Começo a resenha de PONTI, dizendo que não sei ao certo o que pensar ou achar. A sinopse nos vende um drama barato sobre superação, mas estamos de frente a uma carta aberta para a solidão, sobre como o abandono pode marcar a vida de alguém, seja uma criança ou uma atriz que se sente deslocada. Aviso que a resenha tem spoilers, pois preciso deles para te explicar o que é ler PONTI.
Na trama, Szu é uma garota abandonada pelos pais: o pai foi embora e a mãe a trata de qualquer jeito. Em meio ao bullying e a depressão, a adolescente, marcada pelas suas esquisitices (excentricidades não aceitas pelas outras pessoas), não tem com quem conversar ou se abrir, até que um dia, ela conhece Circe.
Circe é uma menina rica, privilegiada, mas uma pária na sociedade. Ela vê em Szu a oportunidade de pertencer e, ao meu ver, de se sentir bem com os problemas alheios. Embora reconheço a sua importância para a protagonista, não consigo gostar dela.
Amisa é o elemento que une as três. Mãe de Szu, a mulher é uma ex-atriz de cinema esquecida. Fria, egocêntrica e egoísta, a obra justifica sua personalidade e descaso com a filha por meio de um distúrbio que a dificulta viver em sociedade. Ao meu ver, é algo perto da sociopatia, já que ela não entende sentimentos, não sabe socializar e sente desprezo por todas as outras pessoas.
Agora que você já conhece as personagens, é hora de explicar como PONTI funciona. Basicamente, a obra é dividida na perspectiva das três. Amisa, quem ela era antes de ser mãe; Szu na época de escola, quando conheceu Circe e sua mãe morreu; e Circe, no presente, tendo que lidar com a culpa de ter abandonado sua primeira amiga quando ela mais precisou.
Sharlene Teo, autora da obra, consegue trabalhar os três pontos de vistas com margistralidade. São 267 páginas que possuem, sim, seus problemas de ritmo, mas que mesmo assim, demonstram o talento e a ousadia da escritora em optar por uma estratégia narrativa tão complexa.
Terminamos a obra sentindo que conhecemos cada uma das personagens. Ao menos para mim, termino com o coração apertado com dó, um sentimento que não gosto de sentir, da Szu. Não é justo que uma pessoa precise passar por tudo que ela passou. A personagem realmente é esquisita, mas tem um coração enorme e uma mente brilhante, só precisando de alguém para ouví-la. Só que isso só acontece, de verdade, nas últimas 5 páginas do livro, e mais do que isso, não sabemos ao certo como aconteceu (gostaria de ter participado do final feliz dela).
Um ponto que divide minhas opiniões é sobre o desenrolar da história. Como já dito, valorizo a forma com que a autora escolheu contar tudo, já que apresenta diferentes pontos de vista de um mesmo fato. Mas, ao mesmo tempo, sinto que fomos penalizados com um ritmo sempre introdutório, perto de acontecer algo, mas que nunca acontece nada.
Logo, sempre estamos próximos do clímax, mas nunca nele de fato. Por isso, a narrativa se torna morna no seu todo, não que isso seja necessariamente ruim. Acredito que uma história é boa quando possui coerência, surpresa e densidade. PONTI sobra em todos os elementos. Apenas sinto falta de conclusões.
Certamente, a obra não foi uma leitura inesquecível, assim como os outros livros que recentemente resenhei. Porém, sempre que eu olhar a capa na minha estante, lembrarei com carinho de como uma história sobre a solidão, um tema batido, é capaz de surpreender.
AUTORA: Sharlene TEO
TRADUÇÃO: Alessandra ESTECHE
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2019
PÁGINAS: 267
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Este livro dividiu e muito as opiniões. Li muitas resenhas na época que foi lançado e muitas negativas.
Talvez por esse ritmo mais lento ou pela expectativa criada em torno do trabalho da autora.
Bom ler uma resenha assim, que ressalta os pontos positivos sim da história e com certeza, já quero ter a oportunidade de poder conferir essa história.
A solidão…
Oiii Angela, desculpa pelo atraso para vir te responder!
Particularmente, acho que Silo é muito isso. Tem sim pontos ruins, mas tem os positivos que valem a pena ser mencionados. Não é uma obra-prima mas, também, não é ruim.
Ayllana!
O tema solidão tem de ser inovador em seu enredo, caso contrário, cai na mesmice.
Sinto pena de o livro ser um relato das três mulheres com seus dramas pessoais, mas não levar a nada, nem uma motivação oculta, ou algo que chame a atenção ao ponto de trazer uma emoção maior.
cheirinhos
Rudy
Oiii Rudy, desculpa a demora para responder!
É exatamente isso. Silo encontra uma forma nova de expor algo já batido como a solidão, no entanto, falha na execução deixando várias brechas. Uma pena.
Mas não é ruim, diria complicado apenas rs.
Acho que Ponti foi o livro do Clube Intrínsecos que mais gerou controvérsias.
Algumas pessoas curtiram e outras ficaram como você Ayllana, em dúvida. Acredito que por causa de Szu e sua trajetória
Oiii Michelle, desculpa a demora para responder.
Eu imagino! Depois que vi os comentários de vocês, fui procurar resenhas. Realmente, são mais opiniões negativas do que positivas.
Hoje, bastante tempo que já li, posso dizer que gostei. Porém, com várias ressalvas e cosias que me incomodaram bastante.
Nunca tinha lido uma resenha tão completa desse livro. Gosto muito de livros com mais de um ponto de vista, claro que nem todo autor sabe trabalhar assim, sabe diferenciar a personalidade de cada um, mas quando consegue é um presente. É um tema que muitos podem se identificar, e três personagens acabam trazendo diversidade ao livro.
Oii Bruna, desculpa a demora para responder!
Nossa, fico muito honrada de assumir esse papel rs.
Sim sim, concordo com você. Para mim, a ideia em si de Silo é fantástica. O problema foi, infelizmente, na execução que deixou a desejar </3.
Olá! Já li tanta coisa negativa em relação a esse livro que sinceramente já tinha desistido de dar uma oportunidade a leitura, pelo menos por agora, já que meu tempo vem sendo para lá de escasso, mas quem sabe num outro momento eu não mude de ideia, afinal apesar das ressalvas a história conseguiu me deixar curiosa.
Oiii Elizete, peço desculpas pela demora para responder.
Siim, é justamente isso. Silo tem sim muitos aspectos negativos, mas tem os positivos que valem ser lembrados. Eu, particularmente, gostei mesmo com ressalvas.