Já imaginou uma mistura dos filmes INTERESTELAR com PERDIDO EM MARTE? Então, alguém imaginou e a produção se chama O CÉU DA MEIA-NOITE. Nova ficção da Netflix, dirigida e estrelada pelo ator George Clooney, o grande galã do início dos anos 2000. Até agora a recepção do filme tem sido meio mista pela crítica e pelo público, mas será que vale a pena uma conferida? Vem descobrir!
Em um futuro próximo, a Terra está à beira de um colapso e o que resta para a humanidade é a evacuação total do planeta. Para trás fica apenas um homem, responsável por uma estação remota de comunicação que auxilia uma nave que está a milhares de quilômetros de distância no espaço. E seu trabalho é impedir que essa nave volte para a Terra, que está totalmente condenada e com seus dias contados. Mas todo esse sentimento de desolamento e destruição fazem a experiência do homem em ficar sozinho nessa estação não ser tão ruim assim, por incrível que pareça. Para ele agora, resta a sobrevivência e a proteção de uma menina que acabou ficando para trás por acidente durante a evacuação.
A trama é baseada num livro e lembra um pouco os temas que INTERESTELAR abordou lá no distante 2014. A relação entre um final trágico e uma forte conexão familiar estão presentes em ambos os filmes, claro que não tão forte aqui, mas, mesmo assim, impacta e deixa uma marca do seu próprio jeito. O sentimento de solidão e aquela vontade de fazer de tudo para sobreviver e também não enlouquecer, são coisas que o roteiro também aborda. Não temos informações sobre esse colapso no planeta e nem seus motivos, mas isso acaba se justificando durante o filme, pode incomodar alguns ou não, ai fica o questionamento como experiência individual.
O maior defeito do filme está na edição que praticamente constrói dois filmes diferentes, unidos por um fio muito brusco e nada natural. O arco do homem na Terra em rota de destruição tem muito mais impacto e profundidade do que o arco que segue os indivíduos na nave à deriva no espaço. Parece literalmente que estamos vendo dois filmes opostos que quando se cruzam, causam estranheza. O ritmo do filme é bastante lento e pouca coisa acontece, a produção segue a linha da reflexão e contemplação. Isso não é ruim, já que o filme não prometeu uma coisa e fez outra, mas as expectativas podem matar a experiência. Ela funciona melhor se for descoberta sem esperar ou saber nada a respeito.
O próprio George Clooney assume o manto da direção, enquanto vive o protagonista, e o ator acaba se saindo melhor na sua segunda função. George entrega um desempenho maduro e enigmático que passa para o espectador tudo o que seu personagem necessita para ser um alguém carismático, machucado e com poucas esperanças. Os trejeitos e o porte físico do ator também merecem elogios, é um trabalho de extrema qualidade.
No elenco ainda temos Felicity Jones em um papel de destaque como uma das tripulantes da nave no espaço, e seu desempenho também apresenta extrema qualidade e forma. Aliás, alguma vez essa atriz já esteve ruim em algum papel? O britânico David Oyelowo completa o elenco principal e apresenta uma ótima química com Felicity. Todo o elenco foi muito bem escalado e só ajudam o filme a crescer ainda mais em qualidade.
Uma ficção espacial sobre destruição pede um orçamento grande e felizmente o filme teve isso, já que o nível técnico apresenta extrema qualidade. Os efeitos visuais impressionam e todos os cenários do filme foram muito bem planejados. Tudo é belíssimo. A trilha sonora encaminha muito bem as emoções do espectador por esse labirinto de tramas, tudo foi muito bem pensado.
A produção é bem lenta e não apresenta muita ação, mas ainda assim traz uma trama bem interessante e que tem qualidades e aprofundamentos válidos. O trauma dos personagens é bem forte e palpável, o drama tem muito espaço e todos no elenco se beneficiam disso entregando personagens muito bem desenvolvidos. Não é para todos, mas se você gosta de uma ficção dramática, provavelmente vai curtir O CÉU DA MEIA-NOITE também.
DIREÇÃO: George CLOONEY
DISTRIBUIÇÃO: Netflix
DURAÇÃO: 2 horas e 2 minutos
ELENCO: George CLOONEY, Felicity JONES, David OYELOWO
Muito boa crítica. Eu vi o filme e foi bem tudo que você disse.
Na minha humilde opinião, o que “estragou” esse filme foi o jeito nada legal de associar ele a grande produção de Interestelar, que é um filme ímpar!!!
O filme é muito bom, a fotografia é linda, é lento? Muito! Confuso? Sim, não dá pra ver sem prestar atenção aos detalhes.
Mas pra mim, valeu muito a pena!!!
Beijo