Desde sempre eu leio ficção-científica, e quando no colégio, eu viajava nas histórias de Frank Herbert, Isaac Asimov, Ray Bradbury, Arthur C. Clark, Philip K. Dick, mas, principalmente, em edições de bolso vendidas em sebos de Poul Anderson. Lembro de aventuras em locais inimagináveis, com naves incríveis, criaturas estranhas, muita ação, desdobramentos imprevisíveis, era uma diversão que me entretia por horas. Aos poucos, os livros do gênero foram diminuindo, ficaram, praticamente, apenas os mais conhecidos e os clássicos.

Hoje em dia, temos novos autores de ficção-científica, como John Scalzi, Daniel Keyes, Octavia E. Butler, N. K. Jemisin, entre outros. Mas apesar de todos serem competentes, com livros fantásticos, eu ainda sentia saudades de algo que não sabia bem definir. Até começar a ler OS ETERNOS. Algumas partes me remeteram diretamente aos livros de Poul Anderson. Não propriamente o estilo da escrita, ou a ação, ou mesmo as naves espaciais ou os cenários, mas, sim, a narrativa centralizada na aventura descompromissada, divertida.

A Terra está quase sem recursos energéticos, expedições em busca de um novo planeta habitável falharam miseravelmente, e a chance de salvação chega na forma de uma mensagem de uma raça extinta, os Eternos. A tecnologia avançada deles, que está em um planeta chamado Gaia, que é assolado por explosões solares de tempos em tempos, impedindo que qualquer coisa viva em sua superfície, é capaz de suprir a Terra para sempre. Assim, começa uma corrida para se conseguir essa tecnologia. Empresas contratam saqueadores para irem a Gaia roubar o que puderem, enquanto organizações governamentais enviam exploradores acadêmicos para decifrarem a tecnologia e aplicá-la na salvação da Terra. Acontece que um professor e seu filho descobrem que a mensagem enviada pelos Eternos, contém uma segunda parte oculta que avisa sobre o perigo de extinção.

Jules é um explorador que foi enviado a Gaia para decifrar a tecnologia dos Eternos e compreender o motivo deles não existirem mais. Mia é uma saqueadora enviada por uma empresa privada para encontrar e levar toda tecnologia valiosa que encontrar. O caminho dos dois se cruza de forma acidental, quando um grupo rival ameaça roubar o que eles têm. Para se salvarem, eles formam uma aliança com benefícios mútuos: Mia conhece o terreno, sabe se infiltrar em instalações e ruínas; Jules conhece a língua dos Eternos e é capaz de identificar o que vale alguma coisa e o que é inútil. Se um ajudar o outro, ambos conseguem o que desejam. Mas o que eles não sabem, é que um mentiu para o outro sobre várias coisas, e que tem muitas pessoas poderosas interessadas naquilo que eles estão fazendo.

Jules tem dezessete anos e Mia tem apenas dezesseis anos. Como o público alvo é exatamente o leitor dessa idade, acredito que não pareça forçado que dois adolescentes estejam sozinhos em um planeta alienígena, enfrentando perigos mortais, ou que se apaixonem de primeira. Quem nunca, nessa idade, não se apaixonou por aquele garoto ou garota que causa uma impressão? Pois é, quase todo mundo. E é esse frescor, essa noção, ou falta de noção, próprio dos jovens, que torna a leitura deliciosa.

Jules foi afastado do pai quando este foi preso por ser contra as expedições do governo em Gaia, uma vez que ele acredita que é arriscado demais, que correm risco de trazer a destruição ao invés da salvação da Terra. Ele quer provar a inocência do pai, provar que a tecnologia dos Eternos realmente é perigoso e ele detesta os saqueadores, que roubam de forma irresponsável tudo o que encontram em Gaia.

Mia precisa de dinheiro, muito dinheiro para salvar sua irmã menor. E a única forma de conseguir isso é através de saques de equipamentos valiosos. Mia é determinada, ela não tem outro objetivo que não conseguir o suficiente para salvar a irmã, custe o que custar. Ela não se importa com os Eternos ou com Gaia, ela só deseja reaver quem ama. Ela aceita a oferta de uma empresa para se unir a um grupo de saqueadores, mas ela não esperava esbarrar com concorrentes inescrupulosos e nem com Jules.

Embora os dois sintam uma atração logo que se conhecem, eles não revelam os sentimentos até quase o final da história. O leitor sabe de tudo, porque a narrativa é em primeira pessoa e com capítulos intercalados entre os dois personagens. É muito agradável saber o que um pensa do outro, sem que um releve ao outro. E também é muito estimulante que eles sejam opostos, que tenham um objetivo comum, mas com resultados diferentes. Jules quer a tecnologia para estudar, e Mia quer a mesma tecnologia para vender. Isso rende boas discussões, brigas, provocações, que afastam e unem os dois em intensidades maiores. E a diversão aumenta quando chegam os inimigos, e um precisa salvar o outro com mentiras que podem criar mágoas não previstas. É o típico relacionamento conflitante, onde duas pessoas não conseguem confiar totalmente uma na outra, mas sentem que precisam, elas querem, porque o que sentem é maior do que a lógica.

