Olá pessoal!!!!!! Estou trazendo hoje uma entrevista que fiz com a autora LARA AVERY. Dentre seus vários livros, o que eu li e que sou extremamente apaixonada, é o LIVRO DE MEMÓRIAS (resenha aqui), The Memory Book (título original). Esta entrevista foi realizada via e-mail, cerca de um mês depois de eu ter terminado a leitura.

ENTREVISTA

ANA LU: Na sua opinião, o que faz uma história ser boa?
(In your mind what does a story need to be a good one?)

LARA AVERY: Eu acho que as boas histórias apresentam a probabilidade de seus personagens mudarem de alguma maneira. Eu gosto de ler histórias nas quais o personagem principal quebra as regras.
(I think good stories present the possibility for their characters to change in some way. I like reading stories where the main character breaks rules.)

ANA LU: Vamos começar com uma pergunta que vemos em várias entrevistas com autores. Em sua opinião, como seus livros mudam o mundo ou, pelo menos, uma parte dele?
(Let’s start with a question that we see in many interviews with authors. In your mind, how do your books change the world or at least a part of it?)

LARA AVERY: Eu tenho escrito somente personagens femininos há bastante tempo e eu queria que estas personagens ampliassem a visão sobre vários aspectos sobre a feminilidade. Pra mim é muito importante que meus personagens lutem contra as posturas convencionais femininas e abram espaço para a ideia de que você não tem que agir de uma certa maneira, ver de uma certa maneira, ou querer certas coisas pra se identificar como uma mulher. Isso é especialmente importante para os livros do gênero Young Adult. Quando eu era menor, os romances heterossexuais predominavam na maioria dos livros que eu lia. Aliado a isso, programas de TV, filmes e campanhas publicitárias me ensinaram pouco a pouco que minha identidade como mulher era construída com base no tipo de homens que eu gostava ou no que os homem gostavam em mim. Eu passei toda minha adolescência pensando que se eu não tivesse a atenção dos garotos que eu gostava, eu não os merecia. Eu não quero que nenhuma adolescente ou uma pessoa que se identifique como mulher se sinta desse jeito. Isso toma espaço do nosso cérebro e energia que poderia estar sendo usada pra muitas outras coisas. Isso meio que mexe com a minha cabeça então eu continuo escrevendo histórias de amor. Assim como é difícil escapar do amor na vida, é também muito difícil fugir disso se você quer publicar alguma coisa. Eu vou continuar fazendo isso, eu acho, mas como eu faço isso, eu quero me certificar de que mesmo quando minhas personagens femininas se apaixonem, isso não as defina como pessoas.
(I have written only female characters so far, and I wanted these characters span a wide range of femininity. It is very important to me that my characters fight against common portrayals of femininity, and make space for the idea that you don’t have to have to act a certain way, look a certain way, or want certain things to identify as a girl. This is especially important in books for Young Adults. When I was a girl, heterosexual romance drove a majority of the books I read. Alongside TV shows, movies, and ad campaigns, I was taught little by little that my identity as a woman was constructed around what kind of man I loved, or what man loved me. I came out of adolescence thinking that if I didn’t have the attention of boys I liked, I was worthless. I don’t want any young woman or femme-identifying person to feel that way. It takes up brain space and energy that could be used for so much more. It kind of blows my mind that I still write love stories. Just like it’s hard to escape love in life, it’s also really hard to escape if you want to get published. I will keep doing that, I guess, but as I do it, I want to make sure that even when my female characters fall in love, it doesn’t define who they are as people.)

ANA LU: Quando você era criança, que você queria ser quando crescesse?
(When you were a child what did you want to be when you became an adult?)

LARA AVERY: Uma autora, ilustradora ou professora.
(An author, illustrator, and teacher.)

ANA LU: Sam (O LIVRO DE MEMÓRIAS) mudou bastante durante a história, principalmente por causa da Niemann-Pick (uma doença rara), mas também por causa das pessoas que estavam com ela durante esse tempo. Quando você estava escrevendo, como você lidava com isso? Você tentou manter a personalidade inicial dela ou você a deixou livre pra mudar como ela queria?
(Sam (The Memory Book) changed a lot during the story, mainly because of the Niemann-Pick (rare disease), but also because of the people who were with her during this time. When you were writing, how did you handle it? Did you try to keep her beginning personality or you let her free to change as she wanted?)

