Cath é fã da série de livros Simon Snow. Ok. Todo mundo é fã de Simon Snow, mas para Cath, ser fã é sua vida – e ela é realmente boa nisso. Vive lendo e relendo a série; está sempre antenada aos fóruns; escreve uma fanfic de sucesso; e até se veste igual aos personagens na estreia de cada filme. Diferente de sua irmã gêmea, Wren, que ao crescer deixou o fandom de lado, Cath simplesmente não consegue se desapegar. Ela não quer isso. Em sua fanfiction, um verdadeiro refúgio, Cath sempre sabe exatamente o que dizer, e pode escrever um romance muito mais intenso do que qualquer coisa que já experimentou na vida real. Mas agora que as duas estão indo para a faculdade, e Wren diz que não a quer como companheira de quarto, Cath se vê sozinha e completamente fora de sua zona de conforto. Uma nova realidade pode parecer assustadora para uma garota demasiadamente tímida. Mas ela terá de decidir se finalmente está preparada para abrir seu coração para novas pessoas e novas experiências. Será que Cath está pronta para começar a viver sua própria vida? Escrever suas próprias histórias?


FANGIRL era pra ser a história da Cath, mas acaba sendo muito mais a história da AnaLu, ou de qualquer pessoa que já tenha se apaixonado e mergulhado de cabeça num universo literário. (Quem nunca não é?) E como qualquer história real, teve seus pontos positivos e os negativos. Então vem comigo pra gente conversar um pouquinho dessa obra da Rainbow Rowell.

Quem acompanha o blog, leu há algum tempo a resenha de ELEANOR E PARK, também da autora. E a linha de escrita e aprofundamento das ideias no livro é parecida, embora FANGIRL tenha se mostrado, a meu ver, um pouco menos fraco do que ELEANOR E PARK.

Como vocês viram na sinopse, Cath é fanática pela saga fantástica que envolve Simon Snow e escreve a fanfic mais famosa desse universo. Até aí tudo bem, o problema é quando ela precisa sair da sua zona de conforto: o último livro da saga será lançado e ela acaba de entrar na faculdade para cursar Inglês. Nesse último ponto, o problema acontece em parte por o “ambiente” vir carregado de estigmas sobre como as pessoas deveriam se mostrar mais imersas na realidade do que na ficção, o que é o completo oposto de Cath.

Um dos pontos positivos é que, de alguma forma, todo fã vai se reconhecer em pelo menos alguma página do livro, e com certeza, muitos vão se identificar em muito mais do que apenas algumas partes, como foi o meu caso e já já explico o porquê. Cath tem uma irmã gêmea, Wren, que também vai para a mesma universidade. E embora sejam gêmeas, a autora traz uma proposta da irmã como o exato oposto de Cath. Enquanto uma é extrovertida, a outra quase foge de interações sociais. E, por falar nisso, vem aí uma primeira crítica à obra: assim como em Eleanor e Park, a autora tenta trazer discussões importantes para o livro, em FANGIRL a ansiedade e, em Eleanor e Park a questão de abusos e violência. O problema é que em ambos os casos não há um aprofundamento dessas discussões, que acabam ficando um pouco mal resolvidas e geram expectativas de soluções que poderiam ser inovadoras mas acabam sendo “mais do mesmo”.

Apesar disso, poucas vezes vi uma autora transmitir tão fielmente o que é ser um fã (mais precisamente o que é ser um fã em fase de crescimento). Nesse ponto a autora foi impecável e, poderia dizer que é realmente um presente de fã pra fã. Faz bem pouquinho tempo que deixei de ser caloura na faculdade e realmente é um momento de muita insegurança (que atire a primeira pedra quem nunca se preocupou com o que outras pessoas pensariam a seu respeito). Pra piorar tudo, Wren praticamente a abandona em função de uma vida mais “descolada” e pra conhecer pessoas novas. Assim, Cath, que já é ansiosa e introvertida, se vê completamente abandonada. Particularmente, posso dizer que me identifiquei em partes com as duas, embora a autora tenha tentado retratar os extremos dos dois lados, acredito que todos temos um pouquinho das duas versões.

Embora FANGIRL seja um romance, e a história tenha muito disso como foco, vou deixar vocês conhecerem os personagens mesmo e o desenrolar enquanto leem o livro, mas já adianto que embora alguns sejam extremamente cativantes, outros são um pouco forçados também. Mas nessa mistura toda, Cath acaba mostrando um crescimento pessoal e a história gira em torno disso e do romance que surge entre ela e Levi. Aliás, um romance com cara de que não daria certo mas surpreende por sua sensibilidade.

FANGIRL traz alguns trechos da fanfic que Cath escreve e da obra em si, e eu gostei dessa ideia, primeiro por que seria até incoerente não conhecermos Simon Snow, dada a obsessão da protagonista pela história. Mas também porque nos faz mergulhar um pouco melhor nesse universo deles. Inclusive, Simon Snow ganhou seu próprio livro, e pra quem curtiu a história pode procurar por Carry On e se aventurar nessa história também! Mas, voltando a FANGIRL, os trechos da obra e da fanfic poderiam ser um pouco menos frequentes porque, em alguns momentos, nos fazem perder um pouco a linha de raciocínio.

Então, pessoal, isso é um pouquinho do que eu tinha pra contar pra vocês, tem um bocado de coisa do livro que acabei não entrando em detalhes, principalmente na parte do romance em si, intencionalmente pra deixar vocês curiosos. Aproveitem a leitura!


AUTORA: Rainbow ROWELL
TRADUÇÃO: Lígia AZEVEDO
EDITORA: Seguinte
PUBLICAÇÃO: 2013
PÁGINAS: 2013


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