Hoje, dia 20 de outubro, é o DIA DO POETA,  uma data comemorativa não oficial, mas escolhida por uma razão muito especial: no dia 20 de outubro de 1976, em São Paulo, surgiu o Movimento Poético Nacional, na casa do jornalista, romancista, advogado e pintor Paulo Menotti Del Picchia. Paulo é conhecido, principalmente, por ter participado da Revolução Paulista, de 1932, como ajudante de ordens do governador Pedro de Toledo, e sobre a qual escreveu um livro. Também foi editor do jornal vespertino do Rio de Janeiro, A Noite, e da revista A Cigarra, entre 1920 e 1940. Em 1943 foi eleito para a cadeira número 28 da Academina Brasileira de Letras, tendo suas maiores obras, os romances Juca Mulato, de 1917, e Salomé, de 1940. Ainda em 1960, ele recebeu o Prêmio Jabuti de poesia. Del Picchia faleceu em 1988, em São Paulo. Então, para comemorar esta data, escolhi um livro que reúne diversas poesias criadas por pessoas que se reuniaram em uma página do Facebook para trocarem experiências sobre a dor do amor. A resenha abaixo foi escrita lá em fevereiro de 2017, mas acredito que vale muito a pena ler de novo, ainda mais para quem ainda não teve a oportunidade de ler o livro.

TEXTOS CRUÉIS DEMAIS PARA SEREM LIDOS RAPIDAMENTE, de fato intensos, realistas, mas também carregados pelos sentimentos que muitas das vezes se acumulam em nossos corações. É como uma enxurrada, uma expulsão de angústias, mas também de esperança e sensibilidade na forma de pequenos textos e de imagens, que podem representar (na forma do grafite preso ao papel, ou te tinta, no caso dos impressos), o que o coração tenta decifrar.

O livro se divide em quatro partes: na primeira, Para quando você se esquecer de mim, leva o leitor de volta às relações superficiais, sobre como dói saber que não fomos bons o bastante para sermos lembrados ou que não fomos o que as pessoas queriam ou precisavam para ficar. Sobre como é se sentir quando não se pode demonstrar tudo o que se é, simplesmente pelo fato de que as pessoas já não são capazes de suportar a ideia de sentir as pessoas de forma profunda. Ela nos coloca em conflito, questiona: o que faz as pessoas serem assim? Seria o fato de estarem machucadas demais pelo mundo? Ou seria o fato de estarem amedrontadas demais pelas histórias que ouviram sobre os casos falhos das outras pessoas?

eu não vou me desculpar por sentir tudo à flor da pele, quando relações pedem conexões e não o contrário.
que se desculpe você, que passou por mim e não se lembra o gosto do meu nome.

Na segunda parte, A memória é uma pele, o autor mostra uma sensibilidade em transmitir o que pensamos quando sentimos a saudade de alguma coisa que se foi. Trata-se das boas memórias que já não podem ser alcançadas, que se perderam pelas escolhas feitas na vida.

Na terceira, Para você não esquecer de sentir, somos bombardeados com a realidade de como é deprimente o “não sentir”, e sobre como isso torna as relações, e a própria vida, um conjunto de ações metódicas, repetitivas e realizadas apenas pelo hábito de se fazer a mesma coisa todos os dias. Essa parte nos coloca para pensar em: por que isso acontece? Por que passa a não ser importante dizer aquele pequeno detalhe, que insiste em nos chamar a atenção?

E, por último, A felicidade é uma arma quente, é como um reconhecimento, aquele que gostaríamos de ouvir das pessoas ao nosso lado, é também a compreensão de que não é fantasioso demais querer algo que te faça bem, porque embora não estejamos dando muita atenção às pessoas e até mesmo ao que nós mesmos fazemos, cada um de nós se esforça de alguma maneira.

quero saber se meu gosto ainda resiste
em viver na sua língua
enquanto você tenta
me esquecer beijando outros.

É um livro que realmente me tomou um tempinho pra ler, porque traz textos e imagens tocantes, que nos prendem e que nos fazem viajar na nossa própria existência e no que já experimentamos. A conexão entre o autor e quem lê é bem forte, e ao ler, temos realmente a impressão de que o autor está esvaziando a alma, na sua forma nua e crua, mas sem perder o encanto e a poesia.

Resenha escrita e publicada pela ANA LU, resenhista do blog, em fevereiro de 2017.


AVALIAÇAO:


AUTORES: Igor PIRES e Gabriela BARREIRA fazem parte do TCD, um coletivo literário de pessoas quem mantém uma comunidade no Facebook.
EDITORA: Globo Alt
PUBLICAÇAO: 2017
PÁGINAS: 300


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