Um grupo de saqueadores espaciais encontra uma nave parcialmente destruída à deriva entre o planeta Terra e a grande estrela Proxima Centauri. Ao adentrar a nave, de codinome “Leviathan“, encontram um diário deixado para trás por um jovem que fazia parte dos passageiros. Através dos registros do autor do diário, os saqueadores descobrem o destino das crianças que habitavam a grande embarcação. Um destino sombrio, que parecia ter sido tirado de um pesadelo.

A nave levava um grupo de alunos e dois professores como responsáveis. No primeiro volume, não fica claro o que acontece com a nave. Existem indícios de que ela sofreu danos sérios, talvez por um ataque ou por colidir com algum objeto espacial à deriva. A única coisa certa é que os estudantes e professores estão isolados em uma área segura, sem conseguir se comunicar com a Terra ou com qualquer outro membro da tripulação.

Infelizmente, a área segura onde os estudantes e professores estão tem oxigênio limitado. Em poucos dias, ele vai acabar e todos podem morrer. Enquanto tentava encontrar uma maneira de se comunicar com os outros tripulantes ou com a Terra, um dos professores descobriu uma câmara de criogenia. Porém, havia apenas uma câmara e ela só cabia uma pessoa. Sem saber o que fazer, ele decidiu manter a descoberta em segredo.

Dois alunos, Ichinose e Nikaido, seguiram o professor sem ele saber e acabaram encontrando a câmara de criogenia também. Ichinose é um garoto exemplar; Nikaido é uma garota determinada e madura. Quando o professor percebeu que Nikaido o tinha seguido, tentou matá-la. Durante a luta, o professor acabou morrendo. Nikaido então pediu a Ichinose que mantivesse o segredo sobre a câmara, avisando que se outras pessoas descobrissem, isso poderia levar a uma luta brutal pela sobrevivência, onde todos tentariam matar uns aos outros para usar a câmara. O problema é que Ichinose registrou tudo em seu diário, que foi encontrado por outros. Assim como Nikaido previu, a disputa violenta começou.

O Leviathan é uma criatura mítica mencionada em várias tradições religiosas e literárias ao longo da história. Geralmente, ele é descrito como um ser marinho grande e poderoso, que somente Deus pode derrotar. O Leviathan representa o caos e o poder incontrolável da natureza e, em certas interpretações, o mal que pode ser controlado por Deus. Ele é visto como um símbolo das forças destrutivas que estão fora do controle das pessoas.

Leviathan” é um mangá do tipo battle royale que coloca crianças sobreviventes de uma nave à deriva em um cenário de batalha onde só pode haver um sobrevivente: o último que conseguir matar todos os outros e entrar na câmara criogênica. Diferente de outras histórias do mesmo tema, as personagens aqui são crianças e a ação acontece em uma nave espacial. Esse contexto lembra o livro “Senhor das Moscas“, de William Golding, onde crianças naufragadas em uma ilha isolada acabam formando duas sociedades, uma delas extremamente violenta, que domina a outra, culminando em um desfecho trágico.

Embora “Senhor das Moscas” não seja um battle royale, pois não há uma exigência explícita para que as crianças se matem, a violência surge como uma consequência da mente humana que se desestabiliza em um ambiente sem leis ou ordem. “Leviathan” compartilha alguns elementos com o livro de Golding, como a juventude das personagens, a falta de adultos para supervisionar (os dois professores são mortos logo no início), e a exploração da crueldade inerente em crianças que não compreendem completamente os limites e as consequências de seus atos.

Deixando de lado essa semelhança, o restante do primeiro volume de “Leviathan” segue o padrão de outros mangás do gênero, como o clássico “Battle Royale” e seus semelhantes “BTOOOM” ou “Sem Saída“. Ainda assim, pode haver um pequeno diferencial, que ainda não está claro. Preciso ler os próximos volumes para confirmar, mas esse possível diferencial parece estar na personagem Nikaido. Ela é astuta, não tem escrúpulos e entende perfeitamente que a situação vai se tornar letal. Com isso em mente, ela já começa a elaborar um plano para garantir sua própria segurança e sobreviver ao que está por vir. A maneira de pensar e agir, coloca Nikaido em um patamar acima em termos de construção de personagem.

Leviathan” não traz grandes novidades, mas tem detalhes interessantes que me deixam curioso para continuar a leitura. Outro ponto positivo é que a série tem apenas três volumes, o que facilita acompanhar. Além da expectativa para ver qual das crianças vai sobreviver, ou se alguma vai conseguir, também estou curioso para descobrir o que realmente aconteceu com a nave e o que vai ocorrer com os saqueadores que a encontraram abandonada. Se você curte esse tipo de história, eu recomendo que leia.


AVALIAÇÃO:


AUTOR: Shiro Kuroi
ILUSTRADOR: Shiro Kuroi
TRADUÇÃO: Pedro Hamaya
EDITORA: JBC
PUBLICAÇÃO: 2024
PÁGINAS: 200
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