LARA AVERY: Antes de entrar na outra parte da minha resposta, é importante dizer que minha representação da NPC não tem uma precisão médica. Famílias reais, que foram afetadas por esta doença, têm suas próprias, e muito reais, histórias e vocês podem aprender um pouco mais sobre elas aqui http://npcstories.tumblr.com/. Como eu escrevi sobre a NPC, eu foquei quase exclusivamente na perda de memória, que é só um dos muitos sintomas da doença. Como eu estava levando em consideração a perda de memória, eu pensei em meus avós, dois deles sofreram de demência, sendo que um deles ainda sofre. Isso foi muito difícil. Isso também me fez olhar meu próprio futuro, já que existem registros de demência em ambos os lados da minha família. Escrever sobre a personalidade de Sammie durante o processo foi como voltar em sua própria trajetória. Ela mudou, mas em muitos aspectos ela se centrou em seu próprio coração, a garotinha que ela era na maioria de suas memórias mais importantes.
(Before I get into the other part of my answer: it’s important to say that my portrayal of NPC is not medically accurate. Real families who are affected by this disease have their own, very true stories, and you can learn more about them here: http://npcstories.tumblr.com/.As I wrote about NPC, I focused almost exclusively on memory loss, which is only one of the many symptoms of the disease. As I thought about memory loss, I thought of my grandparents, two of whom suffered from dementia, and one who is currently suffering. It was very difficult. It also led me to look into my own future, as dementia runs on both sides of my family.Writing about Sammie’s personality during this process was kind of like going backwards in her timeline. She changed, but in many ways she circled back to her core self, the little girl that she was in her most important memories.)

ANA LU: Na maioria das vezes quando estamos criando personagens, nós damos um pouco da nossa personalidade a eles. Qual de seus personagens é o mais parecido com você e por quê?
(Most of the times, when we’re creating characters, we give a little bit of our personality to them. Which one of your characters is the most similar to you? Why?)

LARA AVERY: Eu diria que a Sammie é a mais parecida comigo borque tanto ela quanto eu documentamos nossas vidas em diários e nós duas amamos romances fantásticos. Sammie é melhor na escola do que eu fui, eu acho.
(I would say Sammie is the most similar to me, because she and I both documented our lives in journals, and we both love fantasy novels. J Sammie is better at school than I was, though.)

ANA LU: Todo mundo tem um lugar especial pra aproveitar a leitura. Onde é o seu?
(Everyone has a special place for enjoy reading. Where are yours?)

LARA AVERY: Eu gosto de ir à um restaurante ou uma lanchonete sozinha e ler enquanto bebo um café ou faço uma boa refeição.
(I like to go to a restaurant or coffee shop by myself and read while drinking a coffee or eating a good meal.)

ANA LU: Qual é sua parte favorita e a que mais detesta em escrever, e como você passa pelas mais difíceis?
(What are your favorite and least parts of the writing process, and how do you get through the difficult bits?)

LARA AVERY: Minha parte favorita em escrever é a que faz com que eu me sinta um maestro em uma orquestra. Quando você encontra o encaixe perfeito de palavras e parágrafos e os escuta pela primeira vez depois que sabia que estava bom, é como escutar instrumentos em harmonia. É como se eu fosse capaz de fazer magia. A parte que eu mais detesto é a de ficar sentada. Eu me canso muito facilmente. Eu tento compensar isso trabalhando em uma mesa de escritório, mas eu tenho que fazer várias pausas.
(My favorite part of writing is the part that makes me feel like an orchestra conductor. When you find just the right combination of words or paragraphs, and hear them for the first time after you knew they would work, it’s like listening to instruments in harmony. It’s like being able to do magic. My least favorite part is all the sitting still. I get restless very easily. I try to remedy this by working at a standing desk, but I have to take a lot of breaks.)

JOGO RÁPIDO

ANA LU: Livro favorito?
(Favorite book?)

LARA AVERY: Agora eu eu estou realmente gostando de Wolf Hall da Hilary Mantel
(Right now, I’m really enjoying Wolf Hall by Hilary Mantel.)

ANA LU: Autor favorito?
(Favorite writer?)

LARA AVERY: Eu amo Donna Tartt, Toni Morrison, Elena Ferrante, Tana French, and Philip Pullman. É difícil escolher um favorito.
(I love Donna Tartt, Toni Morrison, Elena Ferrante, Tana French, and Philip Pullman. It’s hard to pick a favorite.)

ANA LU: Hobby?
(One hobby?)

LARA AVERY: Caminhar.
(Taking walks.)

ANA LU: Uma banda?
(One banda?)

LARA AVERY: The Beatles
(The Beatles )

ANA LU: Uma frase?
(One frase?)

LARA AVERY: “Na arte e nos sonhos você pode seguir no abandono, na vida, siga com equilíbrio e cautela”, de Patti Smith.
(“In art and dream may you proceed with abandon / In life proceed with balance and stealth.”, by Patti Smith.)

ANA LU: Um filme?
(One movie?)

LARA AVERY: Sonhando acordado, dirigido por Michael Gondry.
(The Science of Sleep, directed by Michel Gondry.)

ANA LU: Uma música?
(One music?)

LARA AVERY: Hold Up da Beyoncé.
(Hold Up, by Beyoncé)

ANA LU: Você podeira deixar um recadinho pros leitores?
(May you leave a message to the readers?)

LARA AVERY: Nunca parem de ler. Sério.
(Never stop reading! Seriously.)