Em um mundo destruído pela guerra, um time de jovens guerreiros está disposto a sacrificar tudo para salvar o povo. A Federação conseguiu conquistar todos os países, deixando Mara como a última nação livre do mundo. Refugiados escaparam para suas fronteiras tentando fugir de um destino pior do que a morte: serem transformados em uma arma de guerra mutante e monstruosa, conhecida como Fantasma – após a transformação, eles são enviados para atacar seus inimigos.

Os lendários Foices, guerreiros de elite de Mara, são treinados especialmente para destruir os Fantasmas. Mas a derrota parece inevitável à medida que o número de Fantasmas cresce e a Federação avança. Mesmo assim, uma Foice se recusa a perder a esperança. Depois de ter sua voz e sua casa tiradas dela, Talin Kanami conhece de perto a brutalidade da Federação. A crueldade obrigou que ela e sua mãe buscassem asilo em um país que considera seu povo repugnante. Ela só encontra conforto em um pequeno grupo de Foices que juraram suas vidas uns aos outros e estão determinados a impedir a Federação a todo custo.

A esperança de salvação surge quando um prisioneiro da frente de batalha é trazido para ser executado. Talin reconhece nele algo de diferente. Ele estava fugindo da Federação, um desertor, e possui no olhar o desejo de morrer. Apesar de aparentar fragilidade, para Talin, é visível que ele é muito mais do que aparenta. Assim, ela convence seu líder, Aramin, a poupar a vida do prisioneiro. O preço é que Talin passa a ser responsável por tudo o que ele fizer. Felizmente para Talin, sua desconfiança se prova verdadeira. O prisioneiro realmente é algo muito maior do que qualquer um deles imaginava e pode ser a arma definitiva para a vitória.

Talin é uma garota de pele escura que vem de uma nação considerada inferior. Apesar de ser uma das melhores guerreiras de Mara, ela é tratada por muitos com preconceito e insultos. Os Foices sempre lutam em dupla. Um soldado é o escudo do outro. Logo nas primeiras páginas,Talin perde seu escudo e melhor amigo. Ainda de luto, ela se depara com a execução de Red, o tal prisioneiro, e ao convencer o Prima-lâmina, Aramin, a poupar a vida do rapaz, ele se torna o novo escudo de Talin.

Os amigos mais próximos de Talin são outros dois Foices, Adena e Jeran, um escudo do outro. Adena é uma exímia criadora e aperfeiçoadora de armas, uma inventora e cientista, além de guerreira. Jeran é o melhor Foice de Mara. Juntos, os três são quase imbatíveis e andam sempre juntos. Adena é desconfiada e impulsiva, enquanto Jeran é filho de Senadores, e sofria abusos físicos do pai e irmão. Nos Foices, Jeran encontrou proteção, embora ainda busque por força para enfrentar a família.

A representação da força que Jeran precisa está na forma do Prima-lâmina, Aramin. Os dois nutrem uma afeição profunda, mas se mantêm afastados por causa da guerra e das posições que ocupam. São lindos os trechos em que Aramin sai em defesa de Jeran, sempre pronto para proteger seu amor. Os dois são os protagonistas das partes românticas do livro, que são bem poucas.

Ao contrário do que o leitor pode pensar no início, apesar da conexão que Talin e Red criam, não acontece um interesse romântico. Os dois constroem uma amizade para a vida, um é capaz de dar a vida pelo outro, mas a narrativa não vai além, felizmente. Como é uma série, acredito que em algum volume futuro, isso irá acontecer, mas não é o foco da história.

Talin e Red lutam contra o preconceito, cada um de sua maneira. Existem alguns pontos da história que dão a entender que o mundo do livro é um futuro possível para o nosso. Isso se percebe nas descrições de alguns cenários, quando os Foices estão em florestas e encontram ruínas antigas, que parecem sem edifícios e aviões, assim como a menção a armas poderosas que iluminam o céu, semelhantes a bombas nucleares. Então acho que em algum ponto, isso será melhor explicado.

O título SKYHUNTER tem uma explicação, que é apresentada antes da metade da história, bem como todo o significado da capa, que traduz visualmente o conteúdo do livro. A aventura transcorre em um nível crescente, e a partir da metade, é impossível abandonar a leitura. Os temas tratados são pertinentes, como preconceito e racismo, além de violência familiar, abandono, traição. Acontecem várias reviravoltas e o clímax é inconclusivo, como seria de esperar para o primeiro volume de uma série. Posso afirmar que a qualidade é imensa e pretendo ler os próximos volumes, com toda a certeza.


AUTORA: Marie LU
TRADUÇÃO: Regiane WINARSKI
EDITORA: Rocco
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 384


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