar para uma região isolada no Maine. Mas um jogo sexual acaba se transformando em prelúdio para uma história de terror; no exato momento em que Jessie está algemada à cama, Gerald tem um ataque cardíaco que o leva à uma morte súbita. Ela então se vê presa em um quarto, acompanhada apenas do cadáver do marido, e logo percebe que não há chance de alguém ouvir seus gritos. Tentando descobrir uma forma de se soltar e se manter viva e sã, Jessie descobre forças que nem sabia ter e percebe os desafios de lidar com a própria mente, que a faz confundir fantasia e realidade, perder a noção do tempo e reviver memórias de um trauma de infância. Jogo perigoso é um livro intenso, com nuances psicológicas, dramáticas e sobrenaturais que o tornam atrativo para vários tipos de leitores.
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O MAL NOSSO DE CADA DIA, de Donald Ray Pollock
Em uma cidade esquecida no interior de Ohio, a esposa de Willard Russell está à beira da morte, não importa o quanto ele beba, reze ou faça sacrifícios e oferendas. Com o passar dos anos, seu filho Arvin, uma criança negligenciada, torna-se um homem frio e cruel. Em torno deles, circula um nefasto e peculiar grupo de moradores ― um insano casal de assassinos em série, um pastor que come aranhas e um xerife corrupto ―, todos entrelaçados numa viciante narrativa da mais corajosa e sombria lavra americana. Donald Ray Pollock constrói, com maestria, uma trama hiper-violenta, ambientada no pós-Segunda Guerra, repleta de personagens desagradáveis em um cenário devastador, cruéis o suficiente para cometerem crimes com a casualidade de quem troca de roupa. Mas isso não é tudo. Há muito mais por trás das manchas de sangue, da avareza e da mesquinharia: o desespero e as limitações de uma cidade pequena, a frustração de seus habitantes, a síntese de quem não equilibra luz e sombra dentro de si. O autor elabora uma narrativa tensa e profundamente perturbadora em seu primeiro romance. Pollock se insere na linhagem dos grandes contadores de histórias da América, como John Steinbeck e seu realismo, William Faulkner e Flannery O’ Connor e o magistral gótico sulista e Cormac McCarthy e seu visceral Onde os Velhos Não Têm Vez. Uma produção original Netflix, a adaptação cinematográfica do livro ― que recebeu o título de “O diabo de cada dia” ― conta com direção do brasileiro Antonio Campos (Afterschool e The Sinner) e um elenco cheio de estrelas de Hollywood, protagonizado por Sebastian Stan (Capitão América), Tom Holland (Homem-Aranha), Robert Pattinson (Crepúsculo, O Farol, The Batman), Bill Skarsgard (It: A Coisa), Mia Wasikowska (Alice no País das Maravilhas) e Eliza Scanlen (Objetos Cortantes).
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REBECCA, de Daphne du Maurier
A heroína de Rebecca – A mulher inesquecível é uma jovem insegura de si. Ao pedi-la em casamento, Max de Winter, um belo e misterioso viúvo rico, altera para sempre o seu destino. O que seria o final feliz é apenas o início de uma trama de enganos assombrada pela memória de Rebecca, a falecida esposa de Max, e pela senhora Danvers, a soturna governanta devotada à antiga patroa.O delicioso romance de Dauphne du Maurier tornou-se um clássico do cinema, ao ser adaptado por Alfred Hitchcock numa produção vencedora do Oscar de Melhor Filme, estrelada por Joan Fontaine e Laurence Olivier.
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MOXIE, de Jennifer Mathieu
Vivian Carter está cansada. Cansada da direção da escola, que nunca acha que os jogadores do time de futebol estão errados. Cansada das regras de vestuário machistas, do assédio nos corredores e dos comentários babacas dos caras durante a aula. Mas, acima de tudo, Viv está cansada de sempre seguir as regras. A mãe de Viv era dura na queda, integrante das Riot Grrrls nos anos 90. Inspirada por essas histórias, Viv pega uma página do passado da mãe e cria um fanzine feminista que distribui anonimamente para as colegas da escola. É só um jeito de desabafar, mas as garotas reagem. Logo Viv está fazendo amizade com meninas com quem nunca imaginou se relacionar. E então ela percebe que o que começou não é nada menos que uma revolução feminista no colégio.
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