A primeira garota a desaparecer tinha 22 anos de idade. Sete dias depois, ela foi encontrada morta, com sinais de violência, envenenada com sementes de mamona. Depois dela, outra garota teve o mesmo destino, só que ela tinha 21 anos de idade. E depois outra, com 20 anos de idade. E assim por diante, até a última garota, de 12 anos, quando acontece algo e o Assassino da Contagem Regressiva, como ficou conhecido, é dado como morto.

Essas mortes aconteceram há 20 anos. No presente, Elle Castillo tem um podcast popular, onde ela fala sobre diversos crimes. Entrevista pessoas envolvidas ou vítimas ou os detetives que cuidaram de cada caso. Entretanto, aquele que mais lhe desperta curiosidade, é o mistério em volta do Assassino da Contagem Regressiva. Certa noite, Elle recebe o telefone de um homem desconhecido que afirma conhecer a verdadeira identidade do assassino e combina um encontro. Mas quando Elle chega no local, o homem está morto.

Elle conta à polícia como chegou ao local e demais detalhes. Após o depoimento, a detetive responsável convida Elle para ajudar no desaparecimento de uma criança. A mãe da menina, na verdade, pediu para que Elle fosse chamada, por causa de sua fama de investigar crimes através de seu podcast. A menina tem 11 anos de idade e a forma como desaparece, lembra Elle do serial killer do passado. Ainda mais que essa seria a sequência de idade a que ele retornaria. Entretanto, a polícia não acredita que o sequestro possa estar relacionado, ainda mais após 20 anos. Isso até que a filha de uma amiga de Elle, de 10 anos, também desaparece.

GAROTA 11 é um suspense, um thriller, bem eficiente. A narrativa se divide em capítulos de prosa e outros que são a transcrição dos podcasts de Elle. Introdução, música, as participações dos entrevistados, as narrações de Elle sobre os eventos, e assim por diante. Também acontece de forma não linear. Em partes, acompanhamos parte do passado, e em outras, o que acontece no presente.

Elle é aquela personagem comum de livros e filmes do gênero. Ela é muito inteligente, ao mesmo tempo em que toma decisões muito burras. Como por exemplo, logo no início do livro, quando decide se encontrar, sozinha, com um desconhecido que afirma conhecer a identidade do serial killer. Qualquer pessoa sensata, levaria consigo uma outra pessoa, como o marido de Elle, ou mesmo pediria ajuda para a polícia, ainda mais que Elle tem detetives conhecidos.

Tirando esse clichê, que por vezes é usado para criar aquele suspense, se bem que acho que tem formas mais inteligentes de fazer isso, a trama é bastante interessante e causa uma grande expectativa, principalmente quando a menina amiga de Elle é sequestrada. Se as personagens anteriores eram apenas presas para o criminoso, a última garota já é conhecida do leitor e, por isso, o interesse em vê-la salva é maior.

Não existe uma reviravolta no clímax de GAROTA 11, e o objetivo nem é esse, uma vez que a corrida é mais para conseguir salvar a garota e prender o criminoso, ao invés de desvendar sua identidade. Aliás, na metade da história, a autora separa alguns capítulos para descrever o passado do criminoso e de como ele se tornou um serial killer. Nota-se, felizmente, que não é uma tentativa de justificar seu comportamento sociopata, mas sim para demonstrar como pessoas, aparentemente normais, podem esconder uma total psicopatia e como ele é totalmente fora de qualquer salvação.

GAROTA 11 é bastante eficiente no que se propõe e consegue deixar no leitor aquela vontade de que se torne uma série. O fato de Elle ter um podcast voltado para desvendar crimes não solucionados, abre uma gigantesca porta para que isso aconteça. Leitura mais do que recomendada para quem é fã do gênero.


AUTORA: Amy Suiter CLARKE
TRADUÇÃO: Helen PANDOLFI
EDITORA: Suma
PUBLICAÇÃO: 2021
PÁGINAS: 304


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