Uma pessoa marcada pela dor é capaz de tudo. Até de matar. O jovem Daniel era um artista. Desenhista talentoso, criava histórias em quadrinhos e levava uma vida relativamente tranquila morando em seu barco num canal de Londres. Até que um dia, Daniel foi encontrado morto no chão do barco. Sangrou através dos cortes por golpes de faca e a vida se esvaiu de seu corpo.
Em meio às pessoas que o rodeiam – familiares, vizinhos e interesses amorosos -, algumas carregavam marcas e traumas que poderiam levá-las a uma atitude insana como essa num momento de loucura. E, aparentemente, todas teriam algum motivo para querer Daniel fora do caminho.
EM FOGO LENTO caminha entre dois estilos diferentes, o drama e o mistério. Cada personagem possui um passado que é esmiuçado pela autora de forma a criar substância e construir várias linhas narrativas que em algum momento do final irão se encontrar e explicar o motivo e quem matou Daniel.
Entretanto, essa escolha empurra a expectativa para o fundo, uma vez que ficamos concentrados no passado dos personagens e em como esse passado os afetou até o presente. Queremos passar logo por essas páginas para descobrir os motivos do crime, mas isso demora.
Essa lentidão não seria um problema se os personagens fossem cativantes. Pelo menos a maioria. Mas, para mim, todos são chatos, desagradáveis, com os quais não consegui criar qualquer empatia ou mesmo simpatia. Nem sequer por aquela que seria a principal, Laura, que possui graves problemas psicológicos e um passado violento de abusos. Seria fácil gostar dela, mas ela se comporta de forma tão agressiva, tão rude, que ficou difícil.
Também existe um problema de personagens demais e muitas páginas de história entre eles. Pode ser que o leitor precise voltar atrás para lembrar quem é quem, e isso comprova que realmente não existe um real interesse nessa descoberta.
O final de EM FOGO LENTO é inteligente, mas não surpreendente, mas pelo menos consegue entregar uma satisfação pelo que foi lido. Não sei se gostei do livro. Não tinha qualquer expectativa antes da leitura, e acho que ao terminar, fiquei com a mesma sensação de desinteresse, infelizmente.
AUTORA: Paula Hawkins
TRADUÇÃO: Flávia de Lavor
EDITORA: Record
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 336
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