Lor e seus irmãos estão há onze anos em Nostraza, a prisão do Reino de Aurora, e o último lugar em que qualquer um gostaria de estar. Até que, depois de uma libertação inesperada, Lor descobre que foi convocada para participar das Provas da Rainha Sol, uma competição de vida ou morte entre dez mulheres cuja vencedora se tornará a nova esposa do rei.

A jovem não está nem um pouco interessada em casamento ou amor ― mas sim na liberdade (e na possibilidade de vingança) que a vitória significa. Porém, Lor definitivamente não pertence àquele lugar, e precisará confiar nas pessoas certas e dar tudo de si para sobreviver às Provas ― e qualquer passo em falso pode pôr tudo a perder.

Li A RAINHA SOL depois de ler A SERPENTE E AS ASAS FEITAS DE NOITE. Resenha aqui. Notei que ambos compartilham a mesma fórmula de história e personagens, algo que também se repete em outros livros como CORTE DE ESPINHOS E ROSAS, PRÍNCIPE CRUEL, DE SANGUE E CINZAS, QUARTA ASA, DIVINOS RIVAIS, ASSISTENTE DO VILÃO, PARA O TRONO e muitos outros. Esses livros geralmente mostram uma garota que enfrenta grandes desafios, encontra um parceiro masculino rude mas valente que acaba sendo seu interesse amoroso. Inicialmente, ela se envolve com alguém que parece perfeito, gentil e bonito, mas que no fim a trai e revela sua verdadeira natureza. Essa repetição de estrutura não parece incomodar as leitoras. A RAINHA SOL ainda mistura elementos de A SELEÇÃO, além de ter um pouco do clima de competição de BATTLE ROYALE e JOGOS VORAZES. Em resumo, o livro não traz muita novidade, nem em ideias nem na trama.

A RAINHA SOL frequentemente retrata sua protagonista, Lor, enfrentando situações traumáticas relacionadas ao sexo. Ela se vê forçada a trocar favores sexuais por coisas triviais, como um sabonete, o que diminui a seriedade de suas escolhas e transforma seus sacrifícios em atos comuns. Essa abordagem não é única desse livro, pois muitas obras parecem insistir na ideia de que a sexualidade é a principal ferramenta das mulheres. Além disso, há uma tendência em retratar as personagens femininas como ingênuas e superficiais, facilmente enganadas por homens atraentes, o que também é o caso de Lor.

Lor é uma personagem que demonstra grande força, especialmente no início da história, quando faz de tudo para proteger seus irmãos. Ela mostra determinação e coragem, mantendo-se firme na maior parte do tempo. No entanto, sua personalidade muda quando interage com Atlas, o rei que está escolhendo uma rainha entre dez candidatas. Nesses momentos, Lor abandona sua postura forte e se comporta como uma adolescente ingênua, facilmente influenciada e enganada por conversas pouco convincentes, similares às que se encontrariam em um drama de baixa qualidade. Essa mudança de comportamento destoa do resto de sua atitude e parece diminuir a complexidade de sua personagem.

Felizmente, as cenas em que Lor interage com Atlas são poucas. Na maioria das outras partes do livro, apesar dos problemas mencionados anteriormente, Lor consegue ser uma personagem cativante, tornando a leitura mais prazerosa e emocionante. É uma pena que a autora não tenha conservado a consistência da personagem, optando por desenvolver uma relação forçada entre Lor e Atlas que não convence, parecendo uma escolha pouco sensata apenas para tentar surpreender com a revelação dos verdadeiros planos de Atlas no final.

O torneio organizado por Atlas, que é o centro da trama, quase chega a ser absurdo. A competição envolvendo dez mulheres parece sem propósito, já que Atlas demonstra interesse em Lor desde o começo devido aos seus planos. Argumentar que a competição é uma tradição necessária para o casamento não faz sentido, principalmente considerando que Atlas já interrompeu eventos semelhantes antes sem enfrentar oposição. Além disso, o título do livro, A RAINHA SOL, acaba revelando o suposto grande mistério da história. Desde as primeiras páginas, e ao longo do livro, muitos personagens questionam por que Atlas e o rei Aurora, líder do país vizinho, estão tão interessados em Lor e o que ela tem de tão especial. Ao mesmo tempo, há menções constantes sobre a coroa da Rainha Sol buscando sua herdeira, o que torna o desfecho bastante previsível.

A RAINHA SOL foi uma leitura mais fácil para mim do que A SERPENTE E AS ASAS FEITAS DE NOITE. Lor me pareceu mais convincente como heroína, exceto nas partes em que interage com Atlas. O livro tem menos romance, novamente com exceção das partes com Atlas, e isso funcionou para mim. As interações de Lor com outros dois personagens, Gabriel, que é o chefe da guarda de Atlas, e Nadir, o príncipe de Aurora, foram mais interessantes e divertidas. De fato, acredito que se pudéssemos simplesmente eliminar as partes em que Lor e Atlas estão juntos, o livro seria muito melhor.

Como é comum em livros desse tipo, A RAINHA SOL tem continuação, e neste caso, são quatro volumes no total. Pessoalmente, não estou inclinado a continuar com a série, principalmente porque prevejo que os próximos livros vão colocar Lor em uma situação romântica com Gabriel e Nadir. Provavelmente, ela ficará dividida entre os dois e terá que fazer uma escolha. Para mim, é demais. No entanto, para quem gosta desse estilo de história, com triângulos amorosos e decisões forçadas, provavelmente vai encontrar muito prazer nessa série.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Nisha J. Tuli
TRADUÇÃO: Guilherme Miranda
EDITORA: Seguinte
PUBLICAÇÃO: 2024
PÁGINAS: 368
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