Mia e Jules cativam logo nas primeiras páginas, eles convencem como amigos e como enamorados. Eles se completam de uma forma ímpar, uma vez que possuem habilidades,planos, desejos e motivações diferentes. Como é mostrado em diversos capítulos do livro, separados eles não conseguem progredir, mas juntos, conseguem criar planos, conseguem desvendar enigmas, conseguem escapar dos perigos e bater de frente com os inimigos. Essa combinação, como se eles fossem apenas um personagem, é muito bem descrita pelas autoras.

Esse relacionamento, felizmente, afasta a história do romance meloso e se concentra nos mistérios, na ação e nas surpresas. E devo dizer que mais de metade do livro é centrado nisso, no mistério de quem são os Eternos e o que eles pretendiam com a mensagem, e nos enigmas presentes nas construções de Gaia. Toda a parte central da história é passada dentro de uma dessas construções, onde Mia e Jules precisam desvendar enigmas mortais para conseguirem passar por câmaras e salas protegidas. Lembra muito jogos como Tomb Raider e Uncharted, o que é ótimo, porque é raro encontrar algo assim na literatura atual.

Inclusive, da mesma forma que os jogos, ou mesmo os filmes de Indiana Jones, o final tem uma reviravolta, aparece um inimigo comum a Jules e Mia, parte do segredo dos Eternos é revelado, surge ajuda de onde menos se espera, e então o livro termina. Sim, ele termina no ápice, no clímax, porque se trata de uma duologia, e isso é avisado logo no início e na sinopse, então não fique decepcionado ou desmotivado. Hoje em dia, tudo é trilogia ou uma série interminável. Bem, nesta aventura, você só terá que aguardar por mais um livro.

OS ETERNOS é uma ficção-científica jovem, com uma pequena dose de romance, mas com uma grande dose de enigmas, perigos, perseguições e conflitos, o que torna a leitura rápida e cria uma ansiedade enorme para a conclusão. Como dito na aba do livro, a história já foi comprada por um estúdio de cinema e será adaptada para as telonas. Então, não perca tempo, compre logo seu exemplar, ou participe do sorteio, quem sabe não ganha? Só não deixe de ler, porque é uma leitura bem divertida!

E para participar do sorteio de  OS ETERNOS, basta seguir as regras abaixo!

REGRAS

UM: Preencher o formulário de participaçăo, sendo que existem entradas obrigatórias, que valem um ponto cada uma, entradas opcionais, que valem cinco pontos cada uma, e uma entrada diária opcional, que vale cinco pontos a cada dia que vocę a fizer. Quantos mais pontos vocę somar, mais chances tem de ser sorteado;

DOIS: Deixar um comentário neste post;

TRĘS: O ganhador precisa ter endereço no Brasil para receber o pręmio;

QUATRO: Após 30/04/2019, será feito o sorteio pelo formulário de participaçăo;

CINCO: O pręmio será enviado em até 30 dias úteis, após divulgado o resultado. O blog năo se responsabiliza por extravios, danos ou roubos do pręmio enviado;

SEIS: O ganhador(a) terá 48 horas para responder ao e-mail de solicitaçăo do endereço. Caso năo responda nesse prazo, será desclassificado(a) e um novo nome será sorteado;

SETE: O blog GRAMATURA ALTA se reserva o direito de dirimir questőes năo previstas nestas regras.

GANHADORA

Bruna Steffane (@bruna_no_mundo_dos_livros)

 


AVALIAÇĂO:


AUTORA: Amie KAUFMAN é a co-autora da série Starbound e Illuminae, o primeiro livro de uma nova série com lançamento em 2015. Ela escreve ficção científica e fantasia para jovens, e suas técnicas de procrastinação favoritas envolvem chocolate, excelentes livros e TV. Ela vive em Melbourne, Austrália, com seu marido, seu cão de resgate, e sua considerável biblioteca. Meagan SPOONER cresceu lendo e escrevendo em cada momento livre do dia, enquanto sonhava em ser arqueóloga, bióloga marinha e astronauta. Ela se formou em Hamilton College, em Nova York, com licenciatura em dramaturgia e mudou-se para a Austrália. Ela viajou com sua família por lugares como Egito, África do Sul, o Ártico, Grécia, Antártida e as Ilhas Galápagos. Ela atualmente mora e escreve em Asheville, Carolina do Norte. No seu tempo livre ela toca guitarra, joga videogame, brinca com seu gato e lê.
TRADUÇĂO: Sofia SOTER
EDITORA: Morro Branco
PUBLICAÇĂO: 2019
PÁGINAS: 352


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