A saga de Lisbeth Salander chegou ao fim. Em A GAROTA MARCADA PARA MORRER, vamos finalizar a saga da personagem, enquanto a mesma caminha pelo seu passado, procurando respostas e redenção. Terceiro e último livro da nova trilogia, escrita por um novo autor, já que o autor original já faleceu. Sexto livro no total, será que esse foi um desfecho digno? Vamos descobrir.
Stieg Larsson foi o gênio por trás da trilogia Millennium, os seus três primeiros livros são sensacionais, porém o autor nunca chegou a ver o impacto que eles causaram na vida das pessoas. Sua obra foi continuada por um novo autor, David Lagercrantz, usando ideias e manuscritos deixados por Larsson antes de morrer. O primeiro volume, A GAROTA NA TEIA DA ARANHA, apresenta uma trama interessante e, mesmo com alguns problemas, entrega uma boa escrita.
O segundo livro, O HOMEM QUE PROCURAVA SUA SOMBRA, é quase um livro extra. Como se fosse um episódio de uma serie de TV, onde a trama central não se liga com nada. A trama apresenta ideias bem mirabolantes e desfechos clichês para os personagens, mas mesmo assim não chegava a ser um livro inútil.
Eis que chegamos em A GAROTA MARCADA PARA MORRER. A narrativa segue Lisbeth indo atrás de sua irmã, Camilla, líder de uma perigosa gangue de bandidos russos. Ela atacou Lisbeth no primeiro livro, no segundo ela não tem importância, mas agora a personagem surge para o grande acerto de contas com a sua irmã. Em paralelo, acompanhamos o jornalista e amigo de Lisbeth, Mikael, em uma jornada diferente. Ele e uma policial investigam a morte de um morador de rua, que aparentemente foi assassinado com veneno. Esse homem nos últimos tempos pareceu ter muito interesse no Ministro da Defesa sueco, um homem cheio de controvérsias. Vendo uma oportunidade de matéria para sua revista, Mikael entra para a investigação.
O livro se incia bastante promissor, temos dois polos diferentes, um com o morador de rua e outro com a Lisbeth numa caçada contra a sua irmã criminosa. Tudo ia bem até o arco da Lisbeth perder força, literalmente ele começa e é pausado em menos de quarenta páginas. O que resta para o leitor é o arco do assassinato, onde somos apresentados a novos personagens que vão dar caminho para essa história. São pontos de vistas de uma policial nova, outra jornalista, dessa vez famosa, dentre outros. A mesma coisa que já vimos nos livros anteriores, porém feito de maneira melhor.
Lisbeth é a protagonista que se vê em segundo plano, a personagem é pouco aproveitada e deixada só com restos de trama. Mikael vira o centro das atenções e sua investigação para descobrir quem era esse morador de rua, que no momento morreu como indigente, é uma chatice sem fim. Novamente é criada uma história para saber quem era esse homem, o que ele tinha de importante e quem ele irritou. Totalmente desinteressante, não acrescenta em nada na trama base e no final, a mesma é esquecida e morre sem importância. Foram duzentas páginas jogadas fora e a parte interessante do livro que envolve Lisbeth e seu embate com sua irmã é insossa e fraca.
Lisbeth não chega a ser descaracterizada, como aconteceu nos livros anteriores desse novo autor. Mas acabam transformando a personagem numa super-heroína que não tem um minuto de paz. Toda a hora aparece um problema, toda a hora ela precisa resolver algo. A personagem não evolui e só parece que fica numa grande repetição de tudo que ela já passou nas tramas anteriores. Camilla até chega a receber um pequeno desenvolvimento, mas nada muito significativo e o desfecho da personagem é muito rápido. Um grande e importante embate, que foi construído aos poucos durante três livros, é finalizado nuns três parágrafos. Totalmente anticlímax.
