Acostumada a limpar a casa dos outros, Millie mal consegue acreditar que agora esta casa realmente pertence a ela. A cozinha charmosa, a tranquila rua sem saída, o quintal enorme. Ela e o marido, Enzo, economizaram por muitos anos para poder dar aos dois filhos a vida que eles merecem.

Como nada é perfeito, assim que ela conhece a Sra. Lowell, sua nova vizinha, a mulher a deixa desconfortável com suas críticas disfarçadas de elogios e a intimidade forçada com que trata Enzo. Mas, ao receber um convite dela para jantar, Millie tem a oportunidade perfeita para desfazer a má impressão. Quando a empregada dos Lowells abre a porta, de avental branco e os cabelos presos num coque apertado, Millie está decidida a ser simpática, afinal, sabe exatamente como é estar nessa posição. Só que o olhar insistente dela lhe dá calafrios. E essa não é a única coisa esquisita no novo bairro.

Millie passa a ver uma figura sinistra sempre à espreita, observando sua família, e, para piorar, seu marido começa a fazer passeios noturnos misteriosos. Como se não bastasse, Janice, a outra vizinha do outro lado da rua, a adverte: “Se eu fosse você, tomaria cuidado com Suzette Lowell.” Será que comprar essa casa foi um erro? Millie acreditava que havia deixado seus segredos mais sombrios para trás, mas talvez esse bairro aprazível seja o lugar mais perigoso de todos.

Eu gosto muito dessa série de livros. Se você ler o que escrevi sobre os dois primeiros, “A empregada” e “O segredo da empregada“, vai ver que sou fã mesmo. Este terceiro livro, “A empregada está de olho“, é parecido com os outros. Tem muito mistério e muitas surpresas na história. Como nos livros anteriores, a maior surpresa acontece bem no final, na última página. Pode parecer que isso ficou previsível, mas não é bem assim. A gente sabe que vai ter surpresas, mas não sabe quem vai estar envolvido, quando vão acontecer ou o que são essas surpresas. E é isso que faz todos os livros serem tão bons, mesmo sabendo que vão ter reviravoltas, a gente não consegue adivinhar quais são.

A história deste livro começa algum tempo depois do final do segundo livro, assim como o segundo começou depois do primeiro. Agora a gente encontra Millie numa nova fase da vida. Ela está casada com Enzo, aquele italiano que a ajudou nos outros dois livros. Eles têm dois filhos: Nico, que tem 9 anos, e Ada, de 11 anos. A família comprou uma casa confortável num bairro normal de classe média.

Millie e Enzo estão fazendo muitos planos para o futuro. Parece que a vida deles está bem tranquila e organizada agora, bem diferente das aventuras e problemas que Millie enfrentou nos livros anteriores. Essa mudança na vida de Millie cria um novo cenário para a história, mas a gente já imagina que essa calmaria não vai durar muito tempo.

Millie e a família se mudaram para uma rua pequena e sem saída. Só tem três casas lá, formando um círculo. A vizinha da frente, Janice, é bem fofoqueira e enxerida. Ela fica o dia todo observando o que acontece na rua, principalmente o que se passa na casa ao lado de Millie, onde mora Suzette.

Suzette é bonita e atraente, mas também é superficial e arrogante. Vive criticando Millie por qualquer coisa. Mas com Enzo, Suzette age de outro jeito. Ela fala coisas que parecem indiretas, como se estivesse dando em cima dele. Essa situação cria um clima de tensão entre todos eles. Janice fica de olho em tudo, Suzette provoca problemas, e Millie fica no meio disso tudo, tentando lidar com essas personalidades tão diferentes e sem pensar que pode ser traída por Enzo com Suzette.

Quase metade de “O segredo da empregada” foca na relação entre esses vizinhos. A gente vê as indiretas de Suzette para Enzo ficando cada vez mais fortes. Ao mesmo tempo, acontecem algumas coisas com as crianças, Nico e Ada. No começo, esses eventos parecem não ter muita importância para a história principal. Mas quando a gente chega na segunda parte do livro, tudo muda. Aquelas coisas que aconteceram com as crianças, que pareciam só detalhes, acabam sendo a chave do verdadeiro mistério da história.

