Os Garrett são tudo que os Reed não são. Barulhentos, caóticos e afetuosos. São de verdade. E, todos os dias, de seu cantinho no telhado, Samantha sonha ser uma deles, ser da família. Até que, numa noite de verão, Jase Garrett vai até lá e… Quanto mais os adolescentes se aproximam, mais real esse amor genuíno vai se tornando. Contudo, precisam aprender a lidar com as estranhezas e maravilhas do primeiro amor.

A família de Jase acolhe Samantha, apesar dela ter que esconder o namorado da própria mãe. Até que algo terrível acontece, o mundo de Samantha desmorona e ela é repentinamente forçada a tomar uma decisão quase impossível, porém definitiva. A qual família recorrer? Ou, quem sabe, Sam já é madura o bastante para assumir suas próprias escolhas? Será que está pronta para abraçar a vida e encarar desafios? Quem você estaria disposto a sacrificar pela coisa certa a se fazer? O que você estaria disposto a sacrificar pela verdade?

Eu não estava planejando ler um romance nos próximos meses, mas o título “Minha vida mora ao lado” me chamou a atenção por parecer tão intenso. É raro encontrar um sentimento tão forte que justifique chamar alguém de “sua vida”. Hoje em dia, as palavras perderam um pouco do seu peso, usadas de forma tão constante e, muitas vezes, sem muito significado. É comum sair uma vez com alguém e já ouvir (ou dizer) “eu te amo”. Mas, pra mim, amor é algo profundo, que não deve ser dito de qualquer jeito, sem pensar. O que vi na história de Samantha e Jase, mesmo contada de um jeito mais reservado, principalmente nas cenas mais íntimas, se aproxima bastante da ideia que eu tenho de amor.

A mãe de Sam é solteira e está começando a crescer na carreira política. O relacionamento entre as duas é mais frio, cheio de regras rígidas e marcado por uma certa falsidade que a profissão da mãe acaba exigindo. Para piorar, a mãe de Sam começou a namorar um homem mais jovem, mas muito mais cínico e ambicioso do que ela, alguém que faz de tudo para alcançar o que quer, sem se importar muito com os meios que usa.

Jase é filho do dono de uma loja de materiais de construção e faz parte de uma família grande, barulhenta e um pouco bagunceira, mas que é cheia de amor e bons valores. Ele é vizinho de Sam desde que eram crianças, mas os dois nunca conversaram. Isso porque a mãe de Sam não suporta a família dele, justamente por representar toda aquela desorganização que ela não tolera.

Mesmo sem poder se envolver na vida dos vizinhos, Sam sempre subia no telhado de casa à noite para observar a família de Jase. Isso durou até o dia em que, por acidente, ela acabou cara a cara com ele, um dos filhos mais novos. A conexão entre os dois foi imediata, e os diálogos que surgiram depois foram tão naturais, como só a vida simples e real de cada um deles poderia proporcionar.

O que faz o livro se destacar é justamente a forma como ele acerta ao mostrar a conexão entre os dois jovens, que vêm de mundos tão diferentes. Mas, por um bom tempo, a história parece ficar presa nesse ponto, sem avançar muito, o que pode dar a impressão de que nada de importante vai acontecer.

Além da sensação de que a história não avança até pouco depois da metade do livro, outro problema é a presença constante de Tim, o irmão da melhor amiga de Sam. Ele é um personagem chato, antipático e quase insuportável, que só parece estar ali para irritar. Chega a ser difícil entender por que ele existe, já que não acrescenta nada à trama, a não ser incomodar quem está lendo.

Como eu já comentei, tudo muda depois da metade do livro. A história ganha ritmo, e a autora consegue fazer de Sam e Jase um casal que a gente acredita, pela certeza do que sentem um pelo outro. Dá para ver claramente o amadurecimento de Sam e a sua luta para se libertar da influência da mãe, transformando-a de uma adolescente em uma mulher. E o mais surpreendente: a autora consegue dar uma reviravolta no Tim, aquele personagem tão irritante. Ele finalmente mostra sua verdadeira importância, tem um papel crucial na felicidade de Sam e Jase e acaba se tornando a melhor surpresa do livro.

Isso é algo impressionante para uma autora que está começando. No momento mais importante da história, ela consegue apagar todas as más impressões que ficaram antes e deixa aquele gostinho de “quero mais” na cabeça do leitor. Por isso, não me arrependo de ter mudado de ideia e lido mais um romance. Na verdade, não foi só mais um romance. Foi a história de Sam e Jase, com uma participação incrível do Tim. 😉

Observação: Li “Minha vida mora ao lado” em 2015, há quase 10 anos, e escrevi esta resenha na mesma época. O texto estava guardado no meu blog antigo e decidi compartilhar novamente porque o livro vale muito a pena. Ainda dá para encontrar exemplares para comprar.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Huntley Fitzpatrick
TRADUÇÃO: Carolina Selvatici
EDITORA: Valentina
PUBLICAÇÃO: 2015
PÁGINAS: 315
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