A franquia Exterminador do Futuro é literalmente jurássica. Iniciada em 1984, a série já ganhou cinco filmes e agora volta com o sexto capítulo, que vem com a ideia de ser um recomeço. Dessa vez temos reunidos mais uma vez o elenco que transformou esses filmes em lendas: Linda Hamilton e Arnold Schwarzenegger. Será que isso faz esse filme ser necessário? Vamos descobrir.

Antes de começar é importante avisar que O EXTERMINADOR DO FUTURO: DESTINO SOMBRIO é uma continuação direta dos dois primeiros filmes da franquia. Os capítulos três, quatro e cinco são desconsiderados.

A trama segue uma menina chamada Dani, ela mora com o pai e o irmão na cidade do México, e sua vida é bem pacata: casa, trabalho; trabalho, casa. Mas sua vida começa a ruir quando, num dia de trabalho normal, Dani quase é morta por um homem que fingia ser o seu pai. Ela é salva por uma estranha e poderosa mulher, que lhe oferece proteção contra esse exterminador que veio do futuro com a missão de matar a jovem. Dani logo percebe que sua protetora também é um robô e que elas, juntas, não vão conseguir eliminar o inimigo. E quando tudo parecia perdido, surge outra mulher, dessa vez uma mais velha e experiente, a lendária Sarah Connor, que logo é puxada para essa odisseia de eventos que farão lembranças antigas e sentimentos enterrados surgirem novamente.

O roteiro segue o final do EXTERMINADOR DO FUTURO 2, você se lembra desse filme? No primeiro, um exterminador é mandado para matar Sarah Connor antes que ela dê à luz um menino que vai salvar o mundo. No segundo filme, dois exterminadores são enviados, um para proteger o garoto, que agora é uma adolescente, e mais um robô, que dessa vez é de ultima geração e não vai descansar até matar o jovem Connor. Quem viu o filme sabe que eles conseguem se salvar e salvar o mundo do apocalipse das máquinas. Aqui, no sexto filme, tudo foi por água abaixo.

Neste sexto filme, nós temos a continuação desses fatos. O mundo foi salvo, mas mesmo assim, o jovem Connor foi morto. Isso ocasiona uma mudança drástica em Sarah que agora é uma caçadora de exterminadores e aniquila cada um deles com o máximo de violência possível. A Skynet, a empresa que junto com as máquinas iria destruir tudo, foi derrotada, mas o apocalipse aconteceu mesmo assim. Do futuro veio Grace, com a missão de proteger Dani, pois ela é importante na grande batalha contra as máquinas. Já deu pra ver que trama é bem parecida com os filmes originais, de fato é meio que uma repetição, mas nessa vez as mulheres estão no comando.

Diferentes das outras continuações que foram jogadas fora, o roteiro do sexto filme é bem competente ao apresentar uma trama pé no chão que faz homenagem aos filmes originais. Algo bem parecido com o que a Disney fez em STAR WARS – O DESPERTA DA FORÇA, uma trama extremamente convencional para a franquia, porém com personagens diferentes. É aquilo que todo mundo ama na franquia, um exterminador indo matar alguém e outro exterminador indo matar ele. Uma bela briga de máquinas, que dessa vez vem com o tempero extra de usar todos os elementos clássicos da franquia.

O trunfo do filme é a participação da lendária Linda Hamilton, que estrelou os dois primeiros filmes. Ela volta com uma carga dramática pesadíssima e muitas contas para acertar. A sua grande experiência é muito útil para as nossas novas protagonistas assustadas. Dani é a menina que precisa ser salva e a personagem vai evoluindo aos poucos, as revelações por trás dela não são muito inovadoras, mas são bacanas. Legal ver que tudo no final acaba fazendo sentido. A novidade entre as máquinas é a exterminadora chamada Grace, meio humana, meio robô. Ela veio do futuro para proteger Dani e a moça faz por merecer o título de guerreira. Grace se preocupa com Dani, defende ela em todos os momentos e estrela as melhores cenas do filme. Estou com a cara no chão até agora com uma sequência em específico que acontece dentro de uma fábrica de automóveis.

Outro ponto bacana do roteiro é como ele desenvolve a exterminadora Grace, ela tem dificuldades e problemas. Não é só porradaria pra todos os lados, a personagem é incrivelmente humana e o desempenho da atriz Mackenzie Davis só melhora tudo. Outro destaque é a volta de Arnold Schwarzenegger, e quando o assunto é requentar personagens clássicos da carreira, o ator manda muito bem. Diferente de um tal de Stallone que pagou mico nesse ano tentando ressuscitar o Rambo. Arnold volta com um semblante bacana, se insere na trama de maneira competente e cumpre bem sua missão. Foi maravilhoso ver Arnold e Linda contracenando mais uma vez, surra de talento.

O filme é um dos mais caros produzidos este ano e, mesmo assim, ele peca um pouco no lado estético. Os efeitos visuais são esquisitos em 60% do filme, graças as cenas de ação absurdas que os roteiristas criaram. Dava para fazer algo mais pé no chão e menos mirabolante, mas o que temos é coisas como um avião batendo no outro, um veiculo militar em baixo de uma represa e um drone que é usado como míssil para matar um alvo. Mas felizmente temos bons momentos tecnológicos e o filme é adrenalina para todo o lado.

No final é um filme muito divertido e bacana. Traz um frescor interessante ao ser estrelado por um trio de mulheres e se passar no México, onde se tem tanta diversidade e calor. Não é um filme necessário para a franquia, mas já que saiu e ainda trouxe o elenco original, faz nosso tempo valer a pena. A ação é bacana, o elenco novo é competente, o elenco clássico é lindo e o desfecho é forte, emocionante e eletrizante. Bem, bem, bacana mesmo!


AVALIAÇÃO:


DIREÇÃO: Tim MILLER
DISTRIBUIÇÃO: Paramount
DURAÇÃO: 2 horas e 14 minutos
ELENCO: Linda HAMILTON, Mackenzie DAVIS, Natalia REYES, Arnold SCHWARZENEGGER, Gabriel LUNA