Em UMA DOR TÃO DOCE é 1997 e Charles Lewis passa os dias quentes das férias andando de bicicleta pela cidade. Às vezes ele também lê. Não há nada mais para fazer quando se está afastado dos amigos, a família está caindo aos pedaços e não se tem ideia de qual será o próximo passo. Mas os dias tediosos e vazios de Charlie estão prestes a ter fim. Ao se deparar com uma companhia de teatro ensaiando Romeu e Julieta, sua primeira reação é fugir, mas ele talvez tenha encontrado um bom motivo para ficar: Julieta. No caso, a atriz que vai interpretar a personagem. Fran Fisher, uma garota bonita, confiante e metida a artista.

Mas quem nos conta essa história, repleta de idas e vindas no tempo, não é o garoto Charles. É o adulto, que, às vésperas de seu casamento, rememora ― com uma mistura sutil de humor e melancolia ― um verão intenso, que moldou o homem que é hoje. Em semanas que marcarão sua vida, rodeado por textos do século XVI, figurinos, novas amizades e uma miscelânea de sentimentos inéditos, Charles desviará de conversas sobre o futuro enquanto tentará não ser devorado pela confusão de sua dinâmica familiar. E, ao lado de Fran, vai encontrar uma chance de se redescobrir e reinventar.

Antes de solicitar esse livro, já tive um contato anteriormente com o autor David Nicholls. Ao ler UM DIA, achei que a escrita dele fosse monótona por ser um encontro por ano, então não teria tanto sentimentalismo, correto? Errado. David Nicholls realmente tem uma escrita bem lenta, quase que tortuosa, e durante quase todo o livro é difícil manter-se ligado na história. E nem é pelo fato de a história ser ruim, aliás, nem de longe é ruim, acredito que se fosse escrita de forma mais corrida, seria muito mais fácil de focar nela.

Mas vamos aos personagens: Charlie é o fantasma da turma, assim como seu papel de Benvólio na peça, ele é neutro. Não criando brigas e nem defendendo ninguém, com notas medianas, não participando de nada. Este é Charlie, o esquecido. Seus amigos de escola são insuportáveis, Harper, Lloyd e Fox, fazendo bullying na escola e achando maravilhoso e incrível beber até cair, aliás o livro é cheio de momentos “alcoolizados” e em certo ponto drogas, tudo tratado como algo normal. Apenas para constar, eles tem 17 anos.

Quando Charlie invade um sítio e conhece Fran, o garoto que não se entusiasma com nada, finalmente é pressionado a fazer parte de algo. Fato sobre o livro: a história é contada depois de vinte anos por um Charlie adulto que está prestes a se casar.
Tenho certeza de que sentiria carisma pelo personagem se ele não fosse tão egoísta. Aliás a família dele toda é. A mãe que se separa do pai falido após trai-lo. A irmã que começa a tratá-lo como desconhecido após mudar junto com a mãe. Charlie por se afastar de todos achando que não merecia ter que passar por aquilo. A única pessoa que realmente tem algum motivo de estar triste ali, é o pai de Charlie, que desde o começo podemos ver que está depressivo  e nada bem. Ninguém se preocupa o suficiente para ajudá-lo. Charlie que é o único que mora na casa com ele, prefere ficar o dia todo fora e voltar apenas quando o pai esta dormindo para não ter que lidar com “aquilo”.

Observação de resenhista: Charlie e sua irmã Billie deram o apelido Papai Pirado, ao próprio pai.

Mas voltando ao romance principal: Fran parece ser a garota perfeita o tempo todo, ela tem talento, ela ajuda a todos, até os pais dela são perfeitos. E ela foi a personagem que eu mais tive conexão. Ela simplesmente sabia o que dizer, e dizia na cara de Charlie, e mesmo que ao meu ver a química entre eles não era tão forte assim, eu adorava as piadas dela. Até mesmo o personagem Charlie foi mais fácil de aturar quando ele estava com ela.

Enfim, vi UMA DOR TÃO DOCE como Charlie contando sua história não como adulto, e sim como um adolescente, se a ideia era ele ser adulto, sinto muito, fugimos dela. Não teve nem um pouco de química entre ele e a noiva, o autor focou tanto na história de verão que esqueceu de trazer o mínimo de paixão para a atual.

Os personagens secundários, Alex e Helen, foram muito mais apreciados durante a leitura. Acredito que se o livro fosse deles, teria sido mais fácil de ler, apesar de muitos defeitos pré-existentes em suas personalidades.

Como disse, UMA DOR TÃO DOCE é um livro monótono. Se você gosta da escrita de Nicholls, vai se apaixonar pela história. Mas pela minha experiência, não foi algo tão grandioso assim, é uma história boa, mas falta carisma e profundidade nos momentos certos.


AUTOR: David NICHOLLS
TRADUÇÃO: Carolina SERVATICI
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2020
PÁGINAS: 384


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