Se tem um gênero que me agrada, esse gênero é fantasia infanto-juvenil. Sabem esses livros protagonizados por crianças que misturam realidade com elementos fantásticos? É o tipo de livro que tem entrado para a minha lista de favoritos facilmente.

Geralmente, esses livros possuem uma premissa relativamente simples e uma atmosfera mágica e encantadora. O PÁSSARO NOTURNO se encaixa bem nessa categoria. Ele começa, e tudo indica que vai ser uma história sobre crianças comuns, mas, pouco a pouco, a autora vai inserindo elementos fantásticos e, sem perceber, já estamos completamente envolvidos.

Twig, nossa protagonista, vive na pequena cidade de Sidwell, onde coisas estranhas acontecem, e a população já está relativamente acostumada com as particularidades da cidadezinha. Twig é extremamente solitária. Isso porque sua família guarda um segredo, e para evitar que esse segredo seja descoberto, eles se isolam.

A autora soube revelar os detalhes no tempo certo, fornecendo informações aos pouquinhos e de uma forma muito instigante. Aliado a uma narrativa em primeira pessoa super simples e fluída, o livro prende e ilustra bem aquela famosa frase que todo leitor já disse: “só mais um capítulo”.

O PÁSSARO NOTURNO lembra muito A GAROTA QUE BEBEU A LUA, ambos possuem um estilo narrativo muito semelhante, como se estivessem narrando uma lenda antiga. O estilo de magia encontrada na história é aquele tipo descomplicado e encantador, com feitiços e maldições.

Aqui temos aquele típico grupo de crianças unidas para desvendar um mistério. Particularmente, eu amo isso e nunca me canso, por mais inverossímil que possa ser. Quando se trata de livros infanto-juvenis, o segredo é entrar na história sem problematizar demais. Afinal, não deixa de ser um livro de fantasia.

Os desdobramentos não são muito surpreendentes. Na verdade, tudo é bem previsível, mas isso não estraga em nada a leitura. Afinal, o mais legal é acompanhar a evolução da história, mesmo que a gente já saiba quase tudo o que vai acontecer no final.

Todos os personagens são apaixonantes. É impossível não gostar de cada um e torcer por eles. Twig é toda insegura, e ver o desenvolvimento dela conforme ela ganha confiança é muito bom.

A autora demonstrou uma habilidade especial em construir cenários de maneira muito realista e bonita. A narrativa consegue fazer com que o leitor se sinta dentro do livro. Além de fornecer muitos detalhes sobre a cidade em si, ela não economizou descrições de cheiros, cores e texturas. O mundo que vemos nesse livro é vívido e quase salta das páginas.

Essa descrição minuciosa dos cenários me lembrou muito as descrições feitas por King em IT – A COISA, com a diferença de que em O PÁSSARO NOTURNO, essas descrições são mais suncintas, garantindo que o leitor não se canse.

O MORRO DOS VENTOS UIVANTES é citado várias vezes no livro, e eu adorei cada uma delas. Essa é uma história que consegue ser cheia de detalhes e o leitor se sente vivendo na cidadezinha, visitando a biblioteca, provando as tortas da mãe da Twig e caminhando pela floresta.

O livro tem cerca de 170 páginas e as letras são grandes, então a leitura é, realmente, muito fácil e rápida, mas sem ser rasa e sem ser simples demais. O PÁSSARO NOTURNO é de aquecer o coração. É um livro que vou levar para sempre comigo. A edição da Bertrand Brasil está impecável, além da capa ser lindíssima, com cores vibrantes e que combinam entre si, as páginas são bem grossas, dando ao livro uma qualidade bem acima do normal.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Alice HOFFMAN é nascida em Nova Iorque e criada em Long Island, formou-se na Universidade de Stanford. Seu primeiro emprego foi na editora Doubleday, que posteriormente publicou dois de seus romances. Autora do livro “Da Magia à Sedução”, que mais tarde se tornaria filme, Ela escreveu o roteiro do filme “Indepence Day”, de 1983, estrelado por Kathleen Quinlan e Dianne Wiest. Hoffman vive atualmente em Nova Iorque e Boston, com seu marido. Após o tratamento do câncer de mama no Hospital Mount Auburn, em Cambridge, ela ajudou a fundar o hospital do Centro Hoffman da mama
TRADUÇÃO: Ludimila HASHIMOTO
EDITORA: Bertrand
PUBLICAÇÃO: 2016
PÁGINAS: 176


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