
Assim que acorda, Hannah se depara com uma tragédia: metais retorcidos, vidros estilhaçados e uma verdadeira carnificina. O ônibus em que ela e outros alunos de uma universidade estavam sofreu um acidente em plena nevasca, e agora a jovem e alguns poucos sobreviventes estão presos ali. Para escapar, precisarão trabalhar juntos ― e fazer de tudo para manter a sanidade e os segredos intactos.
Meg desperta em um teleférico enguiçado entre montanhas cheias de neve, acompanhada por cinco outras pessoas e sem nenhuma lembrança de como foram parar ali. Eles estavam a caminho de um lugar conhecido como “O Refúgio”, mas, à medida que a temperatura cai e as tensões aumentam, Meg percebe que talvez nem todos cheguem vivos até lá.
Carter está em um local isolado, observando a vista montanhosa pela janela. Ele e os companheiros estão passando por um momento delicado: uma tempestade se aproxima, e o gerador do lugar está sofrendo com quedas de energia que podem deixá-los vulneráveis não apenas às criaturas sinistras do lado de fora, mas aos perigos que habitam o próprio abrigo em que se encontram. Em pouco tempo, as relações serão testadas e o pesadelo se tornará ainda mais real.
Hannah, Meg e Carter são parte de um mesmo quebra-cabeça, e os três correm risco de vida. Em cada uma dessas situações, se esconde um assassino. Será que algum deles conseguirá sobreviver? Ou a ameaça ainda maior que os assombra finalmente será capaz de destruir toda a humanidade? Só existe uma forma de descobrir: se lançando de vez no caos.
“Tormenta” se diferencia dos outros livros da autora porque não tem nada de paranormal. Em vez disso, nos leva a um futuro apocalíptico com um clima distópico, onde acompanhamos uma trama de investigação, dedução e vingança. Os capítulos são narrados em terceira pessoa e se revezam entre três personagens, revelando pouco a pouco por que algumas pessoas estão sendo mortas e quem pode ser o responsável, seja um grupo ou apenas uma pessoa.
No começo, tudo parece solto e sem ligação, mas, conforme avançamos na leitura, percebemos que existe uma conexão entre os acontecimentos, apesar de estarem separados no tempo. Na verdade, as histórias desses personagens não acontecem ao mesmo tempo, e essa diferença é fundamental para que possamos entender e desvendar os mistérios por trás de cada cena.
Hannah, Meg e Carter são bem diferentes, assim como as histórias de cada um. Até mais da metade de “Tormenta”, parece que cada trama poderia ser um livro separado, pois cada uma tem seu próprio mistério. Só depois desse ponto as conexões começam a aparecer. Confesso que tive mais simpatia e empatia por Hannah e Meg, que vivem situações em lugares bem limitados, como um ônibus e um teleférico, onde ocorrem os crimes. Esse espaço reduzido aumenta a sensação de perigo, mistério e urgência. Mesmo parecendo frágeis, elas estão decididas a descobrir quem são os assassinos e a se salvar.
A história de Carter é mais ampla, acontece em diversos lugares e tem uma pegada mais distópica, o que talvez faça tudo parecer mais confuso e sem um rumo definido. Também há crimes, mas não são tão envolventes quanto os de Hannah e Meg, na minha opinião, talvez por terem menos reviravoltas. Sabemos que alguns coadjuvantes que aparecem com Carter vão morrer (e de fato morrem), mas fica claro que existe alguém mentindo sobre quem é e cometendo esses crimes, e o culpado acaba sendo bem óbvio. Isso não quer dizer que os capítulos de Carter sejam ruins, só não são tão fortes quanto os das outras duas personagens.
“Tormenta” traz alguns elementos pós-pandemia, como a autora confirma nas notas finais de agradecimento. A ideia do livro surgiu antes da Covid, mas a escrita ocorreu durante, e isso fica perceptível nos motivos que levaram à criação do “Refúgio” para onde os três personagens estão indo. Não é algo que domina a história toda, mas a paranoia e o medo de uma doença que mata aos poucos são traços herdados pelos sobreviventes dos anos de pandemia.
O desfecho de “Tormenta” é um pouco diferente dos outros livros da autora. A trama fica bem fechada, com algumas surpresas, mas não espere um final feliz. Ao mesmo tempo, não é algo pesado. Os motivos para esse final mais agridoce são coerentes e tornam mais fácil aceitar como tudo termina. E, apesar disso, o final é bom.
Não há muitas lições a serem tiradas de “Tormenta”. O livro é mais uma aventura de mistério com elementos distópicos e de ficção científica, que prende pela curiosidade de saber o que vai acontecer com os três personagens, qual a ligação entre eles, quem são os assassinos, seus motivos e como funciona o plano de vingança. É uma leitura envolvente e que mantém a qualidade da autora.
AVALIAÇÃO:
AUTORA: C. J. Tudor TRADUÇÃO: Thaís Britto EDITORA: Intrínseca PUBLICAÇÃO: 2025 PÁGINAS: 336 COMPRE: Amazon |