Mesmo vivendo no ano de 2044, Wade Watts é um garoto como qualquer outro de hoje em dia: ama video-games. No caso dele, o objeto de sua afeição é o tal OASIS, um console onde cada pessoa tem um avatar, que pode ter ou não a sua aparência, e participa de um universo de planetas com suas próprias características e funções.

Por exemplo, existem planetas de séries, de jogos, de desenhos ou educacionais, com escolas e universidades. Todos os integrantes são virtuais e é necessário um Tardis (a cabine telefónica que serve de nave do tempo na série Dr. Who), para viajar de um lugar para o outro. Wade é pobre, mora no trailer dos tios e se refugia no OASIS para fugir de seus problemas. Lá ele é popular, tem dinheiro e, dentro do possível, possui as coisas que nunca poderia ter na vida real.

Mas tudo muda quando o dono do OASIS, Halliday, morre e não deixa herdeiros. Deixa, sim, um desafio: quem encontrar os cinco ovos de Páscoa (são trechos de código que não fazem parte do jogo, mas executam alguma brincadeira), que ele escondeu dentro do OASIS, vira o dono de sua empresa. Então, a corrida começa, uma vez que qualquer jogador do planeta tem chances de encontrar as pistas para os 5 ovos.

JOGADOR NÚMERO UM é um livro de extremos opostos. Quem tiver menos de 30 anos, não vai entender ou aproveitar a maioria das referências que o livro faz, uma vez que elas se concentram na cultura pop dos anos 80. Quem tiver mais do que 30 anos, vai amar. E como essas referências ocorrem? Nesse ponto, o leitor terá que usar bastante de sua imaginação. Quem faz parte do primeiro grupo, recomendo que pesquise na Internet pelas referências, porque todas valem muito a pena. Como as pistas estão dentro do OASIS, e este é um mundo virtual, Wade precisa entrar nos episódios de séries e interagir com a ação, como se fizesse parte daquela série.

Você lerá sobre os Caça-Fantasmas, Curtindo a Vida Adoidado, Caras e Caretas, Clube dos Cinco, Gatinhas e Gatões, Mulher Nota Mil, Star Wars, O Senhor dos Anéis, Matrix, De Volta para o Futuro, Indiana Jones, Mad Max, jogos do Atari, MegaDrive, entre muitas outras referências. O final do livro é uma batalha de cultura pop. Você verá desde naves de Star Wars, até monstros de Ultraman e Jaspion. Tudo em uma batalha para conseguir o último ovo de Páscoa. E em várias dessas séries e filmes, Wade interage, passa a fazer parte da série, como se fosse um personagem. É como o sonho que todos nós temos, quando amamos algo, e sentimos aquele desejo de fazer parte disso. Afinal, quem nunca sonhou em entrar no Millenium Falcon, de Star Wars? Ou fazer parte da tripulação da Enterprise, de Star Trek? No OASIS, isso é possível.

De qualquer forma, mesmo se você tiver menos de 30 anos (e sei que 90% dos leitores fazem parte desse grupo), recomendo a leitura e a pesquisa paralela. Você vai conhecer um mundo pop do qual não participou, para seu azar. Os anos 80 foram uma máquina de cultura, tanto de filmes, jogos, livros, músicas e séries. Muita coisa de hoje em dia é reciclada dos sucessos dessa época. E a seleção feita por Ernest Cline só faz referência ao que de melhor existia e que deixou muita saudade.

A edição que li é a nova da editora Intrínseca, com capa dura, projeto remodelado, interior personalizado, uma edição maravilhosa, de luxo, que faz juz ao conteúdo. A continuação, JOGADOR NÚMERO DOIS, já foi lançada, com o mesmo padrão de luxo, e a resenha vai sair em breve aqui no blog. Fiquem de olho!


AUTOR: Ernest CLINE
TRADUÇÃO: Giu ALONSO
EDITORA: Intrínseca
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 432


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