A revolução francesa é um dos eventos mais conhecidos e admirados da história. Além de ter dado fim a uma monarquia esnobe que arrasou toda a população, iniciou a passos largos a instalação de uma república. Infelizmente, como quase todos os movimentos históricos, foi banhada a sangue nobre e pobre, sangue de culpados e de inocentes. ONDE A LUZ CAI vai acompanhar dois protagonistas vivendo nessa era corrida e conturbada que sacudiu toda a Europa no final do século 18.
Jean-Luc é um jovem advogado que abandona o interior da França rumo a Paris, capital da revolução e centro das mudanças. Lá ele deseja defender os pobres, oprimidos e ajudar a dar um fim no tormento do povo francês que foi financiado por muitos anos pela família real, agora deposta.
André é um ex-nobre que renunciou seu título injusto de nascença e se alistou no exército num momento complicado. Com o rei e a rainha da França presos, várias outras monarquias européias, com medo desse movimento chegar a seus países, declararam guerra a essa nova república. Quase sendo invadida, a república da França recruta todos os homens que pode para defender suas fronteiras e sua liberdade recém adquirida.
Na cidade, Jean-Luc é responsável por fazer o inventario de todas as posses confiscadas da nobreza, que agora serão distribuídas ao povo hipoteticamente. No seu tempo livre, também defende casos de pessoas oprimidas. Tudo muda quando é chamado para defender um ex-herói de guerra acusado de questionar as escolhas da nova república. André, sendo um amigo do acusado, se oferece para depor, sem saber o risco que isso iria causar para si mesmo, já que se apaixonou pela sobrinha do acusador.
A trama é uma daquelas que usa eventos reais como pano de fundo para personagens ficcionais, como o filme TITANIC e o livro UM BANQUETE PARA HITLER. Mas nada aqui foge do possível, todos os personagens e suas respectivas ações são daquelas que não seria difícil encontrar nessa época. Um jovem advogado sonhador que deseja fazer a diferença, um soldado que deseja provar o seu valor e uma jovem que não aguenta mais a interferência de parentes tiranos em sua vida.
Não é muito necessário ter grande conhecimento sobre a Revolução Francesa, a trama caminha de forma cronológica por todos os eventos e tudo é explicado com muita competência. Os autores se mostram mestres no assunto e quase não deixam nenhuma fase passar em branco. Detalhe para a excelente passagem de tempo da leitura, anos se passam, várias coisas acontecem ao mesmo tempo e em lugares distantes e nunca a leitura se torna pesada ou confusa. Os capítulos de ponto de vista para cada personagem, ajudam a criar na mente do leitor tempo e lugar, com um cuidado com os detalhes sem igual.
Uma população sofrendo e com sede de mudanças, morrendo de fome de pão e justiça. O livro passa pelo ódio generalizado das massas, que depois de tanta opressão, tem sede de sangue. Um dos eventos mais importantes da revolução foi a morte do Rei Luis XVI e de sua esposa, Maria Antonieta, condenados à guilhotina. A trama debate muito sobre os motivos e causas dessas mortes e de muitas outras. Estima-se que mais de trinta mil pessoas foram guilhotinadas, algumas por acusações fajutas ou inexistentes. Esse governo, que passava na mão de várias pessoas, com nenhuma fazendo bem o seu trabalho, se encerrou de uma forma que o mundo nunca vai esquecer: a posse de Napoleão Bonaparte, agora imperador da França. Durante o desenvolvimento de André podemos observar momentos importantes antes de Bonaparte assumir o país: seu total controle do exército Francês, a conquista de Malta e sua tentativa de invadir o Egito. E por incrível que pareça, tudo isso é trabalhado com calma e paciência, perdido aqui o leitor nunca ficará.
Uma das coisas interessantes da leitura é a proximidade com os eventos que nós, brasileiros, vivemos nos dias de hoje. Estamos cansados da corrupção e de políticos que só prometem ilusões. No livro, a população procura um salvador, alguém que vai botar ordem no país e com isso acabam enaltecendo um tirano que, como a história nos diz, levou grande parte do mundo para uma guerra sem precedentes. Cada página deste livro é um claro aviso de que o poder está nas mãos do povo, mas precisamos saber usá-lo com inteligência, escolhendo lideres justos e competentes. Não existe político salvador, o que ele fizer de positivo durante o seu cargo é apenas a sua obrigação, servir e respeitar o povo. Procure pesquisar e votar com cuidado, é o destino do seu país que está em suas mãos.
A leitura reserva momentos tensos e também românticos. A história de amor que vive André, serve para inspirar qualquer um. Mesmo com o apoio de poucos, ele nunca desistiu de Sophie, seu grande amor. Mesmo acusado, preso e exilado, seu amor não vacilou, aguardando a sua liberdade negada injustamente. E Jean-Luc, o jovem advogado humilde, ajudou a quem pôde e protegeu sua família contra tudo e todos. Os capítulos finais reservam muita emoção e um pouco de tristeza. Dar adeus a esses personagens foi difícil, mas depois de refletir sobre tudo aquilo que eles me ensinaram, eu vi que essa jornada valeu à pena. Um livro poderoso e impactante! Ensina ao mesmo tempo em que entretém. Grandioso do início ao fim.
AVALIAÇÃO:
AUTORA: Allison PATAKI é autora dos romances best-sellers The Traitor’s Wife e The Accidental Empress. Filha do ex-governador do estado de Nova York George E. Pataki, ela foi inspirada a escrever a respeito de Sissi graças às raízes profundas da família no antigo Império Austro-Húngaro. Pataki é cofundadora da organização sem fins lucrativos ReConnect Hungary. Ela se formou com honras em Inglês na Universidade Yale, contribui regularmente no The Huffington Post e também é membro da Historical Novel Society. Ela mora em Chicago com o marido e a filha.
TRADUÇÃO: Cristina ANTUNES
EDITORA: Gutenberg
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 364
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Desculpe, mas sinceramente não gostei.
Realmente não é meu gênero, e ainda não gosto muito da cultura francesa, e ainda mais da revolução, que vi alguns documentários sobre na época da escola, mas não entendi bem.
Não lerei, mas indicarei para alguns migos professores de história que sei que gostaram.
bjs