Em “A empregada está de olho“, Millie age diferente dos outros da série. Ela fica mais como alguém que só observa o que está acontecendo, em vez de agir. A história ainda é contada pelo ponto de vista dela, mas Millie não faz muita coisa. Ela passa a maior parte do tempo lidando com várias situações difíceis. Tem que aguentar ver Suzette dando em cima de Enzo e fica confusa com o jeito dele, que parece não se incomodar com as cantadas. Enzo diz que a ama, mas Millie não sabe se acredita.

Enquanto isso, Janice não para de fofocar, o que só piora tudo. Para completar, Millie enfrenta alguns problemas de saúde e ainda precisa lidar com as confusões que Ada e Nico estão criando, achando que é coisa da adolescência. Millie está cercada de problemas, mas não toma atitudes para resolvê-los. Ela fica mais reagindo ao que acontece do que fazendo as coisas acontecerem. É como se ela estivesse presa no meio de uma tempestade, tentando só se manter em pé enquanto tudo acontece ao seu redor.

A empregada está de olho” ainda possui dois outros personagens importantes. Primeiro tem a Martha, que trabalha como empregada na casa de Suzette. Ela é bem curiosa e acaba conseguindo um emprego de diarista na casa de Millie também. Mas o jeito dela é estranho, sempre agindo como se estivesse escondendo alguma coisa.

Do outro lado tem o Jonathan, marido de Suzette. Ele parece ser o oposto da esposa. É calmo, educado e se preocupa com todo mundo. Trata bem os vizinhos e é legal com as crianças. Parece ser uma pessoa muito boa. Mas tem algo que não bate certo. Como um cara tão legal assim aguenta viver com alguém difícil como Suzette? É como se tivesse muita coisa boa junta nele, quase bom demais para ser verdade.

A história vai ficando cada vez mais tensa até chegar na segunda parte do livro. É aí que acontece o crime que todo mundo estava esperando. De repente, tudo muda. A gente passa a ver a história de outro jeito, com outro personagem contando o que está acontecendo. Quando chega na terceira parte, tem outra grande surpresa. De novo, muda quem está contando a história e como a gente vê tudo que está acontecendo. E aí, bem na última página do livro, vem a surpresa final.

É esse jeito de contar a história que faz esses livros serem tão bons de ler. É pura diversão. Quem está lendo já fica esperando essas surpresas, tentando adivinhar quem vai morrer, quem é o assassino e quem armou tudo para se dar bem no final. A gente sabe que vai ter essas viradas na história, mas não sabe como vão ser. Isso faz a gente querer continuar lendo para descobrir o que vai acontecer. É como se fosse um jogo de adivinhação, mas com uma história cheia de suspense.

O jeito da Millie neste livro é bem diferente dos outros. Antes, ela era quem fazia as coisas acontecerem, até se vingava com as próprias mãos. Agora, ela fica mais parada, só observando. No começo, isso pode parecer estranho ou até deixar a gente um pouco decepcionado. Mas não se preocupe, tem um bom motivo para ela estar assim.

Desta vez, outra pessoa assume o papel de fazer justiça. E quando a gente descobre quem é, faz todo sentido. É uma das melhores surpresas do livro. O legal é que essa mudança abre um monte de possibilidades para novos livros da série, se a autora quiser escrever mais. É como se a história tivesse ganhado um novo fôlego. Então, mesmo que no começo você estranhe a Millie mais quietinha, vale a pena continuar lendo. O jeito como tudo se encaixa no final é muito bom.

No final, “A empregada está de olho” entrega o que promete: uma história cheia de surpresas, com personagens que a gente já conhece. A autora mudou um pouco a fórmula, deixando a Millie mais quieta, mas isso acabou sendo uma jogada esperta. O livro continua com aquele mistério que a gente gosta, cheio de reviravoltas que fazem a gente querer continuar lendo. Ela mostra que mesmo numa série com vários livros, ainda dá para trazer coisas novas e manter o leitor interessado do começo ao fim.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: Freida McFadden
TRADUÇÃO: Fernanda Abreu
EDITORA: Arqueiro
PUBLICAÇÃO: 2024
PÁGINAS: 336
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