Outra coisa bem decepcionante, que envolve toda essa nova trilogia, é como cada livro é distante um do outro. Não existe evolução e nada da trama caminha, são histórias que começam e terminam no mesmo livro. Algo totalmente diferente do que temos na trilogia original, onde os personagens evoluíam e ajudavam uns aos outros, diferente daqui, que os personagens são criados e esquecidos numa velocidade alarmante. O que sobra para resolver são migalhas que são facilmente esquecidas. Falta coesão, falta união e um propósito. Nada nessa nova trilogia é impactante e tudo fica mais evidente nesse ultimo livro.
A GAROTA MARCADA PARA MORRER entrega um desfecho desinteressante e fraco. Esquecendo a verdadeira essência dos personagens ao mesmo tempo em que nos apresenta uma trama que vai muito longe da definição de desfecho impactante.
AVALIAÇÃO:
AUTOR: David LAGERCRANTZ
TRADUÇÃO: Kritin GARRUBO
EDITORA: Companhia das Letras
PUBLICAÇÃO: 2019
PÁGINAS: 330
COMPRAR: Amazon
Eu não vou me recordar do que disse na resenha do livro anterior a este, mas sei lá, não pretendo ler estes “novos” livros não.
Terminei a trilogia da forma que terminei e assim como outro livro que foi lançado o segundo e vou me recusar a ler, vou me dar o direito também de não ler estes dois trabalhos.
Tenho um amor enorme pelo box da trilogia Millennium, pelas letras de Stieg. Respeito o trabalho maravilhoso que ele deixou na saga. E quero ficar com essa lembrança.
Beijo
Eu digo o mesmo, o amor que eu sinto pela obra original do Stieg é surreal, fiquei animado quando soube que teriam continuações, mas nenhuma me empolgou, os erros gritantes tiram muito a gente da leitura. Eu recomendo você assistir ao filme Garota da teia da aranha, se você conseguir assistir sem passar raiva, talvez goste desses novos livros.
RAFAEL!
Uma pena, né?
Na verdade não li ainda nem a trilogia do Stieg Larsson e essa muito menos.
Tenho lido algumas resenhas menos favoráveis mesmo para essa continuação que a editora tentou fazer, mas sem dar muito certo.
Gente! Tornar nossa querida Lisbeth sem graça é matar totalmente a história, francamente.
cheirinhos
Rudy
Não chegam a ser livros ruins, essa nova trilogia tem seus méritos, mas a qualidade decaiu demais, não dá pra simplesmente copiar a forma que o autor antigo fazia, tem que ter também um algo a mais, aquele charme da leitura já não existe mais.
Olá! Ainda não li a primeira trilogia, mas já sei que é sucesso e estou com grandes expectativas para começar a leitura o quanto antes, o mesmo não posso dizer desses novos livros, que vêm se mostrando uma decepção atrás da outra, o que é uma pena. Definitivamente vou ficar apenas com os primeiros livros para não manchar uma história que têm tudo para entrar no meu top 10 de favoritos.
Apostar na primeira trilogia é o melhor a se fazer, lá com certeza você não vai se decepcionar, recomendo a leitura dessa nova saga só se você tiver muita curiosidade, porque dificilmente a trama aqui vai te envolver tanto quanto a trama original.
Olá!
Não tinha conhecimento do livro mais ao ler a resenha fiquei bem receosa pela leitura, ficaria naquela impasse se deveria ler ou não. Apesar que traz uma premissa boa mais, porém fraca como diz. Espero tentar dar oportunidade e tira as próprias conclusões.
Meu blog:
Tempos Literários
Sempre importante a gente dar uma chance né, quem é muito fã dos livros originais, assim como eu, dificilmente vai passar direto por essa nova trilogia, o amor pelos personagens fala mais alto e é esse amor que faz doer, porque a gente sabe que eles mereciam coisa melhor.
Oi!
Que pena que essa trilogia se encerra assim, e mais triste ainda é saber que o autor não pode ver onde suas obras alcançaram. Será que ele iria gostar de ver que outra pessoa assumiu a continuação de seus textos?
Eu acho que o autor original ficaria bastante irritado com o rumo que a trama se encaminhou, a saga millennium sempre teve a Lisbeth como protagonista de tudo ou quase tudo, nesses novos livros ela foi jogada para escanteio, se isso irritou os fãs, imagina o autor original e criador dessa personagem tão querida?