Sandra Guardini Vasconcelos, em um texto de apoio contido nesta edição, escreve: “David Copperfield é uma história de iniciação e de aprendizado da difícil arte de viver“, e isso define, em poucas palavras, essa história. Charles Dickens se refere a DAVID COPPERFIELD como seu filho predileto, e a leitura nos mostra que tem muito de autobiográfico nesse livro.
DAVID COPPERFIELD é um romance de formação, ou seja, a narrativa acompanha o crescimento e o desenvolvimento do personagem ao longo dos anos. Só para exemplificar, um outro romance de formação é JANE EYRE.
O próprio David narra sua história desde o nascimento. Tudo com muito sentimento e cheio de detalhes. A narrativa contempla todos os sentidos e nos fornece cheiros e gostos.
Se serei o herói de minha própria vida, ou se essa posição será ocupada por alguma outra pessoa, é o que estas páginas devem mostrar. Para começar minha vida com o começo de minha vida, registro que nasci (conforme me informaram e acreditei) numa sexta-feira, à meia-noite. Notaram que o relógio começou a bater as horas e comecei a chorar simultaneamente.
DAVID COPPERFIELD é um livro repleto de sofrimento, daqueles que a gente lê com o coração apertado. Tem alguns momento vividos por David que deixam o leitor vidrado e não dá pra parar de ler enquanto o protagonista não retorna a uma situação mais estável.
Falando um pouco sobre o enredo, logo nas primeiras páginas, o que nós sabemos é que quando David nasce, seu pai já não vive mais. A mãe o cria com a ajuda de uma babá muito carinhosa. Os problemas começam quando a mãe de David se casa novamente e a presença do padrasto e de sua irmã tornam a vida de David uma sequência inacabavel de provações.
É claro que as mais de mil páginas são, em alguns momentos, bem cansativas. Não porque deixa de ser interessante, mas simplesmente pela extensão. Na verdade, o livro é interessante do começo ao fim. Os capítulos são pontuais, eles possuem um assunto bem delineado e que é relatado de forma dinâmica e sem muita enrolação. Isso faz com que o livro seja composto por vários pequenos momentos. O primeiro capítulo retrata um momento importante da vida de David; o segundo capítulo, outro momento; o terceiro outro, e assim por diante. A narrativa pula de evento para evento e não se preocupa em preencher os espaços de tempo em que nada realmente importante aconteceu.
Os personagens não possuem uma área cinza: quem é ruim, é ruim do começo ao fim; e quem é bom, nunca deixa de ser bom. Temos personagens doces que morrem logo no início, como Clara, a mãe de David; Edward Murdstone, o padrasto de David, um homem sem amor, cruel, nojento; Jane Murdstone, a irmã do pai de David, que também é uma megera; Clara Peggotty, a caseira que trabalhava na casa dos Copperfield, fiel e resignada; Betsey Trotwood, a tia distante de David, a quem ele recorre quando foge da fábrica onde era obrigado a trabalhar; Wilkins Micawber, um homem que cria amizade com David, e que é baseado no pai de Charles Dickens; Emily, a primeira paixão de David, mas que tem um destino diferente daquele que ele gostaria; Mr. Wickfield, o advogado da tia de David, que tem problemas com bebida; Agnes Wickfield, a filha do advogado, que terá uma importância fundamental no futuro de David; e assim, muitos outros personagens que, de uma forma ou de outra, são importantes na vida de David.
Copperfield, nosso protagonista, é um dos personagens mais doces que eu já conheci. Às vezes, isso até irrita, pois ele é tão bonzinho que chega a ser meio bobo, o que deixa o leitor com vontade de dar um choacalhão nele. Mas isso é muito gostoso de acompanhar, pois a gente se apega a David. E nada como um bom personagem para amenizar o peso de tantas páginas.
Adorei essa leitura. DAVID COPPERFIELD é um livro que eu vou levar pra vida, e um personagem que eu vou me lembrar para sempre. Recomendo demais esse livro. E minha dica pra quem pretende ler, é: leia com calma, aproveite cada parágrafo. Esse é um livro para ser lido sem pressa. Esse foi meu primeiro contato com Charles Dickens e eu pretendo ler outros livros do autor muito em breve. Sua narrativa é detalhista, sem ser cansativa; e profunda, sem ser maçante.
Esse também foi meu primeiro contato com uma edição da Penguin e eu me surpreendi muito. Eu já sabia que elas são pequenas e sem orelhas, então eu imaginava algo no estilo econômico. Porém, o que eu encontrei foi uma edição de ótima qualidade e fácil manuseio, uma graça.
DEZ CURIOSIDADES SOBRE CHARLES DICKENS
UM: Dickens nasceu na pobreza. Aos nove anos, ainda não havia frequentado uma escola, e trabalhava em uma fábrica de sapatos, porque sua mãe foi presa por causa de dívidas;
DOIS: Antes de morrer, Dickens deixou escrito que não queria nenhum monumento em sua homenagem. Isso foi solenemente ignorado;
TRÊS: Dickens, que chegou a pensar em ser ator, interpretava seus personagens na frente do espelho antes de escrever sobre eles;
QUATRO: Dickens sofria de epilepsia, e alguns de seus personagens sofrem do mesmo;
CINCO: Dickens, durante toda a sua vida, lutou contra o trabalho infantil, racismo e a pena de morte;
SEIS: Dickens lutou conta a pirataria de suas obras nos EUA, cujas leis, protegiam apenas autores nascidos no país. Assim, qualquer pessoa podia publicar uma obra de autor estrangeiro sem pagar por direitos autorais.
