A vida de David e Cheryl Burroughs com seu filho, Matthew, parece um sonho. Até que o pior acontece. Depois de acordar no meio da noite coberto de sangue do próprio filho de 3 anos, David é condenado à prisão perpétua. E, embora ele saiba muito bem que não cometeu esse crime, as evidências são suficientes para colocá-lo atrás das grades.
Cinco anos depois, uma visita inesperada da irmã de Cheryl à cadeia vira de novo a vida dele de cabeça para baixo. Ela lhe mostra a foto que uma amiga tirou num parque temático. No fundo da imagem, quase fora do quadro, há um menino muito parecido com Matthew. Por mais inacreditável que pareça, David simplesmente sabe: o garotinho na fotografia é Matthew, e ele ainda está vivo.
Agora David está determinado a fazer o impossível: fugir da penitenciária de segurança máxima para salvar seu filho, limpar sua reputação e descobrir toda a verdade por trás daquela fatídica noite.
Quando um autor escreve muitos livros, principalmente dentro do mesmo gênero, é comum ver altos e baixos na qualidade das histórias. É difícil manter o mesmo padrão o tempo todo, então alguns livros acabam sendo melhores que outros. Acho que isso se aplica ao Harlan Coben, que na minha opinião, sempre foi um autor mediano em suspense e mistério. Os livros dele são escritos de um jeito acessível, pensando em agradar todo tipo de leitor, e isso atrai muitas pessoas justamente pela simplicidade da escrita e da trama. Isso não é necessariamente um ponto negativo; na verdade, mostra que ele escolheu um caminho que funciona bem, mantendo uma qualidade constante, embora sem grandes inovações.
“Eu vou te encontrar” segue exatamente essa fórmula: apresenta um mistério; tem alguém que é condenado injustamente; essa pessoa ganha uma nova chance; embarca em uma jornada de redenção; descobre os verdadeiros culpados; e consegue retomar sua vida. Essa sequência de eventos se repete em muitos dos livros de Coben e sempre dá certo. Por quê? Porque o que realmente atrai os leitores desse gênero é a curiosidade de desvendar o mistério, de acompanhar o caminho do herói e de sentir a satisfação de ver tudo se resolver no final.
Como mencionei, essa fórmula não é um problema ou um defeito; é uma escolha criativa e comercial que agrada a muitos, incluindo a mim. O verdadeiro problema surge quando o autor perde a criatividade e a capacidade de desenvolver um enredo coerente. Isso acontece em “Eu vou te encontrar“, que começa com um enigma intrigante, apesar de um início um pouco arrastado. No entanto, a história se perde completamente na conclusão, fazendo conexões abruptas entre heróis e criminosos de uma forma que parece forçada e mantida em segredo do leitor na maior parte do livro.
Na verdade, a solução do mistério em “Eu vou te encontrar” lembra muito os dramas mexicanos, nos quais a relação entre alguns personagens é mantida em segredo até ser revelada de forma dramática, como durante uma discussão ou no clímax de um confronto. Isso deixa o leitor surpreso, sentindo que perdeu alguma pista ao longo do caminho. Mas, na realidade, ele nunca teve chance de adivinhar, porque simplesmente não foram dadas pistas. O clímax do livro acontece exatamente assim: uma briga familiar que termina em tragédia, sem que o leitor tenha qualquer oportunidade de descobrir isso antes da revelação final.
Pelo que escrevi até agora, você pode pensar que não gostei de “Eu vou te encontrar“. Mas é justamente o oposto: eu gostei do livro. Como já mencionei, os livros de Coben são feitos para agradar a diversos tipos de leitores. O que quero ressaltar é que é um livro comercial, feito para entreter. Você vai se divertir, ter surpresas, fazer descobertas e depois partir para o próximo livro. Um ou dois meses depois, provavelmente não se lembrará dos detalhes da história. Não é o tipo de livro que deixa uma marca duradoura na memória, mas serve muito bem para entretenimento, o que já é bastante valioso.
AVALIAÇÃO:
AUTOR: Harlan Coben TRADUÇÃO: Leonardo Alves EDITORA: Arqueiro PUBLICAÇÃO: 2024 PÁGINAS: 288 COMPRE: Amazon |