Talvez a maior chacota do cinema em 2019, foi a produção de CATS. Lançado no finalzinho do ano, o filme amargou uma bilheteria extremamente baixa e gerou um grande prejuízo. A reposta para o porquê de isso ter acontecido, tinha sido prevista antes pela recepção do trailer, que foi muito negativa pelo público, e no final os temores de todos se tornaram verdade, realmente o filme é muito ruim, quer descobrir o nível de ruindade? Chega mais!

O filme não tem trama e fica até meio difícil desenvolver uma sinopse, mas vou tentar fazer o meu melhor. O longa se passa num mundo habitado por gatos humanoides que vivem pela cidade procurando maneiras de realizar seus maiores sonhos. O público logo é apresentado ao arco de uma gata que acabou de ser abandona e agora ela precisa encontrar um novo lugar para viver. O grande objetivo de todos os gatos é ser escolhido pela Gata Mãe e Poderosa para sair desse mundo de miséria e ir viver num lugar lindo e belo, provavelmente sem sofrimento, não dá pra termos certeza, já que o filme não se aprofunda nisso. Apenas um será escolhido para alcançar os céus e essa decisão será feita pela Gata Poderosa, que fará a escolha depois de encontrar o gato que fizer a melhor apresentação musical que ela já viu. É um show de talentos, em cada esquina existe um gato diferente cantando e dançando, tendo o seu momento, o melhor leva tudo, mas quem será que vai ser escolhido? Temos gatos podres, marginalizados, ricos, privilegiados, perigosos e ocultistas, é todo mundo contra todo mundo.

A produção é a adaptação de um famoso musical da Broadway, que nunca foi aclamado, mas que com o tempo, conseguiu uma legião de fãs que se apaixonaram por essa peculiar peça que já bateu vários recordes por tempo em cartaz. E porque não levar isso para os cinemas, né? O grande problema é que a peça não tem uma trama propriamente dita, então levar isso para os cinemas iria requerer uma boa adaptação, até porque a linguagem do teatro não é a mesma e vice e versa, não é festa levar uma mídia para a outra, a conversão requer visão e talento, coisa que parece não ter tido durante a produção desse longa.

A falta de uma trama mata esse filme logo nos minutos iniciais, não temos nada para absorver, torcer, aprender ou focar. Temos apenas gatos cantando e dançando, indo de um lugar para o outro, encontrando amigos e conhecendo outros gatos. É só isso até o filme nos explicar que todo esse circo é um apanhado de showzinhos para impressionar a Gata Poderosa, para que a mesma escolha alguém para ir pelos ares. É literalmente isso, quem ela escolher entra num balão e vai voando para a ponte que pariu e tchau. O espectador mal entende porque eles querem tanto serem escolhidos, o que tem nesse lugar e porque raios só um é escolhido dentre milhares de gatos, logo uma seleção extremamente injusta para a maioria.

Os trailers amedrontaram os espectadores graças a seu visual peculiar. São atores cobertos com efeitos visuais para se parecerem com gatos humanoides, que são gatos, porém tem rostos, mãos e narizes de humanos. Uma miscigenação vinda diretamente do inferno, totalmente diferente do visual dos teatros. O que o visual tem de novo, tem de bizarro, os efeitos visuais são horríveis num ponto de os rostos dos atores não estarem bem sincronizados com seus corpos, alguns simplesmente flutuam do nada, fora a falta de finalização, com eles até mesmo terem deixado a aliança de casamento de uma das atrizes aparecerem na versão final. O visual não é natural, não está finalizado e nunca poderia ter dado certo, é algo que poderia facilmente ter sido evitado. Com esses efeitos visuais nunca poderia ter dado certo, porque não usar maquiagem, roupas e fantasias, como é feito no teatro? Roupas e efeitos visuais leves, aí sim o resultado talvez poderia não ter sido esse show de horrores que nos foi entregue.

Os números musicais merecem um destaque próprio. São diversos os mini shows e uns dois são aceitáveis, todo o resto é uma calamidade, com direito a musicas irritantes, que só repetem um refrão duzentas vezes e tem umas que parecem ser compostas de apenas uma palavra, como por exemplo “Jellicle cats”, termo que é repetido no filme, durante as músicas, dezenas, centenas de vezes e o publico só quer bater a cabeça na parede. Talvez a coisa mais bizarra do filme seja a sequência que envolve uma dança de gatos, baratas e ratos ao mesmo tempo, uns cantando, uns comendo outros enquanto a música rola. Consigo nem imaginar os produtores decidindo como iriam fazer essa cena, que gênios!

A cantora Taylor Swift lançou a belíssima Beautiful Ghost como uma musica original composta especialmente para o longa, mas a canção é desperdiçada num momento qualquer como se não fosse nada. A própria Taylor está no longa e seu momento musical é a única cena boa em todo o filme, mesmo que os efeitos visuais que envolvem a atriz estejam igualmente bizarros como com qualquer um dos atores.

CATS é um filme musical que não tem exuberância, beleza ou relevância. Não passa nada para o espectador sentir ou seguir, o que temos é um show de horrores e um dos piores filmes já produzidos. O longa custou 90 milhões de dólares, não arrecadou em bilheteria nem metade desse montante e, para piorar, levou diversos prêmios no Framboesa de Ouro, o Oscar dos filmes ruins, incluindo Pior Filme e Pior Diretor. Um filme para pessoas com estômago forte, um projeto totalmente mal organizado e bolado, dessa forma que foi feito ninguém salva, só nascendo de novo e, assim, talvez o resultado não fique tão horroroso nas telonas dos cinemas, mas não garanto nada, por vias das dúvidas, melhor deixar CATS só no teatro mesmo.


DIREÇÃO: Tom HOOPER
DISTRIBUIÇÃO: Universal
DURAÇÃO: 1 hora e 45 minutos
ELENCO: Taylor SWIFT, Idris ELBA, Ian MCKELLEN