Luigi Pirandello nasceu na cidade de Agrigento, na Sicília, em 1867, e foi um dramaturgo e poeta, cujo trabalho foi de grande importância para a renovação do teatro. Sua primeira peça foi O TORNIQUETE, escrita em 1899 e encenada pela primeira vez em 1910. Em 1934, Pirandello recebeu o Prêmio Nobel da Literatura.
OS GIGANTES DA MONTANHA foi escrita e reescrita ao longo da década de 1930, mas ficou inacabada devido à morte de Pirandello em 1936. Entretanto, antes de falecer, o autor chegou a contar para seu filho como ela terminava. A edição da Nemo, convertida para os quadrinhos, traz esse final devidamente adaptado, sem acréscimo de diálogos, apenas seguindo a descrição original de Pirandello.
Esta edição é baseada na montagem realizada pelo Grupo Balcão, companhia de teatro originária do teatro de rua de Belo Horizonte, que foi fundada em 1982, e que é mundialmente conhecida e respeitada. Idealizada e roteirizada por Inês Peixoto, que atuou na peça, ela condensou os diálogos do espetáculo, criando uma fusão da montagem do Grupo Galpão com o texto de Pirandello.
OS GIGANTES DA MONTANHA é uma fábula surrealista sobre o teatro, onde a companhia da Condessa Ilse, arruinada economicamente, chega a uma vila mágica, povoada por fantasmas e governada pelo Mago Cotrone. Ele avisa a Condessa de que o teatro precisa se reinventar pelos prodígios da poesia e da imaginação, mas ela se recusa a seguir conselho e insiste em prosseguir com suas apresentações pelo mundo afora. Mas o destino é trágico, quando eles chegam até os gigantes, um povo empreendedor, mas brutalizado pela força do pragmatismo.
As ilustrações de Carlos Avelino e Bruno Costa são de uma beleza incrível, com traços compridos, de contornos redondos e cortes bruscos,com a adição de cores fortes, que variam entre o lúgubre e o carnavalesco, mas em perfeita harmonia com os personagens e com a história. As expressões são desenhadas com a teatralidade de uma peça, com aquele exagero comedido, necessário para que a platéia consiga ver o que cada um dos atores representa sentir. Até mesmo os gestos são perfeitamente desenhados, com braços levantados além do normal, mãos na frente, a sensação dos gestos rápidos comuns no teatro.
A leitura da obra de Pirandello, mesmo sendo uma HQ, não é fácil. O texto é repleto de críticas, não apenas à sociedade, mas principalmente à visão que a maioria tem do teatro. Os diálogos são extensos e as atitudes de vários personagens parecem confusas em um primeiro momento, como sem uma lógica precisa, o que exige uma pausa para reflexão e uma posterior releitura para conseguir compreender o verdadeiro significado.
Acrescido, existe todo o tom fantástico e fantasioso, sendo os gigantes a alegoria mais direta, a representação de uma sociedade cada vez mais maniqueísta, mas industrializada, mais moderna, que exige a adaptação do teatro, uma renovação, mesmo que as raízes fiquem para trás. A companhia que não consegue enxergar essa mudança, é destruída.
OS GIGANTES DA MONTANHA é um quadrinho diferenciado, recheado de cultura teatral, rodeado pelo fantástico, com uma história importante sobre o teatro e sobre como é necessário mudar, evoluir, para conseguir prevalecer. A obra demonstra que certas batalhas já nascem perdidas, ou se tornam desnecessárias diante do inevitável. Para os amantes da arte teatral, é uma edição imperdível!
AVALIAÇÃO:
AUTOR: Luigi PIRANDELLO, Inês PEIXOTO e Gabriel VILLELA
ILUSTRADOR: Bruno COSTA e Carlos AVELINO
TRADUÇÃO: Beti RABETTI
EDITORA: Nemo
PUBLICAÇÃO: 2019
PÁGINAS: 104
COMPRAR: Amazon
Carl!
Primeiro que amei as ilustração, bem coloridas e alegres.
A escrita de um livro sobre críticas sobre como anda o teatro, principalmente aqui no Brasil, deve ser interessante mesmo que o final não tenha sido escrito, poderiam pelo menos ter colocado um adendo sobre o final que ele repassou para o filho.
cheirinhos
Rudy
Os desenhos são muito lindos mesmo!
Gigantes da Montanha é uma obra atemporal. Com críticas a sociedade, quem a governa, a desvalorização do teatro e consequentemente quem vive dele. Cabia lá na década de 30 e continua bem atual. Tudo isso permeado pelo bom humor.
Nem tão bom humor…
Teatro até um tempo atrás era considerado “coisa de rico”. Apesar de sim, ser feito por pessoas quase sempre muito simples. Engraçado e triste que se for para analisar, o teatro deve ter se iniciado no circo né? Não somente pelas cores, mas pela improvisação, pela vida complicada. Sei lá…acho que preciso ver isso!
Mas pelo que vi e li acima, esta Hq traz um pouco desta história, que mesmo tão colorida, traz as dificuldades, o preconceito sim mas também um pouco da vida as vezes feliz, destas pessoas que lutaram para levar sua arte a todos(e até hoje, lutam)
Adorei esse toque de fantasia no enredo!
Vai para a lista dos desejados com certeza.
Beijo
Logo de cara eu já me apaixonei pelas ilustrações, o traço, as cores, tudo deixou mais bonito. Aliás, parabéns pelas fotografias.
Gostei dessa trama, salvar um teatro mambembe (eu acho que é), uma companhia de circo. Tudo pela arte. Quero muito poder conferir essa estória de Pirandello. Ainda bem que ele contou para o filho o final da estória.
As ilustrações são demais, não é?
Que coisa mais linda!! Amo hq’s com expressões exageradas <3
Oi Carl, tudo bem?
Eu achei toda a arte da HQ muito bonita, mas não muito ligada nessas coisas de teatro. A mensagem que a história passa é interessante, sobre se reinventar para continuar existindo.
Olá! Numa primeira impressão e com esses desenhos tão lindinhos, já me vi lendo a história junto aos meus pimpolhos (sobrinhos), mas no decorrer da resenha percebi que a leitura será um pouco mais reflexiva e acho melhor começar sozinha mesmo (risos). Muito interessante ter a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre esse mundo, acho que essa pitada de crítica torna a leitura ainda mais interessante.
Olá!
Sou muito fã de teatro, acho uma coisa maravilhoso e uma forma incrível de se contar uma história. Um vez fui ao teatro ver a peça da A bela e a fera e me apaixonei, foi a última vez, quero muito poder ir em outras. O livro em si é maravilhoso, com certeza é aquele livro que faz você amar.
Meu blog:
Tempos Literários
Os desenhos são fantásticos, não é?
Que sorte Pirandello deixar o final contado para seu filho. Gosto quando a obra é acompanhada de uma boa crítica. Essa HQ é bem colorida, as ilustrações estão bonitas.
Oi!
Que massa, adoraria assistir em teatro.
Que legal a história do Pirandello em contar o final para seu filho.
As ilustrações me lembram algumas animações da Disney. Muito daora!
Olá, Carl
Pouco contato que tive com teatro foi na escola onde fazíamos peças de teatro e alguns atores da região vinha para a escola ou no próprio teatro da cidade.
Nunca tivemos peças de renome por conta de ser do interior de Minas , mas graças aos professores pude ter esse contato.
Adorei as ilustrações são lindas com cores vibrantes. Legal o autor se preocupar e passar o final para seu filho.
Espero ler e fiquei com uma vontade de ir ao teatro.
Beijos