Kayla enfrenta a perda repentina de seu marido. Em meio ao luto, ela começa a receber cartas enigmáticas de um remetente desconhecido, que se identifica como sendo um prisioneiro. À medida que as cartas se tornam mais frequentes e envolventes, Kayla se vê cada vez mais conectada a esse estranho misterioso. Conforme ela tenta descobrir a identidade do remetente, segredos sombrios começam a emergir, ameaçando abalar sua vida de maneiras que ela nunca imaginou.

Pen Pal“, que seria algo como “amigo por correspondência”, tem todas as características comuns de histórias de romance erótico, além de elementos de suspense e terror. Na parte romântica, a história é comum, sem nada muito diferente. Nos outros aspectos, o livro tenta fazer o leitor ficar ansioso ou com medo, mas não consegue muito bem.

A autora usa muitas explicações nos diálogos e nas descrições, deixa pouco para o leitor interpretar, o que é muito expositivo. Antes de momentos importantes ou revelações para Kayla, a personagem principal, há sempre descrições de eventos climáticos dramáticos ou sons misteriosos. Essa técnica, comum em filmes para criar sustos com barulhos inesperados, não funciona tão bem em livros. Ao tentar descrever esses momentos com palavras, o efeito acaba sendo fraco e até um pouco bobo. O uso excessivo desse recurso torna a história previsível e menos envolvente. Em vez de criar tensão, essas descrições acabam alertando o leitor sobre o que vai acontecer, diminuindo a surpresa e o impacto das revelações da trama.

Os personagens do livro são bem comuns para esse tipo de história. Aidan, por exemplo, segue um modelo muito usado: ele é forte, tem barba, tem tatuagens, parece durão, faz um sexo agressivo e passional. Tem um passado difícil que o deixou marcado, mas mesmo assim está sempre pronto para ajudar Kayla quando ela precisa. Ele é parecido com outros personagens de romances eróticos do tipo “bad boy”, com muita masculinidade e força, mas por dentro carrega problemas do passado que o deixaram traumatizado ou magoado.

Michael, o marido de Kayla, é o oposto de Aidan. Ele é um homem bem normal em tudo: aparência, roupas, trabalho e até na maneira como trata Kayla. Inclusive na vida íntima do casal, tudo é bem básico. Mas essa aparência comum esconde o lado ruim de Michael. Na verdade, ele é agressivo, abusa de Kayla e age de forma doentia. Michael se sente ameaçado por Aidan e faz coisas terríveis para não se sentir menos homem. O marido chato e sem graça que na verdade é uma pessoa horrível, em contraste com o heroi atraente e protetor.

Jake e Deb são os amigos de Aidan que ajudam a contar sua história para Kayla. Eles explicam o passado dele e avisam Kayla sobre os problemas que Aidan já enfrentou. Esse casal se preocupa que um novo amor possa machucar Aidan de novo. Eles mostram que, apesar de Aidan parecer forte por fora, por dentro ele ainda está sensível por causa de coisas ruins que aconteceram antes. Jake e Deb servem para mostrar que Aidan não é só um cara durão. Eles ajudam o leitor a ver que ele também tem um lado mais frágil, mesmo que não pareça à primeira vista.

Fiona, a diarista de Kayla, é uma personagem bem típica de histórias de terror. Ela sabe um pouco sobre coisas sobrenaturais e tem uma amiga médium. Fiona tenta ajudar Kayla a entender os eventos estranhos que acontecem na casa. Ela fala sobre espíritos que não conseguiram ir para o outro lado e precisam de ajuda. No livro, tem até uma cena de sessão espírita com todos os elementos comuns: vozes misteriosas, portas batendo sozinhas e coisas quebrando do nada. A autora usa todas essas ideias bem conhecidas de histórias de fantasmas, sem mudar quase nada. É como se ela estivesse seguindo um roteiro já pronto para esse tipo de cena.

Kayla é o centro da história. Tudo começa quando ela recebe uma carta de um homem desconhecido que está preso. Ele promete nunca deixá-la sozinha, o que já cria um clima de mistério. E ela não denuncia o homem às autoridades ou mesmo ignora a carta, ela faz o contrário. Kayla responde e começa a trocar confidências com esse desconhecido.

Como muitas personagens de romances eróticos, Kayla acabou de perder o marido. Mesmo dizendo que o amava, ela logo se sente atraída por um homem musculoso, Aidan. Ela resiste por um tempo, mas já fica pensando em ter algo com ele. A história não dá muito espaço para ela sentir culpa ou tristeza pela morte do marido.

Além disso, Kayla vive em uma casa onde acontecem coisas estranhas. Mesmo assustada, ela não vai embora. Em vez disso, fica achando que está ficando maluca. Essa é outra ideia muito usada em histórias de terror. Kayla é tanto a mulher que rapidamente se interessa por um novo homem quanto a que enfrenta eventos sobrenaturais em casa sem pensar que seria uma boa ideia ir embora.

O final de “Pen Pal” não surpreende muito, porque é fácil de adivinhar. Isso acontece principalmente se você já conhece outros livros ou filmes parecidos, como “Mentirosos“, “Tempo de partir“, “O sexto sentido“, “Os outros” ou “Ghost – do outro lado da vida“. A autora usa muitas ideias dessas obras, e ela fala sobre isso no final do livro, na parte de agradecimentos.

Mesmo com todas essas ideias já conhecidas, e agora vem a minha reviravolta, algumas dessas ideias possuem uma certa explicação e eu acabei gostando de “Pen Pal“. Não é um livro que vou lembrar por muito tempo ou que me surpreendeu. Na verdade, é bem parecido com muitos outros. Mas é por isso mesmo que ele é divertido. Eu me diverti lendo. Não fiquei entediado nem quis parar de ler. Pelo contrário. Mesmo sabendo o que ia acontecer, foi legal acompanhar o romance de Kayla e Aidan até eles descobrirem o que estava realmente acontecendo.

O livro tem muitas partes de sexo bem detalhadas, algumas com um toque de sadomasoquismo, e todas elas, todas mesmo, são bem comuns. “Pen Pal” não traz nada muito novo para quem já conhece esse tipo de história. Ele segue um caminho bem conhecido, misturando romance erótico com um pouco de mistério, mas não chega a emocionar ou assustar de verdade. Para quem gosta desse estilo de leitura, pode ser uma opção interessante, mas não espere grandes surpresas ou momentos de susto. Mesmo assim, eu me diverti muito lendo. No fim das contas, mesmo sendo uma história bem típica, “Pen Pal” conseguiu me entreter do começo ao fim.


AVALIAÇÃO:


AUTORA: J. T. Geissinger
TRADUÇÃO: Marcela Nalin Rossine
EDITORA: Arqueiro
PUBLICAÇÃO: 2024
PÁGINAS: 304
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