O livro se passa em Jerusalem’s Lot, uma pequena cidade na Nova Inglaterra, e segue a vida de três pessoas que são de fora do lugar. Ben Mears, um escritor que passou parte da sua infância na cidade e voltou para enfrentar seu passado, Mark Petrie, um garoto que adora monstros e filmes de terror, e o Senhor Barlow, um homem misterioso que resolve abrir uma loja na cidade.
Com a chegada deles, coisas estranhas começam a acontecer que mudam o dia a dia pacato de Jerusalem’s Lot. Uma criança é encontrada morta, pessoas começam a desaparecer sem deixar rastro e outras pegam uma doença misteriosa. A morte começa a cercar a cidade com uma presença sinistra e tanto Ben quanto Mark são forçados a tomar a única decisão possível para quem sobreviveu à essa calamidade: tentar fugir.
Mas fugir não será fácil. Agora, os destinos de Ben, Mark, Barlow e da própria Jerusalem’s Lot estão inseparavelmente conectados.
“SALEM“, também conhecido como “A HORA DO VAMPIRO“, é um dos livros mais famosos de Stephen King e um marco no gênero de terror. Lançado em 1975, este foi o segundo romance de King e ajudou a consolidar seu estilo único. Nele, King mistura elementos de terror sobrenatural com um profundo realismo psicológico para explorar os medos mais profundos das pessoas. A ideia de um mal antigo assombrando uma pequena cidade é um tema comum nas obras de King. “SALEM” se conecta com outros livros dele, como “IT” e “A TORRE NEGRA“. King mencionou que o personagem Padre Callahan, que aparece em “SALEM“, também tem um papel importante em “A TORRE NEGRA“.
A história de “SALEM” se desenvolve lentamente, criando uma atmosfera carregada de tensão e medo. Stephen King usa o ponto de vista de terceira pessoa para mergulhar nos pensamentos e sentimentos dos personagens, ao mesmo tempo em que mostra como a cidade muda aos poucos sob a influência do mal. Ele habilmente mistura histórias pessoais com a trama principal, enriquecendo o mundo do livro e trazendo mais profundidade. Em vários capítulos, King detalha meticulosamente as atividades diárias dos personagens. Isso não só mostra como eles interagem e se conectam, mas também como a ameaça dos vampiros se infiltra de forma sutil na cidade. Esses detalhes ajudam o leitor a perceber como o terror se espalha quase imperceptivelmente, notado apenas por pequenos sinais ao longo da narrativa.
Ben é o personagem central de “SALEM“, mas não está sozinho no foco da história, pois outros personagens também são muito importantes e aparecem constantemente ao longo do livro. Ben é um escritor que volta a Jerusalem’s Lot, a cidade também conhecida como ‘salem, para enfrentar um trauma que viveu no passado e escrever sobre o lugar onde isso aconteceu.
Como é comum nas histórias de Stephen King, há sempre um local enigmático com um passado sombrio, e em “SALEM” não é diferente. Esse lugar é a Casa Marsten, uma residência que esconde segredos e histórias assustadoras. Quando criança, Ben entrou na casa por causa de um desafio feito por outras crianças e viu algo sobrenatural que o deixou assustado por muitos anos. Agora adulto, ele quer usar essa experiência assustadora como parte do seu novo livro.
Quando Ben chega à cidade, ele conhece Susan e os dois logo se dão muito bem. Rapidamente, esse vínculo se transforma em amor. Susan ajuda Ben a se reintegrar na comunidade e o põe a par dos acontecimentos dos últimos anos da cidade. Ela recentemente saiu de um relacionamento complicado e tem uma mãe bastante autoritária que vive criticando suas escolhas. Felizmente, ela conta com o apoio de seu pai, que sempre está ao seu lado, especialmente nos momentos em que ela precisa lidar com as críticas da mãe.
Além de Ben e Susan, outros três personagens também se destacam na história. O primeiro é o Padre Callahan, uma figura chave na luta contra os vampiros que invadem a cidade. Ele tem um papel importante, mas seu destino parece incompleto no livro, já que ele aparece novamente mais tarde na série “A TORRE NEGRA“.
Outro personagem importante é Matt Burke, um professor da escola local que rapidamente se torna um aliado crucial de Ben na batalha contra os vampiros. Matt ajuda a juntar peças importantes do quebra-cabeça sobre o que está acontecendo na cidade.
