Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre, filha de um casal de mercadores, é forçada a se tornar uma caçadora para ajudar a família. Após matar uma fada zoomórfica transformada em lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação. Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira que ela só conhecia através de lendas , a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la… Ou Tamlin e seu povo estarão condenados.

Eu não sabia bem o que encontraria na leitura de CORTE DE ESPINHOS E ROSAS, mas fiquei surpreso por se tratar, na sua maior parte, de uma releitura do clássico A BELA E A FERA. Existem trechos que são muito parecidos, além do casal principal, óbvio. Entretanto, também existe muita coisa diferente, como o mundo onde se passa a história, os poderes dos personagens, a presença de vários monstros e inimigos, além de toda uma fantasia que é bastante original e intrigante.

A relação entre o casal principal, Feyre (a Bella) e Tamlin (a Fera), segue o mesmo roteiro do clássico infantil: medo, repulsa, aceitação, curiosidade, simpatia, admiração e, finalmente, amor. A forma como tudo isso acontece é natural, sem pressa, convincente. Aliás, essa é uma das características positivas da obra: a autora narra tudo sem pressa, com os detalhes necessários para o leitor se acostumar e aceitar as coisas fantásticas que estão acontecendo, e tudo isso sem ser maçante, ou ter partes desnecessárias, o que é difícil de se conseguir.

Feyre é uma garota autoritária, atrevida, que não aceita as coisas de forma diferente daquelas que ela planeja. Isso se deve ao fato de carregar nos ombros a responsabilidade de prover alimento e proteção para seu pai e as duas irmãs. Essa personalidade se mantém por toda a história, e somada à coerência das decisões que Feyre toma, demonstra o cuidado que a autora teve com seus personagens.

Tamlin é inicialmente o vilão que se transforma em herói ao longo da história. Por quase todo o livro, ele é a presença ameaçadora que mantém todos ao seu redor protegidos das ameaças externas, ao mesmo tempo que consegue demonstrar um carinho e uma paixão por Feyre. Essa dureza em choque com sua leveza é a mesma do clássico infantil, e funciona muito bem no livro.

Apesar de Feyre e Tamlin serem os personagens principais, dois secundários roubam o interesse do leitor de forma inequívoca: Lucien, o amigo mais próximo de Turien e seu braço direito; e Rhysand, o inimigo natural de Tamrin.

O leitor nunca sabe quem é Lucien. Ele gosta de Feyre? Ele odeia? Ele realmente é amigo de Turien? Ele tem algum plano secreto? Ele é mau? Ele é bom? A dualidade do personagem conquista na mesma proporção que surpreende. Ao mesmo tempo que ele ajuda Feyre, nessa atitude ela acaba entrando em perigo. Da mesma forma que ele é simpático, ele consegue ser ameaçador. Não há como ficar impassível diante do personagem. Excelente!

Já Rhysand, apesar de ser o inimigo do herói do livro, consegue criar uma empatia com o leitor por suas atitudes com Feyre e por demonstrar que, no fundo, ele não é tão mau assim. Ele poderia até conseguir ser mais interessante que Lucien, mas a autora cria um interesse romântico com Feyre, formando um triangulo amoroso que diminui a força do personagem.


AUTORA: Sarah J. MAAS
TRADUÇÃO: Mariana KOHNERT
EDITORA: Galera
PUBLICAÇÃO: 2015
PÁGINAS: 434


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