O gênero de ação tem várias ramificações, uma delas é a ação frenética estrelada por brutamontes, como por exemplo: OS MERCENÁRIOS, ROCKY, CONAN, COMANDO PARA MATAR, RAMBO, entre outros. A bola da vez é O PREDADOR, uma continuação do filme lançado em 1987 e que teve no topo do elenco o grandalhão Arnold Schwarzenegger. A trama acompanhava um grupo de soldados numa floresta, investigando a brutal morte de outros soldados, até que se deparam com um alienígena tecnológico que ama matar seus inimigos com muita carnificina. Tornou-se um clássico com o passar dos anos e até descolou uma indicação ao Oscar, honrando seus ótimos efeitos visuais. Ganhou uma fracassada continuação nos anos 90, sem o elenco original, e em 2010 veio o remake que teve uma recepção mista. Mas a Fox não desistiu, e agora, em 2018, decidiu que era melhor fazer uma continuação do original, e até tentou convencer Schwarzenegger a retornar em uma ponta, que recusou sabiamente.

Desta vez, a trama acompanha uma agência do governo que finalmente conseguiu capturar um Predador vivo. Cientistas são chamados para estudarem o espécime, ao mesmo tempo em que investigam o soldado Quinn McKenna, que foi o humano que cruzou caminho com a fera enquanto estava numa missão. O problema se instala quando McKenna decide roubar partes da armadura do predador como troféu e tem a brilhante ideia de mandar os objetos pelo Correio para casa, botando em risco a vida de sua família, principalmente de seu filho, que se interessa pela armadura e se transforma num alvo vivo para a fera que está louca para conseguir seu equipamento de volta. E para piorar, um outro Predador, mais forte, aparece em cena, e o soldado McKenna rapidamente reúne uma bizarra equipe a fim de salvar seu filho e eliminar ambos os Predadores.

Shane Black assume a direção e o roteiro. Dentre seu trabalho mais famosos, temos o odiado por uns e amado por outros, HOMEM DE FERRO 3. O texto consiste na mais bizarra e mal construída trama do ano. O roteiro erra em construir personagens interessantes e se sustenta em clichês já saturados, como o do militar exemplar péssimo pai, os traumatizados e os malucos, ninguém se destaca e o desenvolvimento dos personagens chega a ser hilário de tão tosco. O filme está carregado com um humor falho e forçado ao extremo que não condiz com as situações e muito menos com o tom da franquia. Chega a ser nojento se deparar com piadas baixas e até mesmo uma envolvendo estupro de vulnerável, fruto de um roteiro horrível em todos os sentidos.

E qual é realmente o sentido da trama? Ela, de fato, tenta inovar, criando um arco novo envolvendo a luta entre dois Predadores e os humanos, apenas estando no lugar errado e na hora errada, mas o resultado disso é uma chacota. Basicamente, um veio para avisar os humanos sobre o possível fim do mundo; e o outro veio para não deixar ele contar isso para os humanos. Uma guerra por fofoca. Tecnicamente, o filme também é horrível e se sustenta em cenas noturnas para mascarar os efeitos visuais dignos de novela da Rede Record. O filme honra a sua maior faixa etária e entrega cenas extremante sangrentas e apelativas. Cenas péssimas, aliás, que são uma vergonha ao se comparar com as sequências feitas nos anos 80, com muito menos recursos e dinheiro.

No elenco, temos o premiado Sterling K. Brown, conhecido pela série THIS IS US, e que aqui está se divertindo e passando vergonha ao mesmo tempo. Olivia Munn vive a cientista doida para estudar as feras, e a atriz não tem espaço para mostrar seu talento, já que sua personagem fica atolada num arco fraco e limitado. Boyd Holbrook dá vida ao protagonista Quinn McKenna e é mais conhecido pelo seu papel no filme LOGAN. E o que dizer do ator? Sem carisma, não tem presença em cena e suas tentativas de pagar de machão são nossa risada diária. Yvonne Strzechowski também está no filme e sua personagem é uma tristeza sem fim, botaram a atriz para ser uma simples dona de casa que não abre a boca, talento jogado no lixo para qualquer um que conheça o trabalho magistral da atriz na série THE HANDMAIDS TALE, na pele da diabólica Serena Joy. Por último, temos o também talentoso Jacob Tremblay, famoso por estrelar os dramas EXTRAORDINÁRIO e O QUARTO DE JACK, e o jovem também foi vítima desse roteiro cretino que jogou o menino para escanteio numa trama onde ele só serve para atrapalhar os planos de todo mundo.

Disparado o pior filme do ano até o momento e também pode ocupar, em breve, a lista dos fracassos de 2018, já que a bilheteria precisa de muita oração para ser boa. Sem graça, machista, mal escalado e com um roteiro fedido que não presta nem para servir de passatempo. Difícil extrair qualquer coisa desse projeto, que nem era para sair do papel. Ao terminar a projeção, a vontade que fica é ir para as portas do estúdio e gritar: chega de Predador, Fox, chega, ninguém aguenta mais, só o primeiro prestou! Deixa essa franquia morrer em paz!


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Shane BLACK
DISTRIBUIÇÃO: Fox
DURAÇÃO: 1 horas e 47 minutos
ELENCO: Olivia MUNN, Sterling K. BROWN, Boyd HOLBROOK, Yvonne STRZECHOWSKI, Jacob TREMBLAY e Trevante RHODES