Alexander é um espião. Então não é surpresa que possua algum tipo de paranóia. A surpresa é que além disso, ela possui delírios e passa a vida à espera de encontrar a mulher dos sonhos. Isso acontece quando ele tem 41 anos. Durante uma missão, ele vê Tea em um transporte público, uma adolescente, com menos de metade de sua idade, e reconhece nela a pessoa por quem buscava. E se apaixona. Mas não tem coragem de se apresentar. Ao invés disso, envia uma carta onde, de forma bastante sincera, descreve seus sentimentos e a convicção de que, um dia, eles ficarão juntos. Tea é uma adolescente que é cortejada por um desconhecido, e isso desperta nela curiosidade. Ela responde à carta de Alexander e, nos anos seguintes, eles formam um laço afetivo.
Mas Alexander tem um imprevisto por causa de sua profissão e fica meses sem mandar nenhuma notícia para Tea. Nesse meio tempo, ela se envolve com G.R., um jovem que sofre de um conflito de gênero: ele é homossexual, mas não consegue se revelar perante a família. Os dois marcam o noivado, uma vez que Tea está de coração quebrado pela ausência de Alexander. Mas, às vésperas do evento, Alexander volta, descobre e G.R. sofre um acidente e morre. A partir desse ponto, a história se divide em três narrativas sobre o passado e o futuro de G.R., de Alexander e de Nikos, um professor que conhece Tea anos depois e por quem se apaixona. E o leitor vai descobrir que esses três personagens têm muito mais em comum do que apenas Tea.
MINOTAURO é um romance que obriga o leitor a considerar por quem e quando foi escrito. Benjamin Tammuz é natural da Rússia, mas sua família emigrou para a Palestina quando ele tinha apenas cinco anos de idade. Em 1981, quando o livro foi publicado, o mundo ainda vivia uma constante paranóia devido à Guerra Fria, que “terminou” dez anos depois, em 1991, com a queda do muro de Berlim. Isso explica muito do comportamento obsessivo de Alexander e da aceitação de Tea em romantizar e manter um relacionamento sem presença. E isso não é absurdo, uma vez que hoje, com as redes sociais, aplicativos de encontros, entre outros métodos, milhares de pessoas se relacionam à distância, e nem sequer vivemos um período de ameaças de início de uma terceira guerra.
Parte da narrativa se concentra no conteúdo de cartas trocadas entre Alexander e Tea. Elas são impregnadas de frases românticas, de juras de amor e promessas de futuro juntos. Através delas, é perceptível o quanto os personagens são solitários, o que pode justificar o exagero das emoções e a entrega a situações desconhecidas. Mas também pode ser um sintoma de um desvio emocional e psicológico de ambos. É difícil ter uma certeza absoluta em relação a Tea, uma vez que ela era muito jovem no início do relacionamento, e porque, anos depois, quando ela já tem 26 anos, seu comportamento muda e ela começa um relacionamento com Nikos, um professor da faculdade. Mas Alexander mantém seus pensamentos e seu comportamento consistente e obsessivo por toda a história. Isso resulta em um fim que deixa um aperto no coração, um certo choque, principalmente pela forma fria e direta que o autor narra um certo acontecimento lá pelas últimas páginas.
Sem dúvidas, MINOTAURO é o resultado da imaginação de um autor cujo raciocínio divagava entre o real e o paranóico, cuja leitura incomoda pela forma como os personagens se tornam reféns das próprias emoções. Uma leitura densa, mas não para todos.
AVALIAÇÃO:
AUTOR: Benjamin TAMMUZ nasceu na Rússia em 1919 e emigrou para a Palestina com a família aos cinco anos de idade. Estudou Direito e Economia na Universidade de Tel Aviv e mais tarde frequentou a Universidade Sorbonne em Paris, onde cursou História da Arte. Foi escultor, pintor, romancista, jornalista e crítico literário. Trabalhou durante muitos anos como editor do suplemento literário do jornal Haaretz. Passou quatro anos como adido cultural da Embaixada de Israel em Londres. Seus inúmeros romances e contos foram traduzidos para muitas línguas e receberam vários prêmios literários consagrando Tammuz como um dos mais ilustres expoentes da literatura hebraica contemporânea. Faleceu em 1989 em Tel Aviv.