Por fim, temos o jovem Mark Petrie, que se torna um dos personagens centrais da história, apesar de só aparecer após a metade do livro. Isso é algo típico nos livros de Stephen King, que costuma introduzir personagens importantes mais tarde na narrativa. Mark é notável por sua coragem e inteligência, além de ter um conhecimento impressionante sobre vampiros. Esse conhecimento ele adquiriu através de sua paixão por livros e quadrinhos, o que o torna especialmente preparado para enfrentar as criaturas sobrenaturais que ameaçam a cidade.
E por fim, temos os vampiros, as sinistras criaturas da noite com dentes afiados e uma sede insaciável por sangue. Esses vampiros seguem as regras clássicas: eles detestam cruzes e luz do sol, só podem entrar em casas se forem convidados, e têm o poder de hipnotizar as pessoas, controlando suas ações. Esses são os vampiros tradicionais, nada de brilhar ao sol ou ter poderes extraordinários. O líder dos vampiros é Kurt Barlow. Ele e seu assistente humano, Richard Straker, escolhem a Casa Marsten como sua base. Straker, cuidando dos preparativos, aluga a casa para que Barlow possa executar seu plano de transformar os moradores de ‘salem em vampiros, espalhando o terror pela cidade.
Na primeira metade de “SALEM“, o foco é apresentar os personagens, a chegada de Barlow e Straker, o começo das mortes misteriosas que se espalham pela cidade, os segredos do passado da Casa Marsten, e a descoberta de que vampiros são reais. A segunda metade do livro é dedicada ao confronto direto com essas criaturas. Esta batalha é intensa e segue as regras clássicas dos filmes e livros de vampiros.
Os personagens enfrentam os vampiros com estacas de madeira, colocam cruzes nas testas dos infectados, e observam os corpos dos vampiros queimarem ao serem expostos ao sol. Há cenas de tensão com sangue jorrando quando os vampiros mordem as jugulares de suas vítimas. Além disso, há momentos de susto e tristeza, especialmente quando personagens principais encontram seu fim nos dentes desses sinistros predadores.
Ben e Mark formam uma dupla inesperada. Eles não são os típicos heróis destemidos que enfrentam vampiros de igual para igual. Ao contrário, eles sentem medo e não têm vergonha de fugir quando percebem que não têm chance de vencer. Essa reação aparece em várias partes do livro e torna os personagens mais reais. Parece que Stephen King escreveu esses personagens pensando em desenvolvê-los mais no futuro, talvez numa continuação, principalmente porque o livro termina com um gancho envolvendo os dois. Infelizmente, essa continuação nunca aconteceu.
Mesmo sendo apenas o segundo livro de Stephen King, “SALEM” já exibe muitas das características que fizeram dele um autor de grande sucesso. Uma delas é a habilidade de transformar o cotidiano em algo fascinante, cheio de detalhes e profundidade. King também é mestre em criar personagens complexos, com um passado, presente e um futuro plausíveis, fazendo com que os leitores acreditem neles, mesmo que sejam personagens secundários que aparecem apenas brevemente. Para alguns, esses detalhes podem parecer excessivos, mas para outros, como eu, eles adicionam um sabor especial que torna a leitura única e memorável. Portanto, embora “SALEM” possa ter partes que pareçam longas para a maioria, para os fãs, esses momentos são cheios de riqueza e prazer.
“SALEM” se destaca principalmente pela maneira como cria uma atmosfera densa e envolvente e pelo desenvolvimento aprofundado de seus personagens. King tece habilmente uma história de terror sobrenatural, retratando com precisão a vida em uma pequena cidade, com todas as suas complexidades sociais e humanas. A maneira como o suspense e o horror se desenvolvem gradualmente permite que os leitores mergulhem por completo na sensação crescente de desespero e na luta angustiante dos personagens para salvar a si mesmos e ao lugar onde vivem.
King tem um talento notável para transformar o cotidiano em algo sinistro e assustador. “SALEM” vai além de um simples conto de terror; é uma exploração profunda do medo, do isolamento e do eterno conflito entre o bem e o mal. A narrativa cativante e a construção cuidadosa do suspense são pontos fortes que capturam a atenção dos leitores até o final impactante.
AVALIAÇÃO:
AUTOR: Stephen King TRADUÇÃO: Thelma Médici Nóbrega EDITORA: Suma PUBLICAÇÃO: 2013 PÁGINAS: 464 COMPRE: Amazon |