Numa misteriosa vila encravada no planalto central brasileiro, um povo sofrido luta bravamente para sobreviver aos desafios da natureza. É lá que Deati, a contadora de histórias local, irá se deparar com uma figura intrigante, um ser que emite luz pelos olhos e que talvez não seja exatamente o que parece ser. O amor que nascerá deste encontro será a chave para que a doença que vem matando as crianças nascidas naquela vila seja curada. E a epopeica busca desta cura nos levará por uma viagem pelo Brasil, em uma época bem, bem diferente da que estamos acostumados.

Tine é uma garota de 13 anos, divertida, tagarela, e que acaba por ter um encontro com Heitor, um dos cinco tripulantes de uma nave espacial que pousa na região. Depois de toda a vila tomar conhecimento dos viajantes, que consideram como deuses, Deati, uma espécie de guardiã das histórias de seu povo, começa um romance com Heitor. É formado um triângulo amoroso, uma vez que Lemaro, o melhor caçador da vila, gosta de Daeti, embora o sentimento não seja recíproco.

Em paralelo, acompanhamos outras tramas e romances, um deles com a própria Tine, além das interações dos outros tripulantes da nave e outros moradores da vila, bem como os planos de Veizar, a médica que acaba por ser a grande vilã da história. Aos poucos, conforme se apresentam, eles iniciam uma investigação e uma busca pela cura da doença que está matando as crianças, mas, infelizmente, a um custo que pode cobrar a vida de muitos.

A narrativa é em terceira pessoa, ágil e impregnada de muito humor e alto astral. A relação dos personagens, a evolução deles com o passar do tempo e dos acontecimentos, é algo que gosto de encontrar em uma obra, que precisa ser bem construída para que torne essa característica crível e natural. Encontrei isso em A SEGUNDA AURORA, que não é apenas uma ficção-científica, mas também um exemplo de como o conhecimento pode ajudar, de como aceitar quem é diferente, de como conseguir conviver com pessoas totalmente deslocadas em uma sociedade fechada e isolada.

Os destaques ficam por conta de Deati, uma mulher que se transforma em uma líder, e em Tine, uma garota que se transforma em uma mulher de força. É importante destacar que é a força feminina, tanto do lado heróico, como do da vilã, que movem a história, ainda mais em um povo que deveria ser majoritariamente controlado pelo homem. As duas personagens são apaixonantes, principalmente Tine, que diverte com seu atrevimento e maneira de se comportar.

A SEGUNDA AURORA descreve as melhores qualidades do ser humano, com um paralelo entre uma cultura atrasada com a vinda de um povo tecnologicamente superior, e em como esse contraste por afetar positivamente e negativamente essa cultura. Uma leitura deliciosa e uma grata surpresa.


AUTOR: Juliano RIGHETTO
EDITORA: Chiado
PUBLICAÇAO: 2018
PÁGINAS: 632


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