TRADUÇÃO: Nancy Rozenchan
EDITORA: Rádio Londres
PUBLICAÇÃO: 2018
PÁGINAS: 188
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Quando eu vi o título do livro, imaginei uma história contendo características que fariam referência à mitologia. Me enganei. Se eu me deparasse com esse livro em alguma livraria, nunca ia imaginar que se trataria de um romance. Pelo o que li na resenha, Minotauro realmente não é uma leitura para todos. Ainda mais por não se tratar daquele romance estilo contos de fadas que muitos leitores estão acostumados. Esse livro, devido a época em que foi publicado, já traz um pouco dos relacionamentos que vivemos hoje. A questão da distância, como foi dito, o relacionamento sem presença.
Fiquei curiosa para saber o que Alexander, Nikos e G.R possuem em comum.
Ps: senti falta de alguns quotes para nós deixar com um gostinho de quero mais rsrs
Mas eu amei a resenha!!
Oi, Carl,
A premissa é um confusa, porém podemos dizer que as camadas levantadas e o objetivo do livro esmiuça o que o mesmo tem a oferecer, ao abordar com franqueza algo que pode ser assustador.
Achei se tratava de um livro de mitologia nunca poderia imaginar que Minotauro é um romance.
Tea com 3 pretendentes #Sortuda
Confesso que achei a premissa confusa e apesar de fã de Romance não sei se leria.
Sei lá, um dos primeiros livros que vejo onde um título parece se encaixar tão perfeitamente na mente do autor. E talvez no momento exato onde ele se põe a escrever esta história, bem fora dos padrões ditos normais.
Não conhecia o livro e confesso que não sei ao certo se gostaria de ler, mas estas viagens da mente humana me fascinam e muito e o enredo todo parece ser uma grande viagem do autor.
Se puder, quero sim poder conferir todo este labirinto de devaneios!
Beijo
Olá Carl!
Gostei mto de conhecer o livro.
Já tinha ouvido falar da escrita do autor, mas não conhecia tbm…
Gostaria de ler e conhecer o enredo melhor.
Bjs!
Oi Carl.
”Uma leitura densa, mas não para todos”, creio que não seja para mim mesmo. Romance? Quem diria hein. Enfim, gosto muito do gênero, mas não criei tanto interesse por este livro, mas quem sabe por outros do autor!
Olá! Não conhecia o livro, mas gostei do enredo e de como toda a trama se desenvolve, além disso, fiquei curiosa com essas páginas finais, o que será que acontece de tão chocante?! Apesar de escrito há um tempo, a história reflete mesmo acontecimentos atuais o que torna tudo ainda mais interessante.
Curioso como o o título de um livro nos faz pensar em uma história completamente diferente. Amei.
Oi, Carl!!
O livro parece ser marcado por partes reais e de profunda obsessão que beira a paranóia do personagem. Dar para notar que a Tea tenta seguir em frete com a sua vida mas o Alexander continua insistindo em um relacionamento que podemos dizer que nem começou.
Bjos
É uma história bem diferente e curiosa do que estou acostumada a ler,
mas confesso que não me chamou muito a atenção, achei esse “romance” bem estranho, e parece ter aquela pegada mais filosófica, que nunca entendo kkkkk
bjss
Fiquei impressionada com a paranoia e a Extrema obsessão da personagem principal Mas devo dizer que com esse título Eu achei que o livro fosse tratar a respeito do verdadeiro conto do Minotauro e abordar algumas outras questões mitológicas mas eu acho que acabei de jogar no livro não só pela capa como também pelo título