Imagine que um dia, todas as suas coisas são confiscadas pelo governo, inclusive sua roupa, sua casa, seu dinheiro, enfim tudo. Imagine que você é levado para um bairro rodeado por muros, onde existe hora de acordar e de dormir, sem luz, sem água e com comida escassa. Imagine que você precisa usar uma estrela na roupa para diferenciar você das outras pessoas. Ruim, não é? Agora, imagine que um dia você e sua família são arrancados desse bairro, levados para um trem com milhares de outras pessoas. Imagine que vocês chegam em um local no meio do inverno, sem roupas de frio, recebem a tatuagem de um número na pele e passam a dormir em camas de madeira no meio de centenas outras dentro de um galpão. Agora, imagine que sua família é levada para um outro galpão, de onde sai uma constante fumaça cinza, e você descobre que nesse local, eles serão queimados vivos. Imagine que você irá a seguir.

Seis milhões de pessoas passaram por essas situações e morreram. De forma mais clara: mais de quinhentas mil crianças, mais de dois milhões de mulheres, mais de três milhões de homens. Apenas em Auschwitz, morreram quase dois milhões de pessoas nas câmeras de extermínio. Sim, é terrível, inimaginável, mas é necessário ter consciência desses números. É necessário lembrar sempre e contar para as gerações futuras, para as pessoas nunca esquecerem dessa barbárie.

Parte da história de SONATA EM AUSCHWITZ se passa nessa época. Amália, a personagem principal, uma jovem portuguesa, viaja para a Alemanha e para o Brasil em busca de uma resposta sobre quem era seu avô e sobre o passado misterioso de sua família. Ela é determinada, persistente e curiosa. Isso faz com que ela descubra uma história de compaixão, sacrifício, amor e morte.

Os capítulos são alternados entre o passado e o presente, entre uma narrativa em primeira pessoa e uma narrativa em terceira pessoa. O leitor passa a viajar por lembranças e por fatos recentes, juntando as pistas, descobrindo, junto com Amália, o que realmente aconteceu para que um bebê judeu conseguisse sobreviver e escapar de Auschwitz, como um oficial nazista participou dessa fuga, quem eram os pais da criança e qual a ligação dela com todos eles.

A autora não poupa o leitor de detalhes de como foi a confinação no campo de extermínio, nem do que aconteceu até os personagens chegarem a esse fim de vida. Ela também coloca reflexões, sentimentos, frases que demonstram o quanto tudo isso afetou as pessoas que conseguiram sobreviver, mesmo depois de tantas décadas. A conversa que Amália tem com uma outra personagem é impregnada de emoção e dor, mas também de esperança e reconhecimento.

Uma das características que mais gostei da obra, são os fatos verídicos misturados com os ficcionais; das personalidades que realmente existiram, com os personagens criados pela autora. Inclusive, a sonata que o oficial nazista compõe para a criança, o leitor pode ouvir no site da autora (clique aqui para acessar), onde também existem várias outras curiosidades.

As últimas páginas de SONATA EM AUSCHWITZ transmitem o quanto a realidade pode ser dura, mesmo quando adornada pela ficção. Nelas, também encontramos a Árvore Genealógica das famílias dos personagens, mas recomendo que você não as veja antes do fim do livro, porque contém informações que irão estragar algumas surpresas. Então, não seja curioso.

Ah, e temos uma ENTREVISTA EXCLUSIVA com a autora, so clicar aqui para ler 😉


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Luize VALENTE, nascida no Rio de Janeiro, de ascendência portuguesa e alemã, é escritora e documentarista. Formada em Jornalismo, pós-graduada em Literatura Brasileira pela PUC/RJ, sempre foi apaixonada por História, com especial fascínio por temas ligados ao Judaísmo e aos refugiados em tempos de guerra. Autora dos romances históricos SONATA EM AUSCHWITZ (2017), UMA PRAÇA EM ANTUÉRPIA (2015) e O SEGREDO DO ORATÓRIO (2012), todos publicados pela Editora Record.
EDITORA: Record
PUBLICAÇÃO: 2017
PÁGINAS: 378


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