AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO são um grande fenômeno literário e sua adaptação para a TV, GAME OF THRONES, só elevou a sua popularidade ainda mais. O primeiro livro saiu em 1996, e já tivemos cinco títulos publicados. Os últimos dois ainda estão sendo escritos e, para acalmar os fãs, fomos presenteados com FOGO E SANGUE, um livro fresquinho que vai abordar todos os reis Targaryen e o grande mito criado em volta dos famosos domadores de dragões.

Antes de começar é importante deixar claro que este livro foi escrito há muito tempo, faltava apenas alguns ajustes para ser publicado. Quando esse título foi anunciado, muito foi comentado por supostamente o autor ficar se dedicando nele, do que finalizando os últimos dois livros de Game Of Thrones. O autor é um senhor de idade e gosta de fazer as coisas no seu tempo, melhor demorar e entregar uma maravilha, do que finalizar a história com pressa deixando toda a qualidade de lado.

FOGO E SANGUE se inicia trezentos anos antes da trama que acompanhamos na série de TV. Ele vai abordar cada governo dos reis dragões e se inicia com a grande realização de Aegon – O Conquistador, aquele que uniu todos os sete reinos em um governo e mudou para sempre a história de Westeros. A narrativa é trabalhada como se esse livro fizesse parte da própria história desse universo. Tudo é narrado por estudiosos, os Meistres, religiosos, os Septões, e também por um bobo da corte que foi uma importante testemunha de vários momentos históricos. Todos os relatos vão brigando entre si na luta para serem as verdades absolutas, e para o leitor, tudo isso só deixa a narrativa mais rica, já que cada pessoa tem um olhar diferente perante a situação. E por se tratarem de eventos antigos, é sempre difícil ter certeza de alguma coisa.

Para quem for realmente fã desse universo, vai se lembrar que já existe um guia do universo de Gelo e Fogo, onde tudo isso já foi contado. Esse guia foi escrito por um casal de autores que tem um importante site sobre esse universo e até teve a contribuição do próprio George R.R Martin. Então por que FOGO E SANGUE existe? O guia era realmente bem completo e contava toda a história geral e acabava não se focando em nada, fora que sua leitura era bem complicada e a edição desse guia era em forma de uma autêntica enciclopédia gigante com capa dura e com o dobro do tamanho de um livro normal, dificultando um pouco a leitura. Mas o guia é muito interessante e vale uma conferida. Porém, em FOGO E SANGUE,  teremos foco total nos Targaryen, começando até com uma pequena pincelada sobre a destruição de Valíria, país originário dos reis dragões, que depois de um cataclismo, explodiu, exterminando todos os domadores de dragão, exceto os Targeryen, que nem eram uma das famílias mais importes da região. Acabaram indo embora anos antes da destruição, graças a um sonho profético de uma das filhas da família que previu a perdição de seu país natal.

Dos eventos importantes já sabemos que no livro tem bastante coisa sobre a destruição de Valíria e também sobre toda a conquista de Aegon, o que falta? A dança dos dragões, a famosa guerra disputada entre os Targaryen para decidirem qual ramo da família iria assumir o trono de ferro, é um dos arcos mais sensacionais da leitura. Esse é o grande ápice do livro e é maravilhoso notar que estava sendo trabalhado desde o meio da narrativa. Os reis dragões tinham o costume de nomear seus filhos com nomes já repetidos na família como forma de homenagem, e isso causa um nó na cabeça do leitor, já que todo mundo tem um nome igual ou muito similar. Mas, felizmente, esse problema foi resolvido neste novo livro e todos os fatos e personagens são apresentados de maneira que fica muito fácil de ser compreendido. Então tem como a gente saber quem é filho de quem, porque esse pessoal se odeia e porque essa pessoa acha que merece o trono mais que seu outro parente.

George R.R Martin é um gênio e, como nenhum outro, ele consegue expandir seu próprio universo gigante sem ficar forçado ou repetitivo. É um mundo muito bem bolado e todas as peças se encaixam, coisas que são trabalhadas na série de TV tem explicações aqui também, o passado nunca esteve tão vivo. Tem muita guerra, muitas traições, muitos planos e também paz. O reinado do rei Jaehaerys I foi o maior da história, com mais de 50 anos, e ele assumiu num momento péssimo, e durante seu reinado tudo prosperou. Ele é um dos reis mais elogiados por todos na série de livros, porém é sensacional notar que todo esse avanço teve um preço e que sua família tinha muitos problemas. O arco que aborda a relação com sua esposa e seus vários filhos é impossível de ser largado de lado. Precisamos pra ontem saber o que aconteceu com cada um, e o livro nos presenteia com tramas maduras que prendem a atenção de uma maneira sem igual.

Ao total, Westeros teve dezesseis reis dragões, porém, neste livro, temos apenas o relato de seis governos, pois a narrativa de FOGO E SANGUE é enorme e foi dívida em dois volumes, com o segundo livro chegando às livrarias em breve. É um prelúdio muito bem estruturado e tão incrível como qualquer outro livro de GAME OF THRONES, tem ação, emoção, intriga e magia, sendo tão bem-criado que poderia ser conferido até por alguém que nunca leu nenhum livro desse universo.

E não é apenas a mesma história numa edição fácil e acessível, ele enriquece muito esse universo graças às diversas novas informações. Arcos nunca antes vistos e personagens históricos trabalhados com um olhar muito mais próximo. Ainda conta com diversas ilustrações belíssimas entre os capítulos e a capa do livro tem uma arte de cair o queixo. Só tem a somar e é um prato cheio para os fãs e um dos melhores livros do ano, chocando um total de zero pessoas.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: George R. R. MARTIN nasceu em Bayonne, Nova Jérsei, filho de um estivador, cuja família de classa operária vivia perto das docas de Bayonne. Quando jovem, ele se tornou um leitor ávido de quadrinhos de superheróis. A edição de novembro de 1968 do Quarteto Fantástico possui uma nota ao editor que Martin escreveu quando ainda estava na escola. Ele credita a atenção que ele recebeu com a carta, junto com seu interesse em quadrinhos, como sua inspiração para se tornar escritor. Em 1970, Martin recebeu sue Bacharelado em jornalismo na Universidade Northwestern, Illinois, se formando com muitos elogios. Ele depois completou um Mestrado em jornalismo, também em Northwestern, em 1971. Martin começou a escrever contos de ficção científica no começo da década de 1970, apesar de o início de sua carreira não ter sido fácil (uma de suas histórias foi rejeitada por diferentes revistas 42 vezes), ele nunca se desencorajou; anos depois ele venceria seu primeiro Hugo Award e Nebula Award por um de seus contos.
TRADUÇÃO: Leonardo ALVES e Regiane WINARSKI
EDITORA: Suma
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 664


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