Como sou muito fã de gibis e heróis, sempre ficava empolgado quando o Capitão Feio aparecia nas histórias da Turma da Mônica. Dava aquele gosto de aventura, aquele desejo de fazer parte da brincadeira e enfrentar um vilão que tinha um quê de bobo, e por isso mesmo, adorável.
A versão dos irmãos gêmeos, Magno e Marcelo Costa, para o personagem, segue o esperado. Como a pegada das MSP são um pouco mais maduras, adultas, eu já imaginava que fariam algo semelhante ao que se vê nas histórias dos personagens da Marvel e DC. O enredo não traz nenhuma surpresa, acontecem várias referências ao passado do vilão, como a forma que ganhou os poderes e o fato de ser tio do Cascão, entre algumas outras.
Mas as referências, ou a inspiração do roteiro, não se prendem apenas ao universo da turminha. É fácil identificar momentos trazidos de outras obras, como quando o personagem alça voo, bastante semelhante ao que Superman faz no filme do Zach Snyder; ou quando o Capitão Feio cria um monstro gigante de lixo e invade a cidade, para depois o monstro virar criaturas menores e obedientes, o que lembra muito a primeira aventura do Quarteto Fantástico e do Topeira; ou as situações em que o Capitão faz atos heroicos, que são confundidos pela população como ataques, lembra o Homem-Aranha e seu famigerado azar, uma vez que o herói foi por muito tempo visto como vilão, independentemente do que fazia de certo; ou quando o Capitão se esconde e é perseguido por uma organização desconhecida, o que lembra Bruce Banner e suas fugas do exército. Ou seja, a obra bebe, sem qualquer timidez, do universo de heróis já conhecido e estabelecido. Isso por um lado é bom, porque utiliza o que já se sabe que funciona. Mas por outro lado, não é tão bom, porque não apresenta nada de original ou de surpreendente.
A arte e as cores estão excelentes, demonstram o dom nato dos autores, e não ficam em nada a dever a outros artistas conceituados, tanto do Brasil, quanto de outros países. Os quadros em que acontecem lutas são bem dinâmicos, as posições do personagem são típicas do teatralismo dos heróis e vilões. Tudo está bem balanceado e de fácil percepção por parte do leitor.
Apesar de não trazer novidades, ou uma visão que surpreenda, é interessante ver como foi colocada a psicopatia do personagem. Fica nítido como ele sofre e como ele não consegue controlar seus atos e suas emoções. Seu desespero, que é atenuado por uma agressividade, resultado de sua situação caótica, fazem com que o leitor sinta pena e compreenda suas ações. É possível até torcer por ele, para que ele consiga se encontrar e controlar sua psique.
CAPITÃO FEIO: IDENTIDADE é uma edição que não abrilhanta a coleção, mas é muito bem-vinda, é feita com qualidade, apesar do roteiro clichê, e traz uma arte que demonstra a competência inequívoca de vários dos talentos nacionais. Não tenha medo de ler 😉
AVALIAÇÃO:
AUTOR: Magno COSTA é um quadrinista brasileiro. Ao lado de seu irmão gêmeo, Marcelo Costa, lançou em 2011 as graphic novels Matinê e Oeste Vermelho. No ano seguinte, os dois ganharam o 24º Troféu HQ Mix na categoria “Novo talento (desenho)”. Depois disso, Magno passou a fazer graphic novels sozinho, como Mary, de 2013, e A Vida de Jonas, de 2014, esta última tendo ganho o Troféu HQ Mix no ano seguinte na categoria “Edição especial nacional”.
EDITORA: Panini
PUBLICAÇÃO: 2017
PÁGINAS: 100
COMPRAR: Amazon
Carl!
Adorei as ilustrações, a história parece ser legal tbm, vou anotar essa dica e mostrar para o maridão que é fã tbm.
Bjs!
Nossa, deu vontade de reler todos os gibis da Turma da Mônica agora…
Só li um HQ na vida (sem ser da Turma da Mônica), quero muito entrar nesse maravilhoso e ilustrado mundo dos quadrinhos.
Acho que esse seria uma escolha bem certeira.
Oi!
HQ’s me fazem lembrar da infância, e é muito relembrar aquele tempo. As HQ’s da Turma da Mônica eram as minhas preferidas, lia e relia sem cansar. Gostei das ilustrações desta HQ, e parece conter uma história legal… faz tempo que não leio HQ’s.
Carl,
Juro que não lembrava desse personagem, só havia ligado ele ao Cascão porque achei a aparência parecida, só descobri em sua resenha que eles tinham parentesco.
Ainda não entendi se ele é vilão ou herói, me pareceu ter os dois lados, mas alguém com poderes que não consegue lidar com si próprio, não cai muito bem …
Sem dúvidas a edição é muito bonita.
Beijos
Olá! Gosto quando a história do “vilão” é tão bacana, que durante a leitura ele acaba ganhando nossa torcida. Acho que essas inspirações em outras obras só deixaram a HQ ainda mais interessante, quero muito conferir, só por esses desenhos já deu para vê que está maravilhosa.
Não gosto muito de HQs, mas essa parece ser mais adulta, com dramas mais adultos, diferentes e fortes.
As ilustrações são bem bonitas.
Anotei aqui, tô querendo comprar alguns e quem sabe passar a amar como amo romances também kkkk
bjs