Quando se fala em escrever um livro, muita gente imagina um raio de inspiração que cai do nada. A verdade costuma ser bem menos mágica — e muito mais humana. Por trás de cada romance, conto ou poema há hábitos diários, relógios ajustados e pequenos rituais que avisam ao cérebro: “é hora de trabalhar”.

Neste post, vamos abrir a porta do escritório (ou da cozinha, do sítio, do quarto apertado) de autoras e autores de hoje e de ontem. Você vai ver quem acorda antes do sol, quem prefere virar a noite, quem anota tudo em cadernos e quem mede o dia em número de palavras. As rotinas mudam, mas alguns pontos sempre voltam:

Ritual de começo — um café, uma caminhada curta, a mesa arrumada do mesmo jeito.
Disciplina — aparecer para escrever mesmo quando a vontade não vem.
Coleta de ideias — cadernos, gravações, leituras, conversas.
Revisão constante — reescrever até o texto ficar claro e vivo.

Conhecer esses processos lembra a todos nós que escrever é um ofício: aprende‑se, pratica‑se, melhora‑se. Esperamos que as histórias a seguir inspirem você a montar sua própria rotina de criação — uma que caiba na sua vida e que possa ser repetida amanhã. Boa leitura e boa escrita!

Ernest Hemingway – Escrevia em pé, logo ao nascer do dia, até esgotar as ideias; anotava a contagem de palavras para “não se enganar” sobre a produtividade.
Livros: https://amzn.to/3XOOOtU

Clarice Lispector – Madrugava: acordava por volta das 4 h, escrevia até às 7 h enquanto a casa dormia; ao longo do dia fazia anotações soltas que depois costurava no texto.
Livros: https://amzn.to/4cjLYTP

Haruki Murakami – Quando está “em modo romance”, levanta‑se às 4 h, escreve 5‑6 h, corre 10 km ou nada 1 500 m, lê, ouve música e dorme às 21 h. A repetição diária é, para ele, uma forma de auto‑hipnose criativa.
Livros: https://amzn.to/3DXbjpV

João Guimarães Rosa – Colecionava cadernetas de campo e viajava pelo sertão anotando falares, histórias e neologismos; o material bruto era lapidado anos depois, virando a “língua rosiana”.
Livros: https://amzn.to/4jkCQAj

Virginia Woolf – Precisava literalmente de “um quarto só seu”. Planejava cenas enquanto tomava banho pela manhã e, no campo, escrevia num chalé de madeira no jardim, longe do barulho da casa.
Livros: https://amzn.to/3E4F6Nn

Machado de Assis – Leitor voraz dos clássicos, incorporava e subvertia trechos alheios. Escrevia devagar, revisando muito, e raramente mostrava rascunhos; o planejamento vinha antes da pena.
Livros: https://amzn.to/3XNxGEZ

Gabriel García Márquez – Defendia disciplina absoluta: “literatura é carpintaria”. Preferia conforto básico, começava cedo e reescrevia até que cada frase “tocasse como música”.
Livros: https://amzn.to/3G8MMyx

Carlos Drummond de Andrade – Equilibrava o trabalho público com a poesia: rabiscava ideias no expediente, no chuveiro ou “até sem papel”, transformando a rotina burocrática em combustível poético.
Livros: https://amzn.to/4iQoJ66

Stephen King – Meta fixa de 2 000 palavras diárias, sem folga; começa pela manhã, porta fechada, mesma cadeira, mesmo copo d’água, para ensinar ao cérebro que “é hora de trabalhar”.
Livros: https://amzn.to/420I0vF

Paulo Coelho – Vê o ato criativo como ciclo natural: captar sinais, gestar a ideia, escrever sem explicar demais e, por fim, “deixar o universo conspirar” para o texto encontrar o leitor.
Livros: https://amzn.to/42xeq0Z

Toni Morrison – Madrugava antes do sol: fazia café no escuro e escrevia vendo a luz chegar; dizia que o ritual “abre a porta” para o texto.
Livros: https://amzn.to/4jgLsZv

Jorge Amado – Preferia se isolar no sítio perto de Salvador para evitar visitas; datilografava horas seguidas pela manhã, sempre com café e cigarro por perto.
Livros: https://amzn.to/4jfXSQB

Agatha Christie – Planejava tramas na banheira, com chá e maçãs; parou só porque banheiras modernas não tinham apoio para bloco e lápis.
Livros: https://amzn.to/4jkIaUw

Rachel de Queiroz – Produzia à noite, em casa, num quarto forrado de livros; batia à máquina até “sentir que o capítulo fechou”, depois revisava à mão.
Livros: https://amzn.to/4i5caTq

 

Franz Kafka – Depois do expediente no seguro‑acidentes, dormia, jantava e começava a escrever por volta de 23 h, seguindo até 2 – 3 h (às vezes 6 h).
Livros: https://amzn.to/3R6t5tF

Graciliano Ramos – Rigor quase contábil: escrevia à mão, contava linhas, cortava tudo que soasse “supérfluo”; dizia que “o texto tem de ficar magro”.
Livros: https://amzn.to/3XQagie

Margaret Atwood – Começa por volta das 10 h, mira 1 000–2 000 palavras e encerra às 16 h; diz que “a rotina é o colchão da inspiração”.
Livros: https://amzn.to/4lkNWat

Lygia Fagundes Telles – Confessa “não ter rotina”: passa dias sem escrever e depois mergulha por horas contínuas; para ela, cada conto é “luta corpo a corpo com a palavra”.
Livros: https://amzn.to/3G8Npbn

Brandon Sanderson – Escreve todos os dias; meta mínima de 2 000 palavras ou 10 páginas, costuma redigir à noite para evitar distrações.
Livros: https://amzn.to/420IXEf

Conceição Evaristo – Fala em “escrevivência”: anota memórias e vozes do cotidiano em cadernos, depois transforma em prosa/poesia, reescrevendo várias vezes para “dar voz ao coletivo”.
Livros: https://amzn.to/42iR8KV

George R. R. Martin – Ele lê o que produziu no dia anterior para “pegar embalo”; dias bons rendem 5–6 páginas, mas admite longos períodos de reescrita e dúvida.
Livros: https://amzn.to/3XMpyob

Itamar Vieira Junior – Antes, escrevia 3–4 h à noite após o expediente; hoje redige “em qualquer canto”, carregando personagens “na cabeça” até a história pedir página.
Livros: https://amzn.to/43BwaJH

Sally Rooney – Se a ideia surge de manhã, alterna blocos de escrita ao longo do dia até dormir; se não, faz outra coisa – “forçar nunca funciona”.
Livros: https://amzn.to/43BFBJ8

Jarid Arraes – Mantém cadernos e notas digitais; mistura pesquisa sobre mulheres negras à escrita de cordeis e contos, muitas vezes em maratonas noturnas.
Livros: https://amzn.to/4jkIWAU

Colson Whitehead – Escreve 4–5 dias/semana com meta de 8 páginas; aprendeu a trabalhar em hoteis e aviões para não perder ritmo.
Livros: https://amzn.to/3DXZKPf

Aline Bei – Alterna poesia, dramaturgia e prosa; faz sessões intensas, depois longos intervalos de leitura e escuta de música para “oxigenar” o texto.
Livros: https://amzn.to/3XPon7r

Kazuo Ishiguro – Quando precisa destravar um livro, entra no modo “Crash”: quatro semanas isolado, escrevendo das 9h às 22h30, seis dias por semana, sem visitas nem telefone.
Livros: https://amzn.to/4iXSW3p

Daniel Galera – Passa meses só pesquisando e “sentindo o clima” do livro; quando escreve, pode mudar‑se para o cenário da trama (foi morar em Garopaba para “Barba ensopada de sangue”).
Livros: https://amzn.to/3FT4Xbu

Chimamanda Ngozi Adichie – Escreve em casa, em Lagos; mantém chocolate à mão e troca o café por um gole de licor quando trava. Diz que o prazer precisa estar no processo.
Livros: https://amzn.to/41YJ2s6

Ana Paula Maia – Processo guiado por pesquisa: estuda minuciosamente ofícios e ambientes antes de cada cena; reescreve até “soar verdadeiro”.
Livros: https://amzn.to/4iUBuwp

Elena Ferrante – Dispensa quarto próprio: escreve “em qualquer lugar” e esquece o entorno quando o texto flui; vê a escrita como “tecer” por meses ou anos. Elena Ferrante é o pseudônimo de uma escritora italiana cuja identidade permanece desconhecida. Ela optou por manter sua privacidade e não divulga fotografias ou informações pessoais. As imagens associadas a Elena Ferrante que circulam na internet geralmente retratam outras pessoas, como sua tradutora Ann Goldstein, foto acima.
Livros: https://amzn.to/4cn1Fto

Milton Hatoum – Passa mais horas lendo que escrevendo; sem meta diária fixa – escreve “quando dá vontade”, mas com disciplina de revisão.
Livros: https://amzn.to/3XMq6dJ

Celeste Ng – Começa o dia relendo o que fez ontem; escreve sem outline, depois volta e “desenha” a estrutura como andaime para revisar.
Livros: https://amzn.to/3YhYNrG

Raphael Montes – Sem horário rígido; só avança para o capítulo seguinte quando o atual “está perfeito”, o que torna o processo lento, porém meticuloso.
Livros: https://amzn.to/3EdntuJ

Neal Stephenson – Trabalha em pé, caminhando num treadmill‑desk; monitora quilômetros percorridos e jura que o movimento ajuda a manter o foco.
Livros: https://amzn.to/42lq1iy

Djamila Ribeiro – Prefere madrugar para ter silêncio, faz anotações à mão antes de digitar e alterna escrita com leituras de filosofia e feminismo negro.
Livros: https://amzn.to/4ji9TVJ

Natália Borges Polesso – Intercala blocos intensos de escrita com longos intervalos de leitura e música para “oxigenar” as ideias, reescrevendo várias vezes.
Livros: https://amzn.to/3YeF4sT

Geovani Martins – Carrega cadernos para registrar falares da favela; escreve à noite, revisando em voz alta para manter a oralidade viva no texto.
Livros: https://amzn.to/44cPSeY