SETE: Dickens ajudou protitutas a aprender a ler e escrever. Cerca de 100 mulheres se formaram graças a ele;
OITO: Ele era obcecado pela hipnose, e praticava com sua mulher e filhos;
NOVE: Dickens sofreu um acidente de trem, onde o vagão onde viajava, foi o único que não caiu de uma ponte;
DEZ: Dickens teve morte cerebral em 1870, aos 58 anos, e em sua lápide, está escrito: “Apoiante dos pobres, dos que sofrem e dos oprimidos; e com a sua morte, um dos maiores escritores de Inglaterra desaparecia para o mundo”.
AVALIAÇÃO:
AUTOR: Charles John Huffam DICKENS foi o mais popular dos romancistas da era vitoriana e contribuiu para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa. A fama dos seus romances e contos pode ser comprovada pelo fato de todos os seus livros continuarem a ser editados. Entre os seus maiores clássicos destacam-se “Oliver Twist”, “A Christmas Carol” e “David Copperfield”
TRADUÇÃO: José Rubens SIQUEIRA
EDITORA: Penguim/Companhia das Letras
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 1160
COMPRAR: Amazon
A princípio me assustei quando li 1000 páginas mas depois confirme ia lendo a resenha percebi que pela forma como você fala 1000 páginas se tornam poucas diante de uma história tão tocante e cativante.
Amei saber as 10 curiosidades sobre Charles Dickens
Que amor de livro!! Ainda não sou capaz de ler um livro tão extenso como esse, mas a medida que minha prática for aumentando, eu vou conseguir rs
Achei David um personagem muito doce também. Realmente as vezes irrita, mas é tão cativante que no final a gente acaba deixando o apego aumentar.
Acho que eu nunca tinha lido resenhas sobre os livros desse autor. Gostei da temática. Apesar de ser um livro com mil páginas, a leitura não parece ser maçante.
Olá! Eu gosto quando o livro mistura um pouco da fantasia com a realidade. E sem dúvida deve ser incrível acompanhar essa história. Também não tive contato (ainda) com a escrita do autor e adorei a dica. As curiosidades em relação a Dickens foram maravilhosas e foi impossível não rir com a segunda e fiquei impressionada também com seu trabalho com os menos favorecidos, provando que ele além de um grande autor foi também um grande homem.
Não sou boa com as palavras, não sei o que comentar a não ser que gosto ou não da resenha; gostei
Como não conhecia o livro, já fiquei encantada com a capa e o título e depois, com o número de páginas!rs Adoro estes “livrões”.
São difíceis de carregar, mas sempre penso que quando um autor se propõe a escrever tanto, é por ter muito a contar, como normalmente é o caso do Mestre King, que sempre nos apresenta em sua maioria, livrões.
A gente sempre vê ou lê falar sore Dickens, mas acredito que ninguém saiba de verdade tudo sobre ele e eu fiquei aqui, atônita com estas poucas curiosidades sobre ele e claro, sobre a vida nada fácil de David!
Com certeza, o livro vai para a lista de desejados.
Beijo
Oi Priscila!
Nossa amei conhecer um pouco sobre o livro, essa capa já me deixou interessada em ler.
Gosto qdo o livro trás e deixa reflexões ao leitora como este parece ser…
Vou querer ler quando surgir uma oportunidade.
Bjs!
Apesar de autobiografias não serem minha praia por assim dizer essa em si parece ser bastante interessante, a partir da leitura dessa resenha cria-se no leitor uma curiosidade nessa obra.
A resenha está incrível, mas o que me ganhou de verdade foram as dez curiosidades sobre Dickens.
Já tinha ouvido falar da história, porém não sabia do que realmente se tratava, então nunca fui atrás.
A quantidade de páginas não me desanima, pelo contrário, fiquei super interessada pelo livro por ver como ele é completo e tão tocante de sua própria forma. Achei essa capa maravilhosa!
Comecei a ler o livro há uns 15 ou 20 anos atrás e lembro que não gostei. Até me deu vontade de reler.
Priscila!
Tão bom quando nos deparamos com um livro tão bem escrito e que faz com que a leitura, mesmo que extensa e um tanto cansativa, nos envolve de tal forma que acabamos totalmente envolvidos.
Adorei saber um pouco mais sobre o tão consagrado Charles Dickens.
cheirinhos
Rudy
Eu infelizmente nunca cheguei a ler esse livro do Charles dickens Mas eu só Li Um Conto de Natal pretendo ainda esse ano a ler mais algum livro do autor Já que minha meta é ler mais clássicos mas David Copperfield Com certeza é um dos livros mais aclamados Doutor
Oi, Priscila!!
Nunca li nada do Charles Dickens, mas fiquei bem empolgada com essa história. E um clássico do autor e um verdadeiro calhamaço que pretendo um dia ter coragem de ler